30 dezembro 2016

Felicidade para ti

Fala-se muito sobre a felicidade. Parece que andam em busca da felicidade. 
Lutar para ser feliz. Lutam para alcançar a felicidade!?  
Uns afirmam que a felicidade é uma decisão diária, outros que a felicidade é isto, que a felicidade é aquilo. Até parece que a felicidade é algo fugidio, difícil de encontrar.
Ora se se fala tanto sobre felicidade, se se corre atrás da felicidade é porque não a têm, não a sentem. É um ideal platónico. É um ideal frágil, sempre dependente de coisas, seja dinheiro, amor ou paz.
Depois acreditam que serão felizes quando tiverem dinheiro
Quando tiverem amor
Quando tiverem paz.
Bem, vocês lá sabem o que siginifica a felicidade.
Será que sabem? Não a andam a confundir com facilidade e contentamento?
Falo por mim. Para mim felicidade não é um objectivo, um fim, para mim é o caminho.
A felicidade é o pano de fundo da minha vida, é algo presente, que vivo todos os dias.
Porque para mim ser feliz é viver a vida honestamente e com dedicação. Quando há momentos alegres e bons gozo, quando há momentos tristes e dolorosos, gozo também. 
A alegria e a tristeza, são duas faces da mesma coisa e para mim, esses estados de espírito espalhados pelo tempo, não compromentem a minha felicidade pois ela está lá sempre.
Quiçá, recebi o talento da alegria de viver, seja com raiva, encantamento, angústia, tesão, dúvida, gratidão, sou sempre feliz.
Por isso, essas frases  feitas patéticas que aparecem diariamente no meu campo de visão e audição só me enchem de compaixão.




“Nas brumas da memória”

Gostava tanto dos seus beijos.
Depois de tantos beijos de outras bocas ocas,
aquele foi o meu verdadeiro primeiro beijo,
à beira mar, molhado.
Já não os sinto.
Já não estremeço.
Lembrei-me hoje disso.
Lembrei-me que foi bom.



14 dezembro 2016

Boa sorte às Istas!

“Se você concorda que homens e mulheres devem ter direitos iguais, então você é feminista” - disse um indivídio numa entrevista qualquer num programa qualquer de um país qualquer.

Não me agrada muito o extremismo do movimento feminista. Os diferentes espelhos de verdade dos direitos é coisa muito delicada. Direitos iguais para seres de naturezas diferentes também pode ser perigoso pois os papéis misturam-se e ser-se mulher e homem parece a mesma coisa ou uma misturada.

Creio que estamos numa fase muito confusa. Realmente não se sabe o que é liberdade, e mais importante, liberdade comum.
Se vivessemos em liberdade não haveria luta de direitos.
Sem liberdade entranhada na consciência e nas emoções, dificilmente poderemos abandonar as lutas de poder politizadas de movimentos de índole combativa, a luta, a luta, sempre a lutar pelos, neste caso, direitos.
Liberdade é poder escolher. Liberdade é viver livre de prisões, de burcas e opressão. 
Mas até a luta pelos direitos é uma espécie de prisão, prisão do medo, do ressentimento, da raiva, do ódio e da morte. A luta pelos direitos como uma luta de poder. Faz sofrer.

Isto não devia ser assim. Deveríamos ser todos amigos. Temos todos aptidões, mulheres ou homens.

O Homem e a Mulher, juntos, diferentes e complementares.
Cada um que faça o que sabe e gosta fazer.

Por isso não me sinto muito bem em me envolver no dircurso e manobras feministas, embora ame e admire muitas mulheres que se auto-proclamam de feministas e agradeço-lhes conquistas que beneficio hoje.  
Sou mulher feminina que defende a liberdade de escolha. Que me interessa votar numa pseudo-democracia? Vota lá quem quer, homem ou mulher.
Sou uma mulher que não quer competir nem ser ameaça aos homens, tão bons e tão lindos, que quando têm amor genuíno de uma mulher (amada, mãe, irmã, filha) tornam-se ainda mais lindos e bons.
E os meio mulher, meio homem, que venham também ser livres para não serem ou serem o que quiserem ser e partilhar o seu amor.
Na dádiva e cooperação é que flui a energia da vida, veja-se a Natureza da Terra e dos Céus.

