30 junho 2013

Filhos do Sol


Fotossíntese, vitamina D, electricidade, calor, luz...Como não percebi antes? Foram necessários tantos anos para compreender aqueles nasceres e pores-do-sol em que senti que sem Ti não existiria, que sem Ti não havia esta vida.

Terra, minha Mãe, escolheste um bom marido.

17 junho 2013

"De pequenino se torce o pepino"

Voltar a fazer um tapete de arraiolos é como andar de bicicleta, nunca se esquece. Então em companhia desta banda sonora, a agulha até voa!

15 junho 2013

Palavras leva-as o vento, o jornal é bom para limpar vidros e a net só funciona se estiver ligada

O que mudou depois do 25 de Abril? Muita coisa, umas para melhor outras para pior, mas a principal mudança foi o fim da censura e o início da liberdade de expressão.

Na era das comunicações, todos falam, uns com razão outros com menos, mas esse palavreado parece não levar a nenhum lado, afinal as palavras não chegam onde deveriam chegar, são incapazes de mudar seja o que for. Inspirados discursos não passam de uma crónica de jornal, dum post num blogue ou duma nota no Facebook com muitos likes.

Há apenas muito ruído. A Revolução de Abril (mudança) fez-se no silêncio e na acção. O que andamos nós a fazer?

13 junho 2013

Daí o sucesso do Harry Potter

"Durante muito tempo, na sociedade ocidental, a vida de todos os dias só pôde ter acesso ao discurso quando atravessada e transfigurada pelo fabuloso; era preciso que ela fosse retirada para fora de si própria pelo heroísmo, a façanha, a aventura, a prudência e a graça, eventualmente a perversidade; era preciso que fosse marcada por um toque de impossível. Só então se tornava dizível. Aquilo que a punha fora de alcance permitia-lhe funcionar como lição e exemplo. Quanto mais a narrativa fugisse ao vulgar, mais força tinha para fascinar ou persuadir.

Desde o séc. XVII, o Ocidente viu nascer toda uma 'fábula' da vida obscura de onde o fabuloso se achou proscrito. (...) Nasce uma arte da linguagem cuja tarefa já não é cantar o improvável, mas pôr em evidência o que não é evidente (...) A partir do momento em que se instala um dispositivo para forçar a dizer o 'ínfimo', aquilo que não se diz, que não merece glória nenhuma, o 'infame', portanto, toma forma um novo imperativo que vai constituir o que se poderia chamar a ética imanente aos discursos literários do Ocidente: as suas feições universais vão esbater-se pouco a pouco; já não terá por tarefa manifestar de modo sensível a excessiva exuberância da força, da graça, do heroísmo, do pudor; mas sim irá à procura daquilo que é mais difícil de notar, o mais oculto, o que dá mais trabalho a dizer e a mostrar, enfim o mais interdito e o mais escandaloso. Uma espécie de injunção de desentranhar a parte mais nocturna e mais quotidiana da existência (...) vai traçar aquela que é a direcção para que pende a literatura desde o séc. XVII, desde que é literatura no sentido moderno do termo. A ficção substituiu desde essa altura o fabuloso, o romance libertou-se do romanesco e não se desenvolverá a não ser na medida em que dele se se for libertando cada vez mais completamente. A literatura faz assim parte daquele grande sistema de coacção por meio do qual o Ocidente obriga o quotidiano a pôr-se em discurso."
 
Michel Foucault, O que é um Autor

 

12 junho 2013

Never take it for granted

Sejam de amizade, amor, maternais, paternais, fraternais, as relações necessitam de ajustes, de reconquistas, de novos desafios, de “provas de amor”, de confirmações de confiança. Aprofundar uma relação exige não ter medo de se ficar a nu, a cru, com tudo de bom e tudo de mau que nos vão descobrindo, sem máscaras, sem jogos, com coragem de se ser o que se é num palco cheio de holofotes. Mesmo que haja a consciência de que há épocas obscuras em que nos encontramos perdidos, enlouquecidos ou enraivecidos, de que alguma parte de nós apodreceu ou queimou-se, de que temos características que se tornaram vincadas pelo tempo, de que o impacto do sofrimento nos deixou tristes ou ressentidos...
Mesmo assim...
Não podemos continuar a viver num relacionamento somente porque fizemos coisas belas no passado, nem naquilo que fomos, porque o que foi já se foi, o que fomos já não somos e o que temos são estes momentos vivos de hoje que determinam a qualidade da relação. E qualidade, pressupõe-se melhoramento, crescimento, e já agora, felicidade na partilha.

Senão não vale a pena!

10 junho 2013

"Come on, Dover! Move your bloomin' arse!"


"Aquele que deseja mas não age fermenta pestilência."

William Blake

Título: My Fair Lady

09 junho 2013

Obesidade mórbida

De olhos cravados no vazio, deambulam ondas de abandono. Se pudesse acordar. Daria tudo para acordar. Despertar para uma vida sem memórias. Como me posso livrar deste peso?

08 junho 2013

Reflexões sobre o Feminismo

Se falam e agem como se não acreditassem no amor, como se todos os homens não prestassem, como podem inspirar e esperar o amor de um homem?
 
A emancipação da mulher não é ter a liberdade para abrir as pernas sem se ser chamada de puta.

06 junho 2013

Como é fácil ter fama


Quando era adolescente, como quase todos os adolescentes, tinha posters colados às paredes do meu quarto com os meus "ídolos". Era uma colagem feita por mim, com fotografias retiradas da revista Playboy e outras em que estivessem retratadas as mulheres mais belas do mundo.
Ora, para uma adolescente popular, não ter namorados e ter mulheres (muitas nuas) na parede do seu quarto era coisa estranha.

Então a opinião pública fez as contas: 1 + 1 = Gay!

Não me importei nada com a fama. Porque teria eu de namorar se não havia pretendente que me tivesse conquistado o coração ou, no mínimo, estimulado a curiosidade?

E porque, sendo eu mulher, haveria de esconder a minha admiração pela beleza e graça feminina?

05 junho 2013

Nacos e tacos

Ele olhava para as ancas redondas e as nádegas rechonchudas dela a rebolarem a cada passo que dava nos seus saltos altos, para a esquerda, para a direita, como que numa dança suave e doce.

Aquilo é que era uma mulher - pensava  ele - não aquelas lindas esqueléticas com as calças descaídas a mostrarem os ossos nas passarelas de Paris e Milão.

Quinhentos anos depois...


"Se vires alguém abandonado aos seus apetites, rastejando no chão, é uma planta que vês e não um homem."
 
Picco della Mirandola, 1463-1491; Discurso sobre a Dignidade do Homem