31 dezembro 2012

Anzol

Passagem de ano do calendário Gregoriano... detesto!

Gregório lembra vómito, Papa lembra papa, Igreja lembra Inquisição.

Calendário Gregoriano, mera convenção matemática em desarmonia com os solestícios e equinócios.

Passagem de ano, desculpa para o entorpecimento e a depravação.

Altura em que sinto com maior intensidade a miséria humana, uma noite em que se embebedam de falsas expectativas.

O que me resta? Participar nesta prática cultural estúpida com muita alegria, juntamente com aqueles que mais amo e relembrar a data aproximada do nascimento do meu irmão e mestre Jesus...

O Anzol

24 dezembro 2012

Pobres humanos...


"Ardemos de desejo de encontrar um terreno sólido para ultimar uma fundação segura onde construir uma torre que chegue ao Infinito. Mas todas as nossas infra-estruturas rebentam, e a Terra abre-se em abismos."

Blaise Pascal, 1623-1662; Pensamentos

15 dezembro 2012

Assassinato, pedofilia e mentira

Impressionante como ao longo dos séculos o advento do Cristianismo foi adulterado, profanado, usado pelas Igrejas para empobrecer os espíritos humanos e comandar as suas vontades.
E mito da virgem Maria? Que mentira tão perversa, abolir o acto sexual, acto sagrado entre um homem e uma mulher capaz que fazer vida, como se fosse uma coisa impura. E tantos séculos a banir a sexualidade e por isso, responsável pela perversidade nas mentes dos oprimidos.
A Igreja Católica é a Instituição mais hipócrita que conheço, um alongamento na história de poder e manipulação do Império Romano.
Oh, Cristo, meu Jesus, salvador das almas, o “Satanás” possuiu e usou a Igreja como instrumento para boicotar a tua mensagem, o instrumento das trevas, do "pecado" e do medo.
Jesus, meu irmão, revolucionário do Ocidente, Buda do Amor, homem de carne e osso, filho de Maria, mulher que te concebeu através do acto sexual, marido de Madalena, mulher rica e independente que deu à luz filhos teus, de que vale a tua doutrina?

Mais um ano a comemorar o teu nascimento, e todos tão longe de ti...

Drogados da lei e drogados fora da lei...todos iguais, dopados!

Quais são as “indústrias” mais poderosas e proveitosas do mundo?
As indústrias das drogas legais e ilegais, claro.
São tudo grandes negócios, maiores do que os negócios da China. E grande maioria dos povos são consumidores de drogas. Especialmente os povos das ditas sociedades desenvolvidas.

Conheço pouquíssimas pessoas que não se drogam, uma ou duas. Se não são anti-depressivos, é a cocaína, se não são pílulas para dormir é o álcool, se não são moderadores de apetite e anfetaminas é a canabis transgénica, se não é haxixe de Marraquexe é o MDMA.

E vai mais uma pílula, mais um copo, mais uma dose, mais um bafo para aliviar a dor?

14 dezembro 2012

Diálogo entre a Enamorada e o Amor

 
- Já não te disse para ires embora?
- Sim.
- Então porque insistes em ficar?
- Porque é aqui que tenho que estar – diz o Amor.
- Mas eu não te quero aqui.
- O teu querer de nada vale.
- De nada vale!? Eu sou dona do meu coração.
- Isso é o que a tua mente pensa, mas o teu coração só obedece ao amor.
- Que rico amor, de que me vale se não o posso viver na partilha?
- Problema teu, eu daqui não saio.
- Olha lá, se eu não o escolhi quem escolheu por mim?
- Ninguém, é assim que tem que ser.
- Só podes estar a gozar comigo, isso é insano!
- Insano é estar sempre a pensar em vez de observar, insano é fazer guerra entre o pensamento e o sentimento. Enquanto lutares contra mim, viverás num tormento, porque não me deixas ficar?
- Já te disse porquê, não te posso partilhar, por isso é inútil ficares.
- Nunca sou inútil, tu é que não sabes como usar-me. Ou ainda pensas que estou aqui só porque tens um objecto em que possas projectar-me?
- Mas eu já não quero projectar-te naquele objecto.
- Se realmente não o quisesses, não estarias sempre a pensar que já não o queres, e enquanto o fazes a tua mente julga que a origem desse amor é ele, esse objecto que andas a negar.
- Estou farta das tuas filosofias, não quero continuar a sentir este amor.
- Infelizmente ainda vives no mundo da ilusão e continuas a acreditar exclusivamente naquilo que a tua mente te diz.
- Talvez me falte inteligência suficiente para perceber o que me tentas explicar, desculpa, mas não percebo nada, para mim parece loucura.
- Então desiste de lutar contra mim, deixa-me ficar que aqui estou bem e é onde devo estar.
- Se ficas, vou acabar por enlouquecer.
- Louca já tu és por me quereres aniquilar. Ficarei até que percebas que é aqui que tenho de estar. E quando perceberes saberás que não me podes mandar embora porque eu faço parte de ti.

Quem quer ser feliz?

"E ao atribuir a outra pessoa a responsabilidade pela sua infelicidade, você não se apercebe de que, ao renunciar à responsabilidade, está também a renunciar à liberdade. A responsabilidade e a liberdade são duas faces da mesma moeda."

Osho

13 dezembro 2012

Sobre a mente que mente

"Tudo o que ameaçava o homem das cavernas, perigos, trevas, fome, sede, fantasmas, demónios, tudo passou para o interior das nossas almas, tudo nos inquieta, nos angustia, nos ameaça por dentro."

Edgar Morin, Método V

07 dezembro 2012

“To be or not to be”

Ser é não ser, porque o que é são os átomos, e eu, um sistema composto por átomos em movimento, não sou, vou existindo. E o eterno resultado é um existir inacabado e a manisfestar-me na ilusão que é a vida construída pela mente que mente.

Só a consciência, que não é composta por átomos me poderia salvar deste existir sem nada saber e nada ser.

Mas se a minha mente é tão barulhenta e inventiva como um bando de crianças excitadas com as suas brincadeiras, como chego até ti consciência?

04 dezembro 2012

Cebola ou iceberg?

Pensas que me conheces?

Se volta e meia descubro algo de novo em mim, se tantas vezes me surpreendo com as minhas acções em determinadas circunstâncias, se me transformo para alcançar um novo objectivo ou realizar um ideal, se passo a conhecer coisas que não conhecia, se experimento emoções que nunca antes sentira, se aguento a pressão que julgava nunca conseguir aguentar, então, é porque ainda não me conheço totalmente.
E se ainda não me conheço assim tão bem, como podes tu saber quem sou?
E o que fui a teu lado foi uma ínfima parte de mim, longe daquilo que sei que sou mais aquilo que não sei que sou.
O que sou, para ti, não passa da tua criação.

Só não há sombra quando não há sol

Porque os humanos usam perfumes?
Porque cheiram mal.
 
Porque se enfeitam?
Porque se acham feios.
 
Porque buscam o sucesso e o reconhecimento?
Porque se sentem sós e fracos.
 
Porque os humanos se drogam?
Para esquecer que são humanos.

03 dezembro 2012

Animais viajantes na nave musical do tempo


O meu primo, 6 anos mais novo que eu, era um puto de bom coração, um betinho que estudava num colégio inglês muito reputado, mas com pouca “maturidade” musical. O melhor que ouvia era o Brian Adams, os Waterboys e os James. Nunca mais me esqueço quando acabo de chegar do Brasil e ele leva-me a um concerto dos Delfins, memória dolorosa...

Enfim, tinha que fazer algo, até porque passara a partilhar o sótão e o gira discos com ele.

No primeiro Natal juntos, quando tinha acabado de completar os seus 15 anos, ofereci-lhe o álbum “Animals” dos Pink Floyd, a banda que ouvia desde os tempos que dançava na barriga da minha mãe e minimamente reputada para melhor influenciar o rapaz. A banda ele conhecia, como qualquer bom rapaz que se preze, mas o álbum não.

Deu-se então uma coisa mágica ou um feitiço, o certo é que ele, sempre que acordava e quando chegava das aulas até ir dormir, colocava o álbum on repeat. Cheguei a ir desligar o aparelho com ele já adormecido.
Foram 2 anos a ouvir os “Animals” quase todos os dias.

Ainda tenho o tal albúm em vinil que herdei quando deixou as terras lusas, mas fiquei anos sem o voltar a ouvir até há dias.

E então?
Viagens no tempo...
E o meu primo continua um bom rapaz.
 

01 dezembro 2012

Coisas boas de Portugal - Eu

Nos últimos tempos tenho andado com maior preocupação do que é costume em relação ao país onde nasci. Mas apanhei-me, com surpresa, a pensar o contrário do que tenho vindo a pensar nos últimos tempos. O que me atormentava era a questão: O que posso fazer pelo meu país? Como posso contribuir e torna-lo num lugar melhor e mais justo? E fiz coisas nesse sentido, mas a sensação era de que nada tinha conseguido melhorar. Mas agora a perspectiva é diferente, afinal estou a fazer pelo meu país ao dar o melhor de mim quando trabalho, ao encaminhar os meus filhos pelos caminhos da virtude, ao ser um cidadão honesto, alerta, participativo, solidário, empreendedor e de espírito independente, por nunca ter tido um cartão de crédito, por gostar de partilhar o meu optimismo e a minha alegria mas, principalmente, por ser feliz.

 
Então já não estou a contribuir para o melhoramento do meu país?

26 novembro 2012

Fast or far?


“If you want to go fast, go alone. If you want to go far, go together...”

 African proverb

Every day is the right day II

Muitos defendem que o passado já passou e por isso já não importa, o futuro não chegou, por isso não interessa e que o que vale é o presente, o agora.

Esta abordagem da nossa passagem pelo tempo é um tanto redutora, para não dizer nociva, primeiro porque é impossível definir as fronteiras entre o passado, o presente e o futuro, mas principalmente, porque o presente é-o também com história e memória, sendo o passado fundamental para o processo de aprendizagem e componente concreta daquilo que somos hoje.
Por sua vez, o futuro, embora não chegado, convém ser integrado na construção do nosso eu, como componente de criatividade, visão e esperança na concretização de um ideal. A racionalidade planeia e a emoção aspira e por isso, no presente se vai construindo também o futuro, porque o futuro é aquela altura que irá chegar e portanto, temos que investir hoje para amanhã estarmos onde gostaríamos de estar e, de preferência, bem.