Isto de começar a pensar nas coisas dos humanos até se perde a tusa. 

Irra, tantos humanos Istas que andam nas lutas.

13 dezembro 2016

Sobre um vazio cheio

Tempo.
Tempo, não é dinheiro.
Tempo é vida em movimento!
O Tempo não se vê. Mas manifesta-se na sombra no relógio de Sol.
Temos tanto e tão pouco tempo.
Como gerir o nosso tempo, dentro dos tempos e ter tempo para ter tempo?
Movimento lento, movimento rápido.
Tudo é cada vez mais acelerado
Fizemos o tempo fugaz, com gás, a dar-lhe gás, a alta velocidade.
Tempo. A lentidão da tarde quente a passar pelos montes.
Ter tempo é não possuir o tempo
É mover-se e usufruir
No tempo das esferas iluminadas pela estrela.

02 dezembro 2016

Até parece que foi escrito por mim

“Recognise that the very molecules that make up your body, the atoms that construct the molecules, are traceable to the crucibles that were once the centres of high mass stars that exploded their chemically rich guts into the galaxy, enriching pristine gas clouds with the chemistry of life. So that we are all connected to each other biologically, to the earth chemically and to the rest of the universe atomically.
That’s kinda cool! That makes me smile and I actually feel quite large at the end of that. It’s not that we are better than the universe, we are part of the universe. We are in the universe and the universe is in us.”

― Neil deGrasse Tyson

13 novembro 2016

Quantos anos tenho?

"Muitas vezes me perguntam quantos anos eu tenho…
Que importa isso!?

Tenho a idade em que olho as coisas com mais calma,
com interesse de um maior crescimento.
Tenho anos quando os sonhos começam a acariciar os dedos,
e se transformam em esperança.

Tenho anos de amor,
às vezes é um flash louco,
ansioso para queimar no fogo da paixão desejada.
E às vezes um refúgio de paz,
como o pôr-do-sol na praia.

Quantos anos têm?
Não há necessidade de discar um número,
que fez os meus desejos, meus triunfos,
as lágrimas derramadas pelo caminho
quebrado para ver meus sonhos…
Vale mais do que isso.

Que importa se tenho vinte, quarenta ou sessenta!
O que importa é a idade que eu sinto.

Tenho os anos que preciso
para viver livremente e sem medo do caminho,
carregando comigo a experiência e a força dos meus desejos.

Quantos anos têm?
Isso é que importa!?

Tenho os anos necessários
para perder o medo em fazer o que eu quero, desejo e sinto."


José Saramago


05 novembro 2016

Ano do Macaco de Fogo

Estamos a poucos dias das eleições dos Estados Unidos da América.
É um grande facto porque é um dos países mais poderosos do mundo, com uma candidata mediana x um candidato louco.
A loucura paira no mundo.
A loucura gosta de guerra.
O medo tem medo da loucura e não podendo com ela, junta-se a ela.

Macaco oportunista, materialista, territorial, agressivo. Babuíno!
A esperteza e a agilidade no seu pior.
Ui, o mundo treme.
A América Latina derrete-se em calor e sangue
O Raposa da neve espera sorrateiro
A Canela da botifarra desfaz-se em pó e sangue
A Europa socumbe
As Formigas são muitas e trabalhadoras silenciosas
A eminência na eminência
O fogo engole, o rio galgará as margens, a terra treme.
A terra é bela!
E há esperança no ar

Macaco, macaquinho, anda aqui brincar. 

03 novembro 2016

Old something new


Roxigénio
Anos 80 - Portugal

"Light my fire"

O mundo está inundado de plástico.
Plástico é Fogo
Os humanos e os seus escravos animais e vegetais consomem toneladas de drogas.
Medicamentos e agrotóxicos são Fogo
Os humanos usam muito o petróleo para se deslocar, para extrair e produzir coisas nas fábricas.
Petróleo é Fogo
As fêmeas humanas gostam de malas e sapatos de pele de animais, mas como agora é feio vão para os sintéticos plastificados, adoram secadores, tintas, vernizes, pastas e pós cheirosos e coloridos.
Tudo coisinhas Fogo
Os seres humanos são omnívoros tornados carnívoros, viciados em açúcar e álcool.
Carne é Fogo
Açúcar de cana refinado é Fogo
Álcool é Fogo
Os cigarros, pequenos troncos em chama!
Cocaína, Heroína, Ritalina, Paracetamol, MDA, Pílula, Aspirina, Codeína, Morfina, Drunfos, tudo Fogo.
Lixívia, detergente, gasolina, querosene, acetona, verniz, diluente, aguardente, dá-lhe Fogo!
As cidades são quentes, os polos derretem e não refletem.
O Sol brilha em ejaculações pujantes de tesão eléctrico pela mãe Terra, a sua amada magnética azul, que recebe e  distribui o sustento energético pelos seus filhos, o Vento, a Água, o Relâmpago, os Minerais, os Vegetais, os Animais, os Fungos e as Bactérias.
Todos felizes menos os animais humanos.
Bicho revoltoso que não honra os seus pais e escraviza os irmãos, com a excepção dos irmãos Relâmpago, alguns Fungos e certas Bactérias gulosas que até gostam de açúcar.
Ovelha ranhosa da criação.
Cuidado, que ainda te queimas na fogueira que ajudaste a atear!
Vê lá, não caias nos teus contos fantasiosos dos infernos a arder!
Por quanto tempo aguentaremos o sangue a arder inflamado a corroer os orgãos e as veias?
Conseguirão os bem-aventurados filhos capazes de travar o incêncio?
Ah pois, dança que isso passa. E continua amanhã.
É a História que o filho pródigo caído anda agora a escrever.

A Saga continua.

Título inspirado na música do mesmo nome dos The Doors.
Também pensei em colocar Burn dos Deep Purple.

23 outubro 2016

Indústria farmacêutica enriquece a drogar crianças

Para que fique registado

A indústria farmacêutica, as escolas, os psicólogos e psiquiatras andam a drogar crianças e jovens que diagnosticam com a tal da síndrome de hiperactividade.
Os pais não têm tempo, também eles hiperactivos, estão muito ocupados com as suas carreiras, muitas delas por dinheiro, outras por obrigação, outras pela vaidade do ego e despejam os seus filhos das 8h às 19h nas escolas que seguem programas governamentais massudos, de método antiquado, sistematizados de forma monótona, para crianças dos tempos de hoje.

Antes, o respeito através do medo reinava as salas de aulas, daí ter sido mais fácil para os professores do meu tempo (anos 70) controlarem o ímpeto das crianças.
Antes as crianças brincavam muito na rua. Hoje ficam trancadas nos apertamentos, horas à frente de aparelhos com imagens e jogos, porque os adultos tornaram o mundo perigoso, cheio de carros, pedófilos, ladrões lá fora.
Antes havia os primos, os avós, os tios, os tios-avós, e/ou os padrinhos por perto.
Há 30 anos a comida era mais simples, comia-se uma fruta e um pão com manteiga. Hoje a comida vem em lindos pacotes, altamente processada, cheia de açúcar refinado e aditivos.

Para onde vai a energia das crianças e jovens de hoje?

Não há tempo para os pais abraçarem os filhos? O abraço dois em um, de corpo e alma.
Os governos dormem.
Os professores estão tristes, instáveis e impotentes.
Os pais com medo e sem disponibilidade e seguem o caminho traçado pelos especialistas das drogas que recomendam: RITALINA.
Infelizmente é mais comum do que podemos imaginar, e não é somente em Portugal. Suiça, Brasil, E.U.A. e arredores.
Esta medida só demostra a loucura, ignorância e incapacidade para encontrar soluções criativas para transformar os modelos educativos. Demonstra que o mundo está cheio adultos incompetentes.

E a indústria farmacêutica rejubila, pois certamente muitas destas crianças vão continuar a depender de drogas, pois não tiveram oportunidade para aprender a lidar com as suas emoções.

É um crime colectivo consentido, estão a drogar as nossas crianças e jovens!

O que fazemos?