Para mim, viver no presente é vivênciar cada instante como se fosse o melhor ou, no mínimo, sentido e refletido, porque só assim, será a melhor vida que poderei viver.

23 novembro 2012

Please wake me

Cymbeline

Pink Floyd

Sem cérebro nem coração

“Quando nasceu, a geração a que pertenço encontrou o mundo desprovido de apoios para quem tivesse cérebro, e ao mesmo tempo coração. O trabalho destrutivo das gerações anteriores fizera que o mundo, para o qual nascemos, não tivesse segurança que nos dar na ordem religiosa, esteio que nos dar na ordem moral, tranquilidade que nos dar na ordem política. Nascemos já em plena angústia metafísica, em plena angústia moral, em pleno desassossego político. Ébrias das fórmulas externas, dos meros processos da razão e da ciência, as gerações que nos precederam aluíram todos os fundamentos da fé cristã, porque a sua crítica bíblica, subindo de crítica dos textos a crítica mitológica, reduziu os evangelhos e a anterior hierografia dos judeus a um amontoado incerto de mitos, de legendas e de mera literatura; e a sua crítica científica gradualmente apontou os erros, as ingenuidades selvagens da «ciência» primitiva dos evangelhos; ao mesmo tempo, a liberdade de discussão, que pôs em praça todos os problemas metafísicos, arrastou com eles os problemas religiosos onde fossem da metafísica. Ébria de uma coisa incerta, a que chamaram «positividade», essas gerações criticaram toda a moral, esquadrinharam todas as regras de viver, e de tal choque de doutrinas só ficou a certeza de nenhuma, e a dor de não haver essa certeza. Uma sociedade assim indisciplinada nos seus fundamentos culturais não podia, evidentemente, ser senão vítima, na política, dessa indisciplina; e assim foi que acordámos para um mundo ávido de novidades sociais, e com alegria ia à conquista de uma liberdade que não sabia o que era, de um progresso que nunca definira.

Mas o criticismo frustre dos nossos pais, se nos legou a impossibilidade de ser cristão, não nos legou o contentamento com que a tivéssemos; se nos legou a descrença nas fórmulas morais estabelecidas, não nos legou a indiferença à moral e às regras de viver humanamente; se deixou incerto o problema político, não deixou indiferente o nosso espírito a como esse problema se resolvesse. Nossos pais destruíram contentemente, porque viviam numa época que tinha ainda reflexos da solidez do passado. Era aquilo mesmo que eles destruíam que dava força à sociedade para que pudessem destruir sem sentir o edifício rachar-se. Nós herdámos a destruição e os seus resultados.

Na vida de hoje, o mundo só pertence aos estúpidos, aos insensíveis e aos agitados. O direito a viver e a triunfar conquista-se hoje quase pelos mesmos processos por que se conquista o internamento num manicómio: a incapacidade de pensar, a amoralidade, e a hiper-excitação.”

 
Fernando Pessoa - O Livro do Desassossego

21 novembro 2012

Bananas!

Os indignados acham que são injustiçados, umas vítimas do sistema (que eles alimentam) e que vivem numa grande crise? Queria vê-los nos anos 60 a viver com uma ditadura às costas, na eminência de serem chamados para as guerras do ultramar, a acordar com o galo nas manhãs de Inverno sem aquecimento, nem água quente canalizada e pegar na enxada com as mãos calejadas para cavar a terra cheia de geada e ao final do dia ter para comer uma sopa de couves, batatas e feijão e uma fatia de broa com uma sardinha miúda, à luz dum candeeiro a querosene.

Naquela altura pouco se podia fazer, mas agora? Tantas alternativas... tantas comodidades... e o melhor que sabem fazer é ir para a rua mostrar a sua indignação?

Que pena! As bananas são moles, mas costumam ser saborosas...

19 novembro 2012

Flores, sexo e comida

No dia Internacional da Mulher, os homens costumam oferecer-lhes flores e um jantar especial na expectativa de receber uma feminina exibição erótica.
No dia Internacional do Homem não sei o que é costume, mas acredito que eles ficariam muito felizes com uma bela noite de aventuras libidinosas, seguida de uma ceia. E as flores que se lixem!

16 novembro 2012

Ai se eu tivesse um cavalo!

Clones de vivências não vividas. Sacadas por entre sombras. Resolutos estão. Por aí vagam os impunes. Mas nós, que sentimos com a cabeça, ai como doi. A intensidade deste viver mergulhado num molho de subjectividades condicionadas às paredes das prisões dos conceitos perversos e redutores.

Um pântano de resultados de impulsos de morte onde reinam os senhores do medo e do pecado.

Conjuntura, estrutura, reestruturação, fundação, refundação...

Prisioneiros, todos.

15 novembro 2012

Coelho! Não troques os passos!

Incomoda-me quando tenho razão sobre coisas más, eu que busco praticar a virtude preferia ter razão em relação a coisas boas.

Neste caso, recordo-me do dia em que o ainda candidato a Primeiro-Ministro, e depois de ter convocando novas eleições, apareceu no ecrã com a sua cara de sonso e a sua doce mulher ao lado. Deu-me um aperto terrível no estômago. Pensei - que erro estratégico brutal! Um homem com capacidade para se tornar num bom líder e antecipa o seu destino, que pena, que desperdício!

Foi ingénuo, pois claro está, deveria ter esperado que a Troika viesse negociar a dívida com os outros que a criaram.

E agora, que é de ti, homem! Quais as alternativas que te restam?

A meu ver tens dois caminhos, ou pegas em toda a coragem e força de vontade, que tens em potencial na tua essência, e desmantelas as redes dos compadrios e fechas as torneiras aos que usurpam o erário público, reestruturas o plano fiscal, laboral e económico, transferes sensatamente o estado social para os privados e comunidade civil, crias um plano nacional de investimento nos tesouros de Portugal (cérebros, agricultura, pescas, turismo e cultura) e estabeleces parcerias estratégicas (não vender os nossos recursos) com os países amigos (Brasil, Angola e China), ou pegas na tua pasta de Ministro e vais à tua vida, porque assim como estás, não podes continuar. Não há homem que aguente! Diz ao teu povo  que estás rodeado de homens, uns medíocres, outros gananciosos e outros que tantos com medo e que sozinho,  não tens capacidade para gerir este país.
 
Não te quero ver na travessa como coelho à caçador!
 

14 novembro 2012

Coisas boas de Portugal - 50 anos de grinaldas sonoras



"Caro Phil Mendrix,

Não tenho por hábito sequenciar e publicar palavras, nem tão pouco sou hábil no seu uso, no entanto achei por bem dedicar-te algumas.

Para grande satisfação minha, já tive a oportunidade e o previlégio de te acompanhar à bateria algumas vezes e gostava de te dar uma dose dupla de parabéns; pela cronologia do teu nascimento e sobretudo pela comemoração do teu quinquagésimo aniversário como músico de carreira. Gostei muito do espéctáculo no Ritz Club (nunca lá tinha estado) , da diversidade e da qualidade musical, do entertenimento, do burlesco, e da intervenção das palavras do Fernando Girão. Julgo que quem realmente ama este país e esta gente, entende perfeitamente o vernáculo das palavras que ele proferiu.
...

Fiquei fascinado ao ver a generosidade de um jovem como tu a tocar várias horas, quase que incessantemente. Só pode ser por amor à arte! As pessoas deste país que amam o que fazem e que realmente contribuem aos mais diversos niveis para o enriquecimento do mesmo, devem de ser exaltadas e bem tratadas e nós não somos muito bons nisso, daí também a razão da minha homenagem. Não conheço bem o teu percurso, mas julgo seres um daqueles que preza a coerência e faz falta gente coerente no seio desta amálgama indiferenciada cujos valores remetem para uma espécie de prostituição.

Bem hajas e que venham daí muitos anos de boa música a que já nos habituaste.

Parabéns!

Um abraço!"
 
José Seixo
 
Retirado do Facebook

12 novembro 2012

Lógica da batata

Se os portugueses trabalham mais horas que os alemães e alcançam menos resultados, logo, os portugueses não são tão eficientes como os alemães.

11 novembro 2012

Sobre os Sebastianistas


Meu Deus, minha Nossa Senhora de Fátima, meus Santo António e Santa Isabel, meus anjos, meus amigos sapientes, o que se passa com Portugal?

Será que Fernando Pessoa se enganou?

Ofuscação

"You remind me of you
when you shot through
and broke my window glass
it happened so fast
I have to confess
I was impressed, I was impressed
despite all the mess and the broken glass
I was impressed"

Andrew Bird

09 novembro 2012

"E o futuro não é mais como era antigamente"

"Eu quis o perigo e até sangrei sozinho
Entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do iní­cio ao fim.
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi."

Renato Russo

30 outubro 2012

Será verdade!?

"If you hate a person, you hate something in him that is part of yourself. What isn’t part of ourselves doesn’t disturb us."

Hermann Hesse

26 outubro 2012

Every day is the right day


A faca corta, o fogo queima, o vento voa, a água escorre, a terra segura.
Qual é pior, qual é melhor? Nenhum.
Cada qual tem a sua natureza.
E todos fazem parte de tudo, e tudo sou eu e tu, também nós.
A terra que voa, os minerais em brasa, as cinzas fertilizantes, água que sobe em vapor, o vento que levanta vacas, tu e eu, também nós.
E mistura-se.

20 outubro 2012

Gosto tanto!

"There is no key to my gate
But you can still come around
Lean your ladder against my window
And I'll come down
I'll come down."

Twin Shadows

18 outubro 2012

"Heart and Soul"

"Existence well what does it matter?
I exist on the best terms I can.
The past is now part of my future,
The present is well out of hand.
The present is well out of hand.

Heart and soul, one will burn.
Heart and soul, one will burn.
One will burn, one will burn."

Joy Division

Fígado aos saltos!

Certamente que um primeiro-ministro deve ter cuidado com o que diz sobre o povo que governa, mas, sinceramente, o homem tem razão, grande generalidade do povo português saiu-se cá um piegas!