12 outubro 2016

Criança

Hoje comemora-se o dia da criança no Brasil.
Quando para lá emigrei, tinha 12 anos, recordo-me bem das festas monumentais do dia da criança, tal mobilização nacional. Raramente me esqueço desta data.
Lembro-me que uma das coisas que mais me surpreendeu quando cheguei ao Brasil, foi a quantidade de crianças. Em Portugal éramos já considerados uma família numerosa com 5 filhos vivos, no Brasil era coisa normal, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11.
Hoje deu-me uma certa nostalgia ver uma fotografia minha em criança, a brincar na areia com umas latas em que numa delas estava escrito Nestlé. Nestlé, a petição que assinei há dias, contra a privatização da água nos países mais frágeis socialmente.
Depois lembrei-me do sms de felicitações pelo meu aniversário da Unicef na semana passada, a agradecer pelas crianças que, espero eu, estou a apoiar.
Para intensificar as emoções recordo a conversa telefónica que tive ontem com uma grande amiga que me testemunha uma realidade tenebrosa na Suíça, instituições escolares a impor a administração de ritalina em crianças, neste caso, numa criança de 5 anos!!
Respiro, escrevo, fiz exercício, sinto o mundo a cair.
A minha criança interior treme um bocadinho.
Mas as memórias da minha infância são tão doces, tão ricas, tão soltas que acabo por sentir que há esperança para muitas crianças.


10 outubro 2016

Diálogo nas linhas sociais da grande teia

Post com belas fotos aéreas do céu com nuvens.
"Não compreendo porquê que há tanta gente a rezar para ir p/ céu.😂😂😂 Será que sabem que não há dance floor, festarola da boa, tão pouco anjinhos em tronco nú?!!
É bom só de passagem, p refletir como vivemos num paraíso infernal.. Eu cá aproveitei p lançar sementes d paixão pela humanidade, uma vez q está cada vez mais feia."
Comment
"O céu e a terra, ambos paraíso! Inferno humano, pois o seu céu e a sua terra estão apartados e em oposição, no jogo da dualidade. Viva! Sementes de paixão da Paixão! "<3 a="" dos="" fus="" o="" opostos="" p="">
Tive que registar.


25 setembro 2016

Healing


21 setembro 2016

E se eu fosse insensível e egoísta?

Hoje é o dia internacional para “comemorar” a paz.
É densa a sensação de viver num mundo atormentado, sem paz.
Roçam os cabelos de cavalo nas cordas de metal que esguicham um som fino e choroso.
Padres, jornalistas, conquistadores do poder e dos tesouros e damas perdidas
a mexerem em coisas de Deus.
Languidez mórbida a arrastar-se em máquinas velozes, de saltos e solas sujas.
Que maçada, e eu tão feliz, quero estar perto e estou cada vez mais longe.
Que saudade de dançar um slow a dois.


19 setembro 2016

Trabalho em progresso

A minha profissão é contribuir servindo as pessoas, levando-lhes esperança e ferramentas para o seu desenvolvimento pessoal e bem-estar. Daí me ter formado num curso que se chama Serviço Social que não cheguei a exercer muito tempo, pois servir num contexto institucional burocrático não é servir, mas assistir.
Criei então o meu próprio estilo de servir numa profissão que exige exposição pública na era do online e do novo espaço público emergente e em franco desenvolvimento e crescimento.

Mas deparei-me com um grande dilema, para ter influência e impacto neste mundo é preciso jogar as regras do jogo, o jogo do imediatismo e mediatismo das plataformas sociais e órgãos de comunicação, dos influenciadores experts em psicologia do marketing, dos gurus, dos ídolos.

A futilidade aborrece-me, a fama mediática constrange-me e eu não quero ser um guru!

Ora, como posso jogar sem seguir as regras?
Estou a trabalhar nisso.

17 setembro 2016

Maus fígados!

Maus fígados é o que dizem os portugueses quando uma pessoa está mal-humorada, com uma língua de fel. Enjoa-se facilmente com o mundo. Fica-se sem forças.

Pois é, tive uma recaída, o meu fígado está a dar sinal outra vez. Conheço os sinais, conheci-os em tenra idade quando uma epidemia de hepatite deflagrou nas escolas primárias do país ao ponto de muitas fecharem.

Vomito palavrões e os olhos ficam com veias inflamadas de raiva. Já não vejo ao perto.
Esta merda que me rodeia cheira mal e é feia, daí os enjoos, daí a cegueira.

O cansaço de investir as minhas energias a orar e a servir o próximo e tanto de mim é tão pouco para este mundo doente.

A doença do mundo é para mim como um vírus ou uma bactéria que ás vezes me contamina, os intestinos inflamam, o coração fica aflito, porque é idealista.