Notícia no jornal nacional, “23 recém licenciados em enfermagem vão trabalhar para Inglaterra”, de idades entre 21 e 23 anos, portanto. 5 minutos de imagens com os pobres jovens a chorar nos braços dos pais, irmãos e amigos. Até parece que íam para uma guerra. Fossem eles para um campo de refugiados em África comer pó, fugir aos mosquitos da malária e sem internet para aceder ao Facebook. Francamente!!! Então não pode ser bom ter uma experiência profissional internacional?

É precisamente esta merda que me irrita nestas gentes, esta falta de contentamento pelas novas oportunidades que podem surgir das adversidades. A falta de abertura, a tacanhez da mente, o atrofiamento da comunicação social, a república da pieguice, rrrrrrrrr.

Enfim...não sei mais o que dizer...

...acabam de explodir duas borbulhas no meu queixo, f***! Bem feito, quem te manda dar atenção a essa gente?

17 outubro 2012

Sem beira nem eira

Embora não haja total controlo sobre a nossa vida, porque ela está condicionada por diversos factores (internos e externos), temos a oportunidade, uns mais, outros menos, de desenhar o nosso caminho, de transformar os sonhos em realidade, de moldar o nosso destino. E eu ia tão bem, e mesmo com momentos maus, fiz o que gostaria de ter feito, conquistei quase tudo o que havia idealizado, galgei montanhas, sangrei, mas sempre com um rumo definido e com o peito cheio de satisfação.

Mas, por obra de sei lá do quê, algo veio perturbar o meu percurso, algo que fugiu ao controlo, algo inesperado, quiçá aquilo que me faltava vivenciar. E tudo foi abaixo, 38 anos de trabalho realizado com determinação deitados por terra. E a minha ingenuidade e inexperiência em matéria de mistérios do amor, aquela coisa mágica que a minha racionalidade sonhadora, sim racionalidade sonhadora,  nunca antes havia experimentado, o impacto da emoção que turva o raciocínio, atirou-me para um limbo tenebroso. O que vou fazer agora? Aqui não estou, e para lá não vou porque não há nada. Permaneço neste impasse, na estagnação, sem vontade de avançar, de fazer, de realizar. E por mais que me esforce para idealizar um novo caminho, nada acontece, é como se estivesse estéril, como se tivesse perdido a capacidade de criar, de sonhar.

Deixo-me ficar no nada, entre o que foi e o que poderá ser e se o sol me secar ao ponto de me tornar comida para abutres, que assim seja, é sempre mais útil e digno que viver sem rumo.

12 outubro 2012

Dois

Daniel na cova dos leões

Legião Urbana

09 outubro 2012

A pérola no meio dos porcos


Vivo num país lindo de natureza, embora com a sua flora e fauna meio destruída e abandonada pela irracionalidade de decisões insanas. Por exemplo, o eucalipto, árvore estrangeira óptima para fazer celulose e igualmente óptima para secar os riachos e os lençóis freáticos e destruir a fauna que ficou sem alimento, e lá se foram os pássaros, os lobos, as lebres, os corços, os linces e mais uns outros bichos menos famosos.

Sou de nacionalidade portuguesa, mas tenho vergonha de o ser, a ver o meu país amado, pisado e sugado por uma maioria medíocre e outros, que tantos, desprezíveis.

No presente vivem-se tempos difíceis? “Quem semeia ventos colhe tempestades”, andastes a semear vento, sementes ocas, a viver à sombra da glória passada e a sonhar com a galinha dos ovos d’ouro. Conheço pais geniais com filhos absolutamente ignóbeis.
Povo degenerado, governado por um estado obeso, com o sangue cheio de colesterol, pouco oxigénio no cérebro e com os vícios da gula e da soberda.

Por tudo isto e muito mais, por odiar estas gentes de trombas nas rua cheias de pegadas de lama,  por odiar os seus cultos e práticas, é que decidi que vou ficar. Porque, no fundo, até gosto de não ser como eles, mas principalmente porque tenho a oportunidade para dar ainda mais de mim ao país que me pariu.

04 outubro 2012

Os heróis da bruma


A minha irmã do coração veio das terras frias visitar-me a Portugal. Numa das actividades turísticas (ìamos de comboio a caminho da Casa dos Bicos) , contava-lhe sobre as actualidades na cena pública e política e o que me desagradava em relação aos desenvolvimentos e disse-lhe: - aposto contigo que poucos portugueses sabem quem foi um dos principais motores da revolução dos cravos. Quase ninguém conhece ou reconhece Vasco Gonçalves.

Chegando à Casa dos Bicos, começo a relembrar-me dos tempos em que me chamavam de comunista de uma forma pejorativa por ler livros do José Saramago, autor português, na altura pouco conhecido e criticado, que me foi apresentado por esta minha amiga brasileira. E com um misto de raiva e satisfação, pensava como a generalidade dos portugueses passaram a lê-lo e admira-lo depois de galardoado com o Nobel da Literatura.
Ela vibrava, eu acompanhava a sua vibração mas, e embora o espaço estivesse engraçado, nada de excitante, foi quando, no último andar, dou de caras com o busto de Vasco Gonçalves. Fiquei ali por segundos sem saber o que pensar, de boca aberta e com a mente confusa. Quando consegui recuperar do choque, dirigi-me a um Sr. que parecia lá trabalhar e perguntei: - o que faz aqui o busto do General Vasco Gonçalves?

- Era o grande amigo de José Saramago – respondeu-me o Sr.

Não sei porquê, mas o meu espanto era tão grande que tive que me sentar, ora esta!? Disto eu não sabia.

Depois de uns dias a refletir sobre o ocorrido parece-me bastante provável que tenham sido ambos, o cérebro do escritor e o coração do general movidos pelo mesmo ideal, os heróis da revolução e os outros, os capitães que a eles se juntaram, acabaram por receber os louros.   

Nunca mais leio livros de História de Portugal a pensar que estou a conhecer a verdadeira História.

29 setembro 2012

Lágrimas de ouro


Há diferentes tipos de mulheres. Aquelas que são materialmente dependentes e de alma aprisionada, a grande maioria, as materialmente independentes mas com uma alma dependente, em grande quantidade nas sociedades ditas modernas, as materialmente dependentes mas com alma independente, em minoria, e as materialmente independentes com alma independente, que são as mais raras.

Será que as últimas sofrem também como as outras todas?

23 setembro 2012

Natureza humana ou índole de um povo?

Irritou-me profundamente quando, na maior manifestação popular da história de Portugal, vi um jovem vestido de presidiário, aquele às riscas com boné e tudo, com correntes e algemas e a cara do nosso actual Primeiro Ministro. Não deveriam ser os outros presos? Aqueles que geriram mal o país, e que também obtiveram vantagens económicas no exercício dos seus cargos políticos? O que é que o actual Primeiro Ministro tem a ver com isso? O homem não é um mágico, muito menos um Deus capaz de realizar milagres e transformar Portugal em 7 dias.

O povo português tem memória curta e vive iludido. Talvez pela ignorância ou pelo total desprezo pela vida política e económica, portanto, mal informado e não esclarecido. Dêem-lhe pão e circo!

Mas pior que a memória curta é ficarem com os olhitos arregalados pelo brilho do ouro. Será herança da velha memória do colonialismo?  Mas “nem tudo que brilha é ouro” e “as aparências enganam” e já não há colónias, e o povo ofuscado pelo brilho dos carros prateados, deixou-se iludir pelas manhas do falso progresso. Assim foi ele a rejubilar com os mestres da lábia, os tais falsos profetas.

Porque se fosses agerrido e determinado como o touro ou como um galo, símbolo da tua nação, mesmo vaidoso e barulhento, lutarias até à morte por um ideal, o da causa nacional - a conquista da democracia e de maior justiça social. 

Mas não és... e por isso é que tens tido os governos que mereces e agora estás na falência, consequência da perda de dignidade!

Vidas


A tua vida não é melhor ou pior que a minha, é apenas diferente.

20 setembro 2012

Pontes sobre muros

Quando se fica focado nas falhas nunca se vive a perfeição, porque a perfeição é fruto da imaginação e as falhas são o concreto.
E o que é a vida, senão ilusão com um cenário de pedra?

19 setembro 2012

Sobre a vitimização

Errar é humano. Mas responsabilizar os outros pelos nossos erros é desumano.

11 setembro 2012

Coisas da vida!

Viver é tão bom
Porque te amo
Viver doi
Tanta injustiça...
Viver cansa
Quantos sacrifícios...
Viver vale a pena
Que admirável natureza!
Adoro viver!
Quero morrer!

08 setembro 2012

Sobre a cegueira


Quem pode aferir se é banal ou extraordinário? Quem pode legitimar o trágico em detrimento do mágico? Quem és tu para atribuir o absurdo? Quem sou eu para validar o sagrado?

Estamos perdidos, perdidos de desgosto, quando queremos ver com olhos de ver. 

07 setembro 2012

Êxodo Lusitano

Durante anos quis abandonar o meu país, nunca o vi como um país suficientemente bom para mim, tirando a comida, o vinho e a natureza, um país sem futuro. Mas quando desisti de tentar ir embora, veio a crise (a mais profunda, porque crise sempre a houve), e vejo aqueles que mais amo, um a um, a abandonar o país.
Não quero dizer que seja mau aquele que abandona, o que é mau são as razões que os levam a abandonar. Mau também para quem fica, que fica ainda pior, porque se já não há desenvolvimento económico, nem intelectual, começa a deixar de haver desenvolvimento afectivo, a única razão que me impediu de partir.

21 agosto 2012

"Tempo perdido"

"Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...

Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo

Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora

O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...
Tão Jovens! Tão Jovens!..."

Tempo perdido - Legião Urbana

11 agosto 2012

Memorial à saudade

Querida Mamaleoni...

"She's leaving home"
Beatles

06 agosto 2012

"Suzanne and I"

"But we hold, hold
Hold it down
Oh, we hold, hold
Hold it down"

Anna Calvi

04 agosto 2012

"Amor nos tempos de cólera"

Só agora percebo porque este livro me tocou tanto há 20 anos atrás...

"Amor nos tempos de cólera"
Gabriel García Márquez

03 agosto 2012

Escolhas


“- Às vezes entramos num jogo mesmo sabendo que vamos perder – diz ele.