Convento, casulo, caverna, cubículo, cabana na colina, cantinho no campo. Ou voltar ao caminho a pé, reviver a dor nos joelhos para me vergar perante a utopia humana. De joelhos a ranger e a sangrar á moda Católica, só para dramatizar e voltar a emergir na dor colectiva.

Quero cair. Deixem-me ficar por uns tempinhos, já volto!

Quando voltar à saúde trarei um novo talento.

Eremita

Construí um mundo belo. O meu coração vibra de alegria. Sou feliz.

Mas os meus vizinhos estão na merda. Sempre que abro as janelas para o mundo é só feiura, ódio, medo, podridão, fedor, hipocrisia, mentira e morte. Saio porta fora e é um mar de lágrimas onde nadam pessoas alucinadas e aflitas à procura de uma tábua de salvação.

Misticismo, fundamentalismo, antidepressivos, drogas variadas, ídolos.

Tenho andado aqui a fingir que não é nada comigo, realmente já não se me azeda o sangue com os venenos da humanidade, mas os olhos estão abertos a observar a loucura colectiva e ás vezes compadeço-me. Não consigo deixar de sentir compaixão pela miséria deste mundo.

As feministas que defendem o aborto e destroem o romance e a família, os machistas que usam as feministas para descarregar as suas fúrias resultantes de falta de amor, os fanáticos racistas e xenófobos que andam a tremer de medo, os gananciosos que produzem venenos para vender aos drogados do açúcar, os tarados e as escolas que fustigam e corrompem as crianças, os políticos fracos de espírito que julgam ser pequenos reis, a ilusão da liberdade de escolha e da Democracia.

Caramba, cambada de almas perdidas. Raios partam este projecto falhado, a civilização.

Oh Saturno, vê lá se paras de nos proteger e deixas passar um pedragulho para rebentar com esta merda toda.

09 setembro 2016

Faith No More - Midlife Crisis


Estou a viver a minha midlife. E não estou em crise.

Acho que a minha midlife crisis foi lá por volta dos 20 


Vida num mundo pejado de impulsos de morte


Há coisas tão simples que me dão tanta alegria e satisfação, como estes simples momentos a comer uma doce, fresca e suculenta fatia de melancia enquanto ouço o concerto de piano no.2 op.18 de Rachmaninoff.

São estes momentos que me enchem de energia de vida. 

30 agosto 2016

Deve ter sido da “Casa dos Espíritos” que voltei a ler

Há os que emigram e nunca mais voltam
Há os que emigram e voltam à terra.
Pensei nisso quando constatei que voltei à terra.
Da infância
O cheiro único desta terra molhada
A marginal com o mar a galgar
A casa abandonada da esquina depois do farol
O Bugio

Não sei bem a que propósito estava aqui a pensar nisso.

24 agosto 2016

Síndrome de quê?!


O tempo passa, a vida passa, os dias vão passando
Os anos contam, o corpo muda, o corpo pesa
O desassossego da adolescência já se foi
A energia dos vintes declina e a ansiedade é menos assustadora
A determinação e o ímpeto construtor dos trintas já não fazem sentido
Doces quarentas…
Embora o corpo pese, tenha que dormir mais,
É tudo mais leve, é tudo mais lento
Parece que o tempo é mais lento,
E depois, quando me dou conta, tudo se passou tão rapidamente à minha volta
Sinto uma espécie de vazio, um andar à deriva
Sei para onde vou, mas parece que me vou deixando ir,
É como se conhecesse as correntes e fosse levado pela inércia
Sem esforço para continuar a navegar
Os meus pensamentos ainda fazem barulho, já nem lhes ligo tanto, às vezes não lhes presto qualquer atenção, esqueço-me do que andaram para ali a falar e inventar.
Ando a prestar atenção ao meu inconsciente calado, mas movediço e presente.
Ando a perder-me dos pensamentos
E a “sentir” a intuição
Ás vezes estranho.
Pouco mando cá para fora, parece que faço pouco, por dentro e por fora, embora tenha uma vida produtiva e próspera.
Claro que se investisse o ímpeto construtor dos trinta, trabalharia mais horas e ganharia mais dinheiro.
Não foi planeado, mas estou a ver e a fazer as coisas de uma forma diferente, nestes tempos do meu tempo que se funde com o tempo da sociedade e o tempo eterno.
Ai este hábito humano de tentar catalogar as coisas da vida, que fase será esta? Essa coisa das coisas de cada idade, tal institucionalização das nossas vivências através dos tempos.
Chega de síndromes, por favor!
Enfim, só deixar para ficar registado.

Afinal sou eu, o Romeiro que viaja na companhia de um diário onde grava momentos da viagem, como de fotografias se tratassem. 

31 julho 2016

O segredo da felicidade

"- Descobri o segredo da felicidade…
- Qual é?
- Não discutir com ninguém nunca.
- Não acredito que esse seja o segredo.
- Tem razão"


Retweeted Aleksandar Mandić (@mandic)

21 julho 2016

O que o Seal e os Iron Maiden têm em comum?

Estava aqui a pensar que ainda hoje acordei numa rua que não aparece em alguns GP’s, com uma soberba vista sobre o Vale do Douro, bebi café saboroso e comi batata-doce e tomate aos cubinhos, polvilhados com cebolinho e regados com azeite num pequeno-almoço tardio.
Comi um gelado de frutos vermelhos e morango depois de subir e descer as escadarias de Nossa Senhora dos Remédios em Lamego.
Percorri chão de betão e alcatrão por entre montanhas e eucaliptos por autoestradas e uma IP muito estreita e lenta, vi o Rio Mondego.
Lanchei uma empada em Santarém.
Bebi só um gole de cerveja fresca em casa e fui para um concerto em Oeiras.
E agora já passa da meia-noite e não tenho sono.
Na passada semana foi parecido.
Acordei num colchão maravilhoso em Roma e tomei um pouco de café horrível com um pão de plástico.
Bebi litros de água nas corridas de turista juntamente com dezenas de milhares de turistas e refresquei-me na Fontana di Trevi.
Afastei-me dos roteiros e tive um daqueles almoços fantásticos em que se tem a sorte de encontrar um restaurante de bairro com nativos, pasta, salada e polvo frito com molho de basílico.
Apanhei um comboio rápido para o aeroporto, aterrei em Lisboa e fui logo para um concerto.
Voltei para casa de comboio, desci na paragem S. João do Estoril e fiquei tal e qual como hoje, pela noite a pensar que é extraordinária esta dimensão de largura, das coisas que se podem fazer num dia.
Sei lá, são aquelas reflexões que não levam a lado nenhum.

Há dias assim…

31 maio 2016

Ai que bem que te amo!


Essas ondas sonoras que entram pelos ouvidos e vibram nas minhas células de água.
Uma voz, um acorde, um ritmo, uma melodia, uma batida.
E estremece, irrita, excita, convida, adoça, eleva, inspira.
Desenterrar-se no tempo do antes,
Perder-se no vazio do depois,

Com música, é um derreter-se no tempo do agora.

21 maio 2016

Sua maluca mentirosa!


Às vezes é tão difícil seguir o coração. 
Ter uma vida a agir a condizer com as leis da natureza, para não causar desequilíbrios e ficar doente. Os humanos são os únicos animais com sistemas de saúde porque andam doentes. Os outros animais, quando doentes, ou morrem ou conseguem escapar.
A nossa máquina pensante, que chamam de ego, faz muito barulho, quer ser protagonista, é uma chata, anda sempre a fazer perguntas, a balançar os pós e contras da materialidade, do ter, do querer, do orgulho.
O coração só bate. 
Não tem linguagem, símbolos, fórmulas, tratados e leis sobre o certo e o errado. O seu impulso é perspicaz, vem sem se prever e sai sem avisar.
É certeiro, implacável e mágico.
Oh mente! Quando é que vais perceber e destruir as tuas construções de Babel? Fundir a dualidade? Quando poderás aprender a captar o bater da vida, as ondas do seu campo eletromagnético, pequeno Sol e Terra encarnados num músculo do peito.
Coração, amor, meu amor, estou cada vez mais contigo, ou melhor, comigo.

Deus em mim, eu em Deus. 

13 maio 2016

Pensamento do dia



Uma pessoa que não confia em ninguém é uma pessoa que não é de confiança.