- Às vezes abandonamos um jogo mesmo sabendo que vamos ganhar – responde ela.”

in “Sem Prada, Sem Nada”

21 julho 2012

Carta a um soldado

Para mais uma guerra vais tu, a deixar-me novamente só, na saudade, na agonia se te volto a ver, beijar, ter-te em mim. Será por um tempo? Será para sempre? Sei que tens que lutar pela liberdade e conquistar a paz, mas porque tem que ser assim? Na lonjura, na incerteza, no sobressalto e na dor? Será que vais sobreviver e voltar para mim? Voltar para mim, irás voltar sempre, mesmo cheio de balas no teu coração, mas não quero esperar por outra vida para te reencontrar. Espero-te nesta vida, espero-te sempre, não sei se quando voltares ainda me restará beleza, mas o meu amor é tão mais belo que qualquer rosto jovem. E espero-te, espero que voltes para ires comigo ver as andorinhas que voltam sempre na primavera.

18 julho 2012

Paradoxo do desejo de intimidade

"Toda a gente tem medo da intimidade. O problema torna-se mais complicado porque toda a gente quer intimidade."

Osho

14 julho 2012

Coisas boas de Portugal – pelos sentidos de uma turista

“Portugal stretches out along the Atlantic like a lazy cat”

05 julho 2012

"Lonely Boy"

The Black Keys

03 julho 2012

"80% já é perfeito"

"A perfeição é uma desculpa para o fracasso."

Uri Geller

26 junho 2012

A nascente


“Mude, mas comece devagar, porque a direcção é mais importante que a velocidade.”
Edson Marques
A mudança é gradual, o enamoramento deve ser lento, em crescendo, em vez de pregar a fundo mal entre na viagem. Sim a velocidade é uma grande emoção, uma adrenalina, o princípio é sempre empolgante, na bela expectativa da viagem...mas fugaz é o foguete, que faz muito barulho e luz colorida mas dura pouco.
Começar devagar é sensato, e depois  se quiser acelerar mais à frente naquela recta tão apetecível, não faz mal, porque já se sabe para onde se vai.
O que quero dizer com este texto de merda, é que sou uma montanha que já foi vento, mas que em breve serei um rio.  

Longe do passado e do futuro

Existem muitas teorias sobre o tempo, uns dizem que existe, outros dizem que não existe, uns tentam medi-lo, outros relativa-lo, entretanto vão-se perdendo no tempo, ora fruto do passado, ora anseio no futuro. Mas de facto existe um tempo, talvez um tempo mal percebido e apreendido pelos humanos. Mas o tempo existe, porque se não existisse não haveria a potência da manifestação da matéria, em termos físicos seria impossível. Sem tempo não haveria existência e sem existência não haveria eternidade.

20 junho 2012

Sobre o futebol

Adoro futebol, porque é muito educativo e faz bem à pele. Quando há jogo vou ler ou dormir.

Gosto de acompanhar os meus amigos enquanto vêem jogos de futebol, se a equipa perde ou ganha não interessa, porque no final acabamos todos numa grande bebedeira. E quem está bêbado, normalmente está alegre.

O futebol é a continuidade da tradição romana, em vez de gladiadores, são usados jogadores para entreterem o povo enquanto os Césares lhes sacam o dinheiro.

Sem futuro

Há pessoas que vivem tanto no passado, que no presente só conseguem ser aquilo que foram, mas no fundo não o são, porque o que foi já não é, e por isso, é como se estivessem a apodrecer em vida.

19 junho 2012

A lançar sementes sem nunca colher os frutos

Aquilo que se ama nas pessoas é a alma e não a beleza, o dinheiro ou as honrarias.  Pelo menos, penso que deveria ser assim. Se se permanecer na busca das emoções que nascem de um objecto físico, não se ultrapassa a esfera do desejo e da paixão, e assim jamais se conhece o amor, porque o mundo físico é efémero – a beleza, a juventude, a riqueza, a honra – transforma-se, mas a alma - a essência do ser - é sempre a mesma. A paixão é o ímpeto da semente lançada à terra cheia de esperança e de desejo de realização de um sonho. O amor começa com a dor do pequeno, frágil mas determinado rebento que rasga a terra em busca de luz.


Então porque andamos nós a tentar possuir o efémero e a desejar aquilo que acaba, se podemos simplesmente amar a essência do outro?

Beatles, a melhor banda de sempre!

Deve haver poucas pessoas que não conheçam os Beatles ou uma versão de uma música deles. Embora a banda tenha estado sempre presente na minha vida, digamos que a sua influência foi indirecta. Como ouvi-los na barriga da minha mãe ou como aquela fabulosa ocasião em que trabalhava numa loja de música na altura em que foi lançada uma coletânea deles, nem queria acreditar na quantidade de gente de todas as idades, raças e classes que afluiu à loja durante aquela semana em que esgotaram o stock.


Há cerca de um mês pus-me a ouvir Beatles todos os dias. Não é que os gajos são mesmo extraordinários?!?

16 junho 2012

Intensidade II


"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ..."

Alberto Caeiro

Acontece que o guardador de rebanhos está a envelhecer, e o bom da maturidade é a calma que nasce da aceitação da intensidade do sentir e pensar.



Intensidade

"Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz."

Alberto Caeiro

Sou o guardador de rebanhos do poema. Sou tão feliz e triste que até doi. A intensidade com que vivo as coisas às vezes pesa e, algumas vezes, dá-me vontade de ser um simples guardador de um rebanho de cabras, acompanhado por um cão amigo e a percorrer montes e vales a seguir a estrela, sem dinheiro, nem impostos e seguros. Se calhar seria igual...
Mas se não tivesse esta intensidade no pensar e sentir, o que me restaria da passagem por esta insólita, estúpida e caótica existência humana?   

   

12 junho 2012

Árvore da vida!

És fruto daquilo que acreditas ser.

10 junho 2012

Devo comemorar o quê?

Recebi um sms de uma conhecida da Ucrânia a dizer: "Feliz dia de Portugal!"
Algo que deveras me surpreendeu, nunca ninguém o tinha feito antes, principalmente vindo de um emigrante.  Mais, porque nem me dei conta que hoje era dia 10 de Junho.

O velho tem mais experiência!

"Muitas vezes, para podermos tomar uma boa decisão, para agirmos na direção certa, devemos ouvir alguém que tenha mais experiência. Assim, depois estaremos prontos para efetuar o nosso próprio julgamento."
(?)

Se me dissessem que o fogo queima e isso doi ou até pode matar, porque iria eu querer experimentar esse perigo deliberadamente?


07 junho 2012

Doutra forma não teria graça

" ... success and personal satisfaction is found through contributing to something greater than oneself. ...replace the quest for success with the quest for contribution. The critical question is not, "How can I achieve?" but "What can I contribute?"

Peter F. Drucker

02 junho 2012

Black Milk


  You're not my eater
I'm not your food
Love you for God
Love you for the Mother

Eat me
In the space
Within my heart
Love you for God
Love you for the Mother

Mother fountain
Or live or not at all

The most level
Sunken chapel
Love you for God
Love you for the Mother

All's there to love
Only love

21 maio 2012

Era uma vez no país dos pequeninos

Existe uma organização que nasceu no pós-guerra (2ª guerra mundial), composta por jovens entre os 18 e 40 anos espalhados por mais de 100 países que se unem na mesma missão - a de contribuir para um mundo melhor. Como é que estes jovens de diferentes culturas, credos, extratos sociais e convicções políticas se unem num só propósito, o de contribuir para um mundo mais justo, desenvolvido e pacífico? Agem localmente nas suas comunidades através da criação e implementação de projectos e iniciativas de desenvolvimento pessoal e social ditribuídos em 5 áreas de oportunidades – formação, empreendedorismo, responsabilidade social, networking e fraternidade entre os povos.  Colaboram com Governos, ONG’s como a ONU, Unicef, OMS e tantas outras instituições e empresas globais, nacionais e regionais. Todos os anos organizam mais de 100 conferências nacionais, 4 conferências de área (Américas, Europa, África e Ásia e Pacífico) e um congresso mundial onde se encontram para partilhar experiências e confraternizar. Um Congresso mundial costuma juntar cerca de 5000 membros de todos os cantos do mundo com as suas cores, idiomas e fatos tradiconais. Grandes líderes mundias em várias áreas foram membros desta organização. Uma verdadeira escola de liderança.

Em Portugal, depois de um investimento de 12 anos, impulsionado por um membro extraordinário desta organização que imigrou para Portugal em 1994, o que há para contar?

Legalmente, a delegação portuguesa foi fundada em 2004 e as poucas iniciativas desenvolvidas foram lideradas quase sempre pelas mesmas pessoas, o tal membro extraordinário, a sua mulher e alguns amigos e conhecidos. Os fundadores passaram a barreira dos 40 anos e, embora membros honorários da organização, já não podem contribuir activamente, apenas assistem com tristeza ao abandono daquilo que foi construído, à decadência, à inactividade, à falta de compromisso e amor dos poucos membros que parecem ainda existir.  

As sementes não vingaram no solo estéril de Portugal, país dos pequeninos, dos Sebastianistas e melancólicos fadistas, dos que se tornam bravos porque têm a ambição que nasce na cobiça das riquezas de outras terras, dos velhos do Restelo e dos pessimistas, dos bons de coração de mãos e pés atados, dos sábios ignorados, renegados ou exilados, dos conformados e daqueles com falta de fé capaz de mover montanhas.

Esta ocorrência  é mais um facto sobre a história nacional, que nem os poucos grandes e virtuosos deste país a conseguiram salvar da mediocridade.

19 maio 2012

Manifesto feminino


A mulher moderna, fruto da cultura milenar da opressão. Suas ilusões, suas fantasias, ambições e enganos. O peso do seu valor no mercado de trabalho. O feminismo machista, a futilidade dos luxos da moda e da beleza, imagem de objecto sexual.
Como andam enganadas as mulheres que julgam que a sua emancipação passa pelo abandono da sua natureza (feminina, maternal, a doçura e a sensibilidade e até os dotes das artes domésticas) e passam a comportar-se de forma masculina. De certa forma, o extremismo do feminismo é tal funesto como o puro machismo.

A emancipação da mulher é, e só pode ser, a luta pelo reconhecimento das características inerentes à natureza da mulher, é a procura do respeito e igualdade de direitos de duas naturezas que embora opostas, não podem ser inimigas, mas sim complementares.

A luta pela supremacia, gera a confusão de papéis, a mulher empurra o homem para baixo como antes o homem fazia com ela. Assim não há evolução, apenas uma luta de poder, com jogos de hostilidade e competição. Imaginem uma luta entre um homem e uma mulher dentro de água, onde é necessário empurrar um para baixo, para que outro, apoiado naquele que fica debaixo de água sem voz, sem ar, possa respirar à tona dágua. Não, não, não é nada disso.

A emancipação da mulher é a reconquista do seu valor, é o respeito e a valorização da sua natureza, é o complemento e a aliança com o homem. É como no acto sexual, onde os distintos órgãos sexuais encaixam e juntos promovem prazer e vida.

Por isso mulheres, não sejam machistas e continuem a lutar sim, mas para caminhar lado a lado dos homens e não para os ultrapassar, porque ao estarem à frente, acabam por ficar sozinhas, tão sós como se continuassem atrás.

15 maio 2012

Arco-íris



Em viagens de negócios na Alemanha só iam a um restaurante português. Uma húngara emigrou para Portugal e acabou por casar com um húngaro. Veio do Brasil para viver em Inglaterra e só tem amigos brasileiros e até hoje não fala inglês. Tiravam férias nas Caraíbas e comiam bacon e ovos ao pequeno-almoço como fazem todos os dias na sua América.

Nunca os compreendi, porque será que procuram o que lhes é familiar? Porque é que procuram algo semelhante ou parecido com aquilo que já conhecem?

Quando fui à Alemanha quis experimentar comida alemã. Quando emigrei para o Brasil namorei e tive amigos brasileiros. Quando fui às Caraíbas tomei pequenos-almoços diferentes daquele que costumo tomar no meu país, quando estudei em Inglaterra evitava os portugueses. E só me apaixonei por pessoas bem diferentes de mim.

Porquê?

Porque é na diferença que se pode realmente praticar a tolerância, porque é nas diferentes experiências que saímos das nossas zonas de conforto, que nos enriquecemos e temos a oportunidade de nos transformarmos e “crescer”, porque é na diferença que nasce a cultura!

Para familiar bastam-me a minha família e o meu país.

E não me venhas dizer que somos diferentes, porque isso eu já sei e é precisamente por causa disso que te amo.

13 maio 2012

Pois...

"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez a tua rosa tão importante"

O Pequeno Príncipe

11 maio 2012

Adictos


Tenho-me sentido como nunca me senti na vida, bem, muito bem. Algo que me surpreende, porque no fundo, não tenho uma grande razão externa responsável por tal contentamento.

Será que somos tão viciados na dor e no desassossego ao ponto de estranharmos quando nos sentimos bem sem razão aparente?  

10 maio 2012

Falta de mamas

Hoje fui à praia, hummm, estava tão boa! Ai o mar, que delícia mergulhar e fazer carreirinhas!
Mas faltava qualquer coisa, apanhei-me a pensar - no meu tempo havia mais mulheres em topless.

So far, so close

Porque será que este blog tem visitantes da Rússia? Serão russos a aprender a língua portuguesa ou portugueses com saudades da sua pátria?

Ou será o acaso da grande teia?

Há sempre outro comboio


- Corre, senão perdes o comboio!
- Estou quase pronta.
- Corre, despacha-te!
- Calma, já vou.
Chegaram à estação e o comboio acabara de sair.

- Sua estúpida, não te disse que ìas perder o comboio?
- Calma, daqui a 3 horas há outro, entretanto, podíamos ir ao mercado comprar uma frutinha!

- Não vês que está tudo perdido por não teres ido naquele comboio? Aquele era o único que te levava aonde desejavas ir, o próximo tem outro destino.
- Não faz mal, já não me interessa o destino, interessa-me a viagem.
- Estás louca, mas disseste que desejavas ir naquele comboio?

- Desejei. Mas já não importa, perdi-o.
- Não estou a perceber?

 - Quando corria para apanhar comboios que, julgava eu, me levavam ao destino do meu desejo, andava sempre ansiosa e muitas vezes ficava desapontada ao chegar lá e não ser aquilo que estava à espera. Agora vou apanhar qualquer um, não tem importância.
- Mas se não sabes para onde vais, a tua viagem fica sem objectivo.

- Só quero viajar, a saborear uma frutinha e ir aonde o comboio me quiser levar e em vez do desejo de chegar a um destino escolhido e do risco da desilusão, terei a surpresa, a frescura da novidade e o entusiasmo da descoberta de destinos desconhecidos. Afinal, nunca deixa de haver um objectivo, o de viajar sem destino.

07 maio 2012

A tríade do Amor


Andamos nós à procura do amor lá fora, num objecto de idolatração, um outro idealizado, o motor do desejo. Mas com o passar dos anos vão-se aprendendo umas coisas, o suficiente para perceber que o medo de amar só existe quando não há amor em nós, por isso é que buscamos na afeição pelo outro a ilusão de segurança, o desejo de se preencher o vazio interior, a companhia que afugente a nossa triste solidão. Não, o caminho não é por aí, porque se dependermos do outro como condição para amar, então vamos sempre ter medo, porque o outro não está em nós, é um ser independente e um dia pode ir e não voltar. Aí o pânico, só de pensar que isso poderá acontecer, viver no tormento, num hoje intenso de dúvida e com medo do amanhã...

Depois de anos a deambular pelas veredas das relações amorosas, tudo se faz claro. O amor não está fora de nós. É uma paz inexplicável quando o outro deixa de ser condição, quando deixa de ser objecto de desejo possessivo e passa a ser um objecto de partilha, fusão e união do amor que já existe em nós. Enquanto nos sentirmos sós, com desejo intenso de amar alguém para preencher o vazio interior, jamais iremos amar na plenitude. Viveremos no ideal, num ideal que entusiasma quando certas caraterísticas do outro parecem preencher os nossos buracos negros do medo. Projectamos no outro a responsabilidade de nos fazer felizes.

O corpo reaje aos estímulos externos, a essência da alma não. Não é de um copo de vinho, um belo poema ou de um beijo que alma se alimenta. Isso são coisas dos mundos das emoções e das ideias. E pobres daqueles que vivem só nesses dois mundos, num emaranhado de sentidos que fomentam o idealismo de sentir ainda mais, na busca ansiosa de mais satisfação sempre dependente da intensidade da emoção. E quando os estímulos externos se acabam ou se vão, vem a desilusão porque o outro não correspondeu às expectativas idealizadas e depois a insatisfação, o vazio e mais medo, medo de voltar a procurar um novo objecto, permanecendo a fome e a sede do verdadeiro amor, aquele amor sereno e confiante que não dá medo. E há humanos que levam a vida a viver assim, também eu vivi anos assim, nessa busca incessante de sensações, de fortes emoções e na idealização estética de um grande amor. Se andamos ansiosos e com medo é porque ainda não percebemos como isto do amor funciona.  Quando há luta entre a razão e a emoção, numa dualidade em conflito, decerto que não será esse o caminho do amor, porque falta-lhe a fé que vem da alma. Afinal, não somos somente um corpo que sente e pensa, somos emoção, razão e alma. E quando as três estão presentes não há dualidade, não há medo, há amor. E a partilha com o outro é simplesmente a manifestação desse amor. E o simples é belo. E o belo não mete medo.

27 abril 2012

Vamos brincar?

O outro não é mais que um trampolim que amplia o salto e me faz rir.

Porque se eu não tivesse pernas, nem um espírito brincalhão de nada me valeria o tal trampolim.

O retorno


Nasci num seio familiar fora do normal. Tive uma infância e adolescência a viver experiências fora do normal. Mas no fim da adolescência, a idade das certezas, decidi que iria ser normal. Empreendi uma cruzada para me encaixar, para ajustar as ideias e o discurso ao socialmente aceite. Fiz tudo o que eles também faziam. Estudei, entrei no mercado de trabalho, constituí família e tornei-me num cidadão próspero, exemplar e normal. Acontece que esta não é a minha natureza. Sou um louco alegre e não um cordeiro bem integrado no sistema, ou seja lá o que isto de viver em sociedade for. O bom da maturidade é ter a coragem de assumir o que se é com serenidade. E o que sou? Sou loucura, alegria e liberdade. E mais nada, mas mesmo nada, vai voltar a conseguir afastar-me me mim.

25 abril 2012

A verdadeira revolução!



Sempre ouvi dizer que a vida começava aos 40 e foi com grande entusiasmo que comemorei o quadragésimo aniversário e empreendi uma peregrinação para que, simbolicamente, se desse início à nova vida. Acontece que nada parecia mudar, até que, inusitadamente, ao comemorar os 41 anos se deu algo quase mágico que confirmou o que sempre ouvi dizer. Por incrível que pareça nunca me senti tão bem fisicamente como agora. Emocionalmente e psicologicamente sinto que alcancei um ponto de maturidade que me traz tranquilidade e autoconfiança e ao mesmo tempo mantendo a jovialidade necessária para continuar a sonhar. Até a determinação que foi uma das minhas características mais marcantes e que muitas vezes levava-me aos limites das minhas capacidades, transformou-se em capacidade para relativizar e, principalmente, perceber que de nada vale essa determinação quando algo não depende de mim. O mundo doente em que vivo já não me atormenta ao ponto de provocar tristeza profunda e desassossego, deixei de carregar às costas as dores da humanidade. Quando olho para o passado, sinto que fiz quase tudo o que o meu coração pediu e por isso experimento a realização e a gratidão. Olhando para o futuro, sinto confiança e aceitação de tudo o que a vida me quiser oferecer. No presente, vivo um misto de alegria e paz.

Resumindo, nunca me senti tão bem na minha vida!

23 abril 2012

Ser desajustado é saudável

“Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente.”
J. Krishnamurti

17 abril 2012

Não sei se percebi, Chaplin

“Atender a quem te chama é belo. Lutar por quem te rejeita é quase chegar à perfeição.”
 Charles Chaplin

16 abril 2012

Democracia, a utopia!

"Uma sociedade só é democrática quando:
- ninguém for tão rico que possa comprar alguém;
- ninguém for tão pobre que tenha de se vender a alguém."

Jean-Jacques Rousseau

Nada mudou desde Platão!

"O preço que tens a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior."

Platão

Perdoai-os, que eles não sabem o que fazem!

"Os homens fazem a História, mas não sabem a História que fazem."

Carl Marx

14 abril 2012

Lago

"Num único beijo, saberás tudo aquilo que tenho calado."