18 abril 2016

Momento lusco-fusco


Estou quente na varanda a sentir o céu húmido.
A chuva cai, o fresco passa pela pele, o som dos carros a deslizar na água ao longe, a música das gotas e dos pássaros.

Ternura de vida.

17 abril 2016

Always


14 abril 2016

You're a fool to cry


Admirável mundo tonto


E o mundo rasga-se a meus pés, a loucura colectiva abrilhantada pelas cores artificiais, os alimentos fabricados por robôs, os animais escravizados em agonia. As drogas ajudam na ilusão, no alívio da dor, a dor que volta sempre, e precisa de mais droga. A falta de imaginação, a falta de criatividade, a falta de amor, reflete-se na música vã, nos costumes amorais, nas crenças fúteis. Os que governam as nações, governam-se a si completamente alienados da missão de servir, os podres de ricos arrancam os dentes para os substituir por diamantes, cortam as mamas para as tornar maiores, injectam-se para ficar com as nádegas salientes.
Os obesos enchem-se de comida sem alma, os doentes alimentam a indústria farmacêutica que rejubila na sua piscina de moedas, as crianças são engolidas pelas máquinas…
Vivemos numa linda casa com todos os recursos necessários, temos um corpo fantástico e o livre arbítrio, somos livres, e com essa liberdade de escolha escolheram os muros, construíram prisões, estabeleceram limites e fronteiras e elaboraram leis. Criaram a propriedade e os ídolos, mesmo assim, ainda não se aperceberam, não têm qualquer consciência de que somos livres para criar o que quisermos, para criar a doença (desequilíbrio) ou a saúde (equilíbrio), o mundo é um espelho das nossas livres escolhas, obviamente há uns que escolhem por outros, mas os outros aceitam pois acham que assim deve ser, legitimam os opressores, até inventaram tal da democracia, outro mecanismo de ilusão de justiça e liberdade, votam neles e conformam-se. Outros inventaram um ídolo, um tal de Deus, ou Deuses, para não assumirem a responsabilidade pelos seus actos, é mais reconfortante mandar a culpa para uma entidade lá em cima que julga as almas, ahahah, que alegoria tão engraçada. E os mais sensíveis dizem que esse Deus é injusto, santa ignorância.
Pensando bem, é uma grande estupidez a forma como os humanos usam a sua liberdade de escolha, porque será que gostam da dor, das prisões e da injustiça?
São como crianças a brincar com o fogo ou aprendizes de feiticeiros a fazer poções venenosas.
Qualquer coisa deu muito errado ou então ainda estamos nos primórdios da civilização humana, a experimentar o poder ilimitado, cheios de medo desse próprio poder, ainda somos uns ignorantes e não sabemos usar o nosso livre arbítrio, é mais fácil ser vítima e não assumir a responsabilidade.
E eu, feliz da vida, ando por aqui. Quando era mais jovem pensava que era anormal, mergulhei no mundo dos limitados e não fez sentido, escolho ser anormal, até posso estar a viver num enquadramento doente e limitado mas sinto-me livre. Já senti raiva e revolta mas agora nem por isso, faço a minha parte, sirvo os presos, levo-lhes alento e esperança, enfeito as suas celas, sorrio com um sentimento solidário para com os meus irmãos aprisionados. Já tive pena, mas agora tenho apenas compaixão, principalmente pelos opressores, pelos terroristas, pelos fanáticos, pelos carcereiros que são mais doentes que as suas vítimas.
Leio os poetas e não sofro, vejo as crianças a morrer à fome e não me encho de raiva, apenas observo, umas vezes entristece-me, inevitável perante tanta desgraça, mas essa tristeza não chega ao meu coração, pois este está a brilhar de amor e alegria.
O sofrimento é uma limitação da consciência.
O Ego, sei lá, deve andar por aqui a fingir que é um ser sábio, deixo-o fingir mas não lhe dou muita atenção, observo-o entretido, cheio de soberba e arrogância, um dia acabará por sucumbir.

Estou só, muito só, mas não sinto solidão.

16 março 2016

Gold



Ai, este amor que me dá vontade de dançar em patins!

13 março 2016

I love you, bleeding folks!

Como é comovente o sofrimento humano. Como é confusa a mente. Os sonhadores definham e contorcem-se, os desesperados agarram-se às verdades