Pablo Neruda

11 abril 2012

O maior veneno dos venenos

O maior veneno inventado pela raça humana é o preconceito. O preconceito dá origem à intolerância, à arrogância, à crendice e à injustiça.

É o veneno mais amargo que já provei e todos os dias, mas todos os dias, esforço-me para não o voltar a beber, embora não consiga evitar que me inunde até ao pescoço porque vivemos num oceano com águas contaminadas pelo veneno do preconceito.

Que flagelo…

07 abril 2012

Em nome do progresso

Trocaram as quotas da pesca para construírem estradas e o povo, todo contente, foi comprar carros para ir passear, em vez de as utilizar como vias para o desenvolvimento! Sim, houve desenvolvimento, dos restaurantes e ofertas de lazer, seguros e concessionárias de automóveis, imposto automóvel, gasolineiras, agências funerárias, vestuário e estética (não cai bem ir passear mal vestido e com as unhas por fazer).

O país não é só feito de políticos, é feito também pelo povo. E a maioria dita as tendências.
E que ricas tendências!
A superficialidade grotesca e o completo desinteresse pelas fundações que sustentam uma casa, neste caso, que suportam o país.

Faz lembrar a estória dos 3 Porquinhos!

Não admira que nos chamem de “Pigs”.

“Mais vale tarde que nunca”

“Portugal tem 2 milhões de hectares de terra completamente ao abandono”- Green Savers.

Há mais de 20 anos que falo das terras abandonadas do território português e da necessidade em criar oportunidades de desenvolvimento rural, evidência negligenciada pela classe responsável por decidir os desígnios do país.

Mas poucos têm a capacidade de ver além, de forma a prevenir males maiores, só passando a ver quando as dificuldades lhes vêm bater à porta. Aí acordam, e obviamente são obrigados a agir.

Bendita crise!

06 abril 2012

Pata de elefante

Só é legítimo pôr a “pata em cima” de alguém, quando esse assim o desejar.

De outra forma, seria tirania.

05 abril 2012

Esforços e diligências em vão


Qual não foi a surpresa da razão e do bom senso quando lhes apareceu à frente a emoção sorridente. Mas afinal, como é possível depois de a terem enterrado viva?
A emoção contou que foi salva pelo coveiro, o cupido e o Santo António. O cupido explicou à emoção atordoada com tal improvável resgate que, por mais insensato que um amor possa parecer, é algo que não pode ser morto e que este só morre quando o ser que o sente morrer também. A capacidade de amar é algo inato nos seres humanos e o que morre é apenas a vontade de partilhar esse amor com determinado ser, para passar a partilha-lo com outro.
Há aqueles que vivem o seu amor através de muitas partilhas, há também aqueles que vivem o seu amor apenas com uma só.
- A razão nunca poderá compreender, nem o bom senso controlar a tua natureza e aventuras, disse o cupido à emoção. A razão e o bom senso têm outras finalidades e habilidades, sendo lógico e sensato não insistirem em imiscuir-se nos assuntos amorosos.
 

30 março 2012

Surpresa

Se falo e penso tanto nele, se me preocupo, deve ser porque o amo.

E eu que julgava que não era patriota!?

29 março 2012

Era uma casa muito engraçada, mas tinha tecto e quase tudo

Estava a fazer uma analogia da minha vida com as fases de construção de uma casa. Nasceu um projecto de arquitectura para um terreno, um bebé para a vida. Até aos 6 anos, a terraplenagem, cofragem e armações de ferro, os alicerces, o início na companhia da burguesia iluminada de Portugal.
Dos 6 aos 12 as paredes e lajes, a etapa mais tosca da obra, com a mistura da areia, água e cimento, o pó, o constante exercício de nivelar os tijolos para que as paredes não ficassem tortas, a integração de uma burguesa com pais hippies num meio rural ainda a viver na idade média em finais do século XX.
Dos 12 aos 21 os projectos de águas e esgotos e electricidade. O sistema nervoso da casa, uma experiência tropical de altitude, nas montanhas de café e cascatas de Minas Gerais, estrangeira neta, sobrinha e filha dos portugueses artistas prósperos.
Dos 21 aos 30, o início dos acabamentos, o chão, o acabamento das paredes, os tectos, as janelas e as portas. Época de indefinição, tão difícil, havia tantos mosaicos e soalhos diferentes para escolher… Tantas portas, de cerejeira, pinho, carvalho, contraplacado… tantos vendedores com promoções, a sorridente trabalhadora estudante de volta à terrinha, o Portugal dos pequeninos vestidos com roupas escuras e de poucos sorrisos.
Dos 31 aos 41 o fim dos acabamentos, os rodapés, as loiças das casas de banho, os armários, bancadas e electrodomésticos da cozinha, os armários embutidos dos quartos, as pinturas e as limpezas. Tempos de concretização, família e trabalho pelos 4 cantos do mundo.
Finalmente, a casa está pronta a ser decorada. Ainda com cheiro a tinta, sento-me num colchão sem cama e olho em meu redor, uma casa vazia e com eco, preparada para receber as mobílias, as loiças, copos e talheres, os candeeiros e abajures, os tapetes e cortinas, as roupas de cama, mesa e banho, as minhas roupas, os quadros, discos e livros…

Com um entusiasmo inusitado pergunto-me: por onde vou começar?

27 março 2012

My love is a lasting treasure

Este é o meu primeiro amor genuíno, o amor que nasceu espontaneamente, despido das convenções da racionalidade e das correntes do medo. E mesmo que não tenha sido vivido a dois, é belo e sereno e por isso, deixo-o viver em mim.

Questionar os porquês e as razões para, já não me interessa, esse exercício inútil trata-se da praxe corriqueira da vida, o frenético exercício de colocar as coisas em caixinhas na tentativa de se explicar tudo e assim, controlar a existência. Não tenho que perceber tudo.

O que me importa é que esta experiência mágica traz-me precisamente a libertação daquilo que me acorrenta à dimensão concreta, pragmática, pesada e cheia de barreiras que me impediam de voar mais alto e ser mais feliz nesta misteriosa passagem pelo planeta Terra.

26 março 2012

"Take Courage"

"Night's falling, so take courage
that you're not alone, no you're not alone.
Night's falling, so take courage
that you're not alone, no you're not alone
Then these words begin to crumble like the sidewalks
all around this crumby neighborhood.
And from the chalky Cliffs of Dover, I'd come over,
I'd start over if I could.

From the tropic of Cancer, to Capricorn,
you're so far from you're so far along.
Now you spin dirty laundry
You dream of the kind of love you knew the day you're born

Night's falling, so take courage
that you're not alone, no you're not alone.
Night's falling, so take courage
that you're not alone, no you're not alone.

Night's falling, night's falling,
but you're not alone, no you're not alone.

You swallow far from home
It's how you find your room

Though my words begin to crumble like the sidewalks
all around this crumby neighborhood.

And from these chalky Cliffs of Dover, I'd come over
I'd start over if I could."

 Track from Andrew Bird's album Noble Beast (2009).

25 março 2012

Eles jamais poderão compreender

Qual é a mãe que, perante situações adversas, não escolhe ficar junto dos seus filhos?

Não dá para perceber os caminhos insondáveis do amor de mãe… os sacrifícios que o coração materno é capaz de fazer…

Algo que aqueles que nunca tiveram filhos jamais poderão compreender.

21 março 2012

O dinâmico serviço público português

Há um terreno baldio ao lado da minha casa que infelizmente é usado para deitar lixo e onde os cães das redondezas vão fazer as suas necessidades. Acontece que para além do mau aspecto, perigos e odores, vivemos num local cheio de crianças que costumam brincar na rua. Não é raro uma bola ir lá parar. Depois de ter limpo o terreno ene vezes, pedido aos donos para recolherem as fezes dos seus cães, continua tudo no mesmo ciclo vicioso do limpa e suja. O seu proprietário não vive em Portugal, por isso não se pode contar com ele.

Decidi contactar as autoridades, comecei pela Junta de Freguesia expondo a situação, encaminharam-me para a Câmara Municipal, expus novamente a situação, encaminharam-me para a Polícia Municipal, expus mais uma vez a mesma história, encaminharam-me para a Loja do Cidadão:

Sr.ª da Lj do cidadão - não é aqui, quem limpa os terrenos é a X empresa, tem que ligar para lá.

Eu – mas mesmo que essa empresa venha limpar o terreno a situação não fica resolvida, não seria melhor providenciarem uma placa, por exemplo? É que isto é uma questão de saúde e segurança pública.

Sr.ª - como não se trata de um espaço público, não cabe ao município zelar pela manutenção desse espaço privado.

Conclusão, o problema não será resolvido pelas entidades públicas. E para não parecer mal encaminham-me para uma empresa PPP para remediar. Acontece que, depois de solicitar a limpeza do terreno, essa empresa informa-me que não limpa espaços privados, só públicos.

Mais uma vez constata-se o dinamismo do serviço público e a sua ineficiência.

Nem sempre é claro definir o que é de responsabilidade civil ou de responsabilidade pública. O público imiscuir-se no privado, cobrando impostos, mas quando o privado necessita do retorno do público, aí já é outra história.

Terei eu, cidadão consciente e responsável, que fazer uma placa para o efeito e zelar pela limpeza de um terreno que não é meu para o bem comum das crianças da rua e dos seus pais.

Bem, pelo menos, dei dinheiro à operadora telefónica e trabalho a 4 colaboradores de entidades públicas e a outro da empresa PPP X, contribuindo assim, para o desenvolvimento da economia nacional.

Que sorte que a Nação tem em poder contar com o apoio de cidadãos tão exemplares como eu.

16 março 2012

Cântico negro

"... "Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.


Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"

José Régio

13 março 2012

Faz sentido

"Knowing and not applying is the same as not knowing"

(Não me lembro onde ouvi isto).

12 março 2012

Os enamorados

- Porque me amas?

- Sei lá!

- Não sabes porque me amas?

- Eu não. Amo-te porque te amo.

- Mas isso não é uma razão?

- Então é o quê?

- Tem que haver uma razão qualquer.

- Queres que te diga o que aprecio em ti?

- Por exemplo.

- Mas isso de pouco te vale, porque eu não amo somente aquilo que me agrada, amo-te todo. Se amasse somente o que me agrada, como conviveria com o teu lado que menos me agrada?

- O que não te agrada em mim?

- Não é esse o ponto da conversa.

- Não queres dizer?

- Estás a ser parvo.

- Não vais dizer?

- Já disse, não me agrada quando te armas em parvo.

- Ah! Assim está melhor, afinal já dizes o que não te agrada.

- Estás a desviar a conversa. Onde queres chegar?

- Adoro ver-te com esse ar sério. Ficas tão engraçada!

- Ai é? Já para a cama! Vais levar uma ensaboadela por esta estúpida conversa!!!

- Na cama? Não é melhor na banheira?

- Parvo.

- Amo-te.

11 março 2012

A vingança dos povos colonizados

Café, tabaco, chocolate, açúcar, batata e cocaína…

10 março 2012

Teoria da conspiração

Não serão as deliberações das entidades de rating e Cia (de origem americana), uma estratégia oportuna - altura de governos europeus endividados, logo fragilizados - para destruir o Euro?

Ideia absurda?

09 março 2012

História negra de Portugal

Portugal foi-se construindo em campos de batalha a matar e a expulsar Mouros. Depois umas guerrazitas para defesa de fronteiras, como era costume da época, um príncipe que se voltou contra o pai, um rei imaturo que quase pôs em causa o futuro do país, e começam as descobertas (impulsionadas pela geração educada por uma rainha Inglesa). Sim, de louvar a coragem dos navegadores por mares e terras desconhecidas, homens temerários em cascas de nozes pela imensidão dum mundo novo. Mas essa coragem deu-lhes força para pilhar continentes, escravizar e destruir povos e culturas. Anos e anos a explorar as ricas colónias. Oh época gloriosa, de fartura, os donos do mundo da altura. Os donos merceeiros ou mercenários, mas não autores das grandes Revoluções, Industrial e Iluminista. Como se pode considerar um povo que teve tudo e não construiu quase nada? Ou o suficiente para ser actualmente um país rico, como a Inglaterra, os seus grandes compinchas que bem souberam aproveitar-se da aliança mais antiga da história. Mas a verdadeira degradação começa quando assassinam o rei, acto vil inspirado nos franceses que fizeram o mesmo 300 anos antes. E o sangue e intrigas que construíram a República, uma República trôpega, frágil que acabou nas mãos da ditadura. Época dos ditadores, estavam na moda, mas o português foi aquele que mais tempo se manteve a governar um povo na miséria, isolado da época mais gloriosa do mundo moderno, um povo poupado de uma guerra para ser atirado para outras mais longas, as inúteis guerras coloniais. Perderam o império da pior forma possível. Depois veio a Revolução dos Cravos, que de revolução nada tem, foi simplesmente a classe militar, farta de guerras que deu a oportunidade ao povo ignorante, sem preparação para liderar um país e com ideais comunistas, movimento esse, já em decadência noutros cantos do mundo.

Acho bem que haja gente que ame o seu país e se orgulhe da sua história, mas as condições em que nos encontramos hoje só prova que a nossa história não é tão gloriosa quanto parece, ou o ouro das colónias não estaria em Inglaterra, só para dar um simples exemplo.

Somos uns líricos, isso é que somos, a prova disso são os nossos extraordinários poetas. E para um lírico ser feliz, basta o sonho e uns copitos de vinho.

Veredas

"Poor people have big televisions, rich people have large libraries"

Dan Kennedy

05 março 2012

Ópio do povo

O futebol está para os homens, assim como a moda para as mulheres.

01 março 2012

Aprender a dizer NÃO

Admiro as pessoas que têm a capacidade de dizer NÃO, são raras e muitas vezes mal vistas pelo excesso de franqueza. É perigoso ser-se franco porque a afirmação pessoal passa pela aceitação do outro e as pessoas, como medo de não serem amadas, dizem sim, mesmo que desejem dizer não. Este mau hábito de dizer sim quando se quer dizer não dificulta as relações, corrói a confiança e traz desilusões.

Aprendai a dizer NÃO, porque um NÃO verdadeiro é bem melhor que um SIM falso.

Sobre os impunes

Se eu tivesse outro tipo de inteligência e o dom da retórica, teria tirado o curso de Direito e ganharia a vida a trabalhar por conta própria a defender casos que ninguém se lembra ou apercebe, levando a tribunal todos aqueles que estão fora da lei. E segundo as normas técnicas de acessibilidade encontradas no Decreto Lei nº 123/97 de Maio, o primeiro a processar seria o Metro de Lisboa.

Mas como não segui esse caminho e sou simplesmente um cidadão participativo e atento, tenho que me controlar para que a irritação não me expluda pela pele quando, depois de ter feito 2 reclamações justificadas (uma tive que ajudar a levar uma rapariga numa cadeira de rodas pelas escadas acima e outra a testemunhar uns turistas com dificuldade em carregar as suas malas) e de me terem enviado respostas para inglês ver, pois o problema das acessibilidades mantinha-se, tiveram o desplante de me telefonar a perguntar se a resposta do Metro me satisfazia?

Francamente!!!

23 fevereiro 2012

Malmequer

Shakespeare acreditava que éramos os senhores do nosso destino. Também eu pensava assim. Mas seria arrogância pensar-se que estamos desvinculados dos desígnios da natureza e do céu. O certo é que temos o poder de escolher e por isso, somos responsáveis pelas nossas escolhas. O que não é tão certo são as consequências das nossas escolhas. Todas as nossas escolhas têm consequências, mas nem sempre aquelas que julgávamos ter. A vida é pautada por decisões, pequenas e grandes, e que na altura em que as tomamos fazemos o melhor para que sejam decisões acertadas. No entanto, as consequências dessas decisões muitas vezes são um mistério. O certo é que há sempre um “preço a pagar” e somente quando as consequências dessas escolhas se revelam é que podemos aferir se foram boas ou más decisões. Uma decisão tem sempre um risco inerente, e é esse risco que não temos o poder de controlar. Temos o poder de decidir dentro de um frame determinado, condicionado por diversas variáveis, algumas delas ultrapassando a esfera do poder humano.

Uma enfermeira decidiu registar as lamentações mais comuns dos pacientes que estão à beira da morte, sendo sentimento inerente a todas as lamentações, a noção de que se soubessem o que sabem naquele momento teriam feito diferentes escolhas durante a vida.

Dêem um pontapé no planeta Terra para qualquer canto negro e frio do universo que quero ver os humanos a decidir o seu destino.

22 fevereiro 2012

Recapitulando

Das minhas experiências amorosas testemunhei e aprendi com os meus parceiros que o amor à primeira vista é possível, que um amor para toda a vida existe, que o que importa é viver o dia-a-dia sem se preocupar muito com o amanhã, que o bom sexo não precisa estar vinculado a um grande amor, que o controlo não traz felicidade, que quando se quer não há fronteiras nem distâncias, que a tolerância ou amor incondicional e a cumplicidade são fundamentais para a harmonia conjugal e que com medo de amar nunca se pode amar.

Até que foi um trajecto positivo.

21 fevereiro 2012

Facto que muitos se esquecem

O que evoluiu foi a técnica. O instinto humano ainda é o mesmo.

20 fevereiro 2012

Sobre a extinção do bacalhau

I

Em Portugal já é difícil arranjar um trabalho, quanto mais um part-time. Por isso é que sou de opinião de que os vínculos laborais deveriam ser diferentes dos actuais para facilitar a mobilidade dos recursos humanos e a dinamização da economia nestes tempos de queda.

Por exemplo, se se criassem dois turnos mais pequenos de trabalho, em vez de um longo, haveria mais pessoas a trabalhar, maior produção e, consequentemente, mais consumo. Em vez disso, milhares estão sem nada para fazer (muitos a receber subsídios de desemprego) e outros milhares sobrecarregados em diversas dimensões das suas vidas, nomeadamente, e a mais importante, a falta de tempo e dedicação à família.

II

Em Portugal existem dois tipos de mães, aquelas que trabalham e por isso, afectam a sua relação com os filhos simplesmente por não terem tempo para lhes dedicar e aquelas que optam por estar perto dos filhos, muitas vezes sacrificando a carreira profissional, e são mal vistas em sociedade. Ambas situações frustrantes, por um lado, as mães que só vêem os filhos em média 2h/dia durante a semana e aos fins-de-semana nem sempre os vêem, ou porque são divorciadas e vão ter com o pai, ou porque estão tão cansadas que os deixam com os avós. Por outro lado, aquelas que têm o privilégio de acompanhar de perto o crescimento dos filhos são muitas vezes estigmatizadas, muitos e muitas considerando-as preguiçosas, incapazes de produzir riqueza ou inúteis.

III

Sempre considerei a família o pilar da sociedade e o pilar da minha vida. E entristece-me que em Portugal a família seja instituição em decadência e por isso, é bem provável que o bacalhau deixe de ser um animal com risco de extinção, porque quem parece que vai desaparecer primeiro são aqueles que mais o comem.

14 fevereiro 2012

Percepções (II)

Ser um ser que ninguém pode perceber completamente porque aquele que percebe só percebe aquilo que consegue perceber é, de certa forma, um tipo de liberdade.
Liberdade porque ninguém, mas ninguém, jamais conseguirá invadir o meu reduto, o meu lar interior, a dimensão para além das percepções dos outros...onde tudo é possível e tão incrível que muitas vezes nem eu percebo.

O nariz vê o que os olhos não conseguem

Estava num elevador e quase vomitei por causa do excesso de perfume que uma senhora usava. Esta ocorrência fez-me lembrar um episódio em que o que vi não correspondeu ao que cheirei. Era o partido mais cobiçado da cidade, e realmente era um Adónis, espadaúdo, que fazia suspirar as garotas quando tirava a t-shirt suada depois do jogo de futebol, o seu sorriso com uns belos dentes alvos que sobressaiam por causa da sua pele morena, os seus olhos verdes, os cabelos negros… E demonstrou interesse em mim, esperava-me depois das aulas para me oferecer flores, lançava-me olhares ternurentos. Mas quando me veio beijar… arrr, o seu cheiro… fez-me repudia-lo para sua surpresa e alegria de todas as pretendentes roídas de inveja.

É claro o poder dos cheiros nos nossos processos psíquicos, no desenvolvimento de sensações e emoções que acabam armazenadas na memória. E como é forte a memória de um cheiro.

Os cheiros são “criaturas” fantásticas, não se vêem, mas sentem-se de tal forma que influenciam drasticamente os processos químicos do nosso corpo. O olfacto é o sentido que mais está ligado ao instinto e aos processos inconscientes. Estudos recentes, para além de outros factos, desvendam ligações directas, mas inconscientes, dos odores com as escolhas de parceiros, provando que o olfacto é o sentido com maior impacto nessas escolhas.

Gosto de sentir odores agradáveis, mas o perfume que disfarça o cheiro natural do corpo é como se fosse uma máscara. As pessoas andam perfumadas para disfarçar o seu cheiro, que por sua vez confunde quem as cheira.

Por isso, questiono-me, serão os perfumes responsáveis pelas más escolhas de parceiros?

Será que o personagem do livro “O Perfume” é uma caricatura exacerbada para ilustrar a ilusão que os perfumes podem causar?

13 fevereiro 2012

Diálogo entre a esperta e a parva

- Oh pá, tu és parva!

- És capaz de ter razão.

- Tenho pois, há anos que o gajo te diz que não quer nada contigo.

- Eu sei.

- Então se sabes, porque continuas nessa?

- Não sei, já fiz tudo o que sabia mas não resultou.

- Não será o teu ego indignado?

- Indignado com quê?

- Com a rejeição.

- Ah, nunca tinha pensado nisso…

O prazer mora ao lado do amor

Todos os meus amigos já lá foram, dizem que é muito fixe e por isso também quis lá ir. Mas quando chegámos havia uma fila enorme para entrar. Nem pensar, ficar na fila e ainda por cima com um frio de rachar. Entrámos na porta ao lado com um nome um pouco irónico, dado às circunstâncias.

O prazer mora ao lado do lugar de nome que atrai os românticos, se de um lado aspira-se, deste lado materializa-se a simpatia no dono que ofereceu shots, a sensualidade na bailarina de mamilos brilhantes, o humor no show de cabaret e o amor nas letras das músicas que aqueceram o corpo.

Acabei por não entrar no lugar da moda como planeado, mas saí com grande satisfação do lugar que se não fosse o imprevisto, se calhar não teria tido oportunidade de conhecer.

E viva a velha!

06 fevereiro 2012

Da arte

"Trabalho é a arte de transformar sonhos em realidade."

in Aldeias de Portugal

Amo a tua alma

Não foram os orgasmos simultâneos que tivemos juntos, não foram os teus beijos que me faziam flutuar, não foi o teu olhar que me estremecia, nada disto me marcou tão profundamente como as tuas dissertações.

Foram aquelas noites em que depois do jantar nos deitávamos nas espreguiçadeiras na varanda a conversar. Noites quentes com a brisa a transportar as nossas palavras cheias de emoção sobre filosofia e política, os nossos temas preferidos. As estrelas eram o limite para os nossos devaneios intelectuais que nunca nos levavam a conclusões, mas traziam-nos sempre novas questões. As diferentes perspectivas partilhadas com entusiasmo, sem desejarmos impor a nossa (limitada) razão. E a tua característica para discordar, questionar tudo de uma forma às vezes tão derrotista, de homem cheio de esperança mas de fraca fé, em vez de me irritar, só me estimulava mais e mais.

As roupas e penteados saem de moda, as músicas são outras, as rugas invadem o meu rosto, mas as nossas partilhas - os serões a filosofar sobre a vida e a sociedade - essas ecoam na minha alma como o tesouro mais importante da minha relação contigo.

E amo-te por isso, porque manténs o meu espírito entusiasmado, o meu intelecto acordado, não permitindo que definhe por causa da loucura do mundo em que vivemos, nem que adoeça contaminado pela futilidade corrosiva que me espreita sorrateira em todas as esquinas.

Mesmo que já não tenha o teu corpo a meu lado.

02 fevereiro 2012

País de velhos II

Portugal, país de pessoas envelhecidas, enclausuradas nas suas casas velhas sem elevador ou em lares convento. Abandono das escadinhas das colinas, das redes de pesca, dos campos não mais amanhados pelas suas mãos encarquilhadas. A classe excluída pelo frenesim do desenvolvimento. As famílias a diminuir. Os velhos abandonados à solidão, à pobreza…

Velhos com fome de comida, amor, companhia, sentido de utilidade e conforto.

E a TVI presta o serviço público da ilusão de companhia, o último derradeiro contacto com o mundo exterior, enquanto esperam pela morte...

01 fevereiro 2012

É preciso morrer para voltar a nascer

Não acredito na reencarnação no sentido alegórico que as culturas humanas lhe atribuem. Mas acredito num “tipo de reencarnação” se analisar o processo da vida (e morte) na perspectiva das leis da física e da química. Portanto, se a matéria não se perde mas transforma-se e volta à terra, o espírito, ou a energia que anima a matéria, deve seguir a mesma lógica, transformando-se e voltando à energia que anima o universo.

A eternidade manifesta-se através do ciclo de vida e morte. E o nascimento e a morte nada mais são que processos de transformação. E se esse processo de transformação é eterno, então, tanto a morte como a vida são parte da eternidade. Logo, cada “encarnação” é uma parcela de eternidade a manifestar-se.

Não sou simplesmente o Romeiro que vai morrer um dia e deixar de existir (como Romeiro), sou uma criatura resultante de transformações através da eternidade. Sou um ser eterno em manifestação finita, porque o que é finito é a forma, não o conteúdo.

Seria horrível se tivéssemos que viver para sempre numa só forma, sem o privilégio de morrermos para renascer em novas manifestações de vida eterna.

31 janeiro 2012

Got myself a one-way ticket

" Ride on
Ride on,
Ride on, standing on the edge of the road
Ride on, thumb in the air
Ride on, one of these days I'm gonna
Ride on, change my evil ways
Till then I'll just keep dragging on
Ride on, got myself a one-way ticket"



AC/DC


from Dirty Deeds Done Dirt Cheap

30 janeiro 2012

Sobre a felicidade

(Inspirado neste post )
Que a felicidade encontra-se no caminho e não somente no destino e que a satisfação está em jogar e não somente nos  resultados, estou de acordo. Na minha perspectiva, escolher acreditar que temos o poder de escolher a felicidade neste jogo (instável, perigoso e, supostamente, de carácter finito) que é a vida, é uma escolha sensata.

No entanto, e considerando a vida um jogo, não nasci para ficar no banco dos reservas sem me esforçar só porque a morte há-de vir. Não considero loucura jogar com afinco e perseverança e que qualquer esforço seja inútil e muito menos que seja a salvação aceitar que se está condenado. A vida não é uma sentença de morte. Se assim fosse, mais valia nem nascer.

Que a felicidade seja somente fruto da nossa escolha, também não é assim tão linear. Há circunstâncias da vida em que não há lugar para a escolha, restando a aceitação daquilo que não escolhemos e, eis a virtude, escolher continuar feliz e com fé, mesmo quando as coisas não correm de forma planeada, ou quando perdemos uma etapa do jogo.

Portanto, arrisco considerar que a felicidade reside na noção de processo (e aqui estamos de acordo) que combina a aceitação daquilo que não podemos escolher, a escolha em tornar esta passagem digna de ser vivida e a tranquilidade de que um dia vamos ter oportunidade de descansar quando a morte nos vier buscar.

Porque afinal, jogar com afinco dá lesões e cansa… e a morte, é o prémio merecido pelo brio e esforços empreendidos durante a vida.

Por favor, ABBA não!

Andei a mergulhar nos sons que ouvia na infância e aqueles que me marcaram e ainda comovem são sons dramáticos, aventureiros, genuínos, irreverentes, estranhos, tecnicamente bem interpretados e pouco populares.

Será que esta influência, bem entranhada no meu inconsciente, moldou de forma determinante a minha personalidade adulta? E daí sentir-me ser desajustado e sem qualquer interesse pelas coisas que interessam a tanta gente?

28 janeiro 2012

Estufim

Nas minhas pesquisas musicais no Youtube encontrei, por acaso, a cantora Adele. E só por acaso, porque a achei bonita e interpretava a minha música preferida dos The Cure. E até gostei muito da sua voz, embora continue a preferir a versão original.

Dias depois encontro uma revista com os recordes de Adele. São seis importantíssimos, uma das marcas alcançadas “21 foi o primeiro álbum de uma cantora a solo a manter-se no primeiro lugar do top britânico dos mais vendidos durante 11 semanas consecutivas.”

Como é que não sabia disto? Como é que não conhecia a Adele?

Em que mundo vivo eu?

27 janeiro 2012

Alquimista

"Turn my sorrow into treasured gold"

in "Rolling in the deep" Adele

25 janeiro 2012

Mente clara e coração musculado

Depois de deambular de mente atordoada e coração combalido e, mesmo assim, ter conquistado parte dos meus intentos, começo a chegar a conclusão que sou um ser abençoado. Tenho a agradável sensação de que (quase) tudo valeu a pena.

“80% já é perfeito”
Ditado Zen

Oleia lá as tuas roldanas

Ouvi dizer que a escrita está para a mente, como o exercício para o corpo. Melhor dizendo, escrever desenvolve os músculos do cérebro. Escrevo há mais de 20 anos praticamente todos os dias, então porque será que ainda não sei escrever?

24 janeiro 2012

País de velhos

" Portugal é um dos países da União Europeia em que se assiste a um maior envelhecimento da população, significando que não nascem pessoas suficientes para equilibrar a balança demográfica. Actualmente há 116 idosos para cada 100 jovens.” Dados INE

Num mundo em que morre 1 criança de fome em cada 6 minutos é doloroso assistir a esta conjuntura pseudo burguesa.

Alegam as mulheres portuguesas emancipadas que não têm condições para ter mais que um filho… umas optam por não ter nenhum, que assim não se comprometem nem perdem o que julgam ser sinónimo de liberdade – a sua bela carreira profissional. Os homens permanecem mais tempo infantilizados, meio que perdidos ainda agarrados às saias das mães, desprovidos do sentido de abdicação e de responsabilidade que uma família exige. Para agravar a situação, os mais capazes para a reprodução fogem como tordos do país empobrecido à procura de melhores primaveras noutros lugares. É o advento do individualismo materialista, o mercantilismo no seu melhor, a família tornou-se numa instituição falida, sem lucros. Um mau investimento, portanto.

Que terrífica tendência. Muito preocupante.

Dá vontade de ter mais filhos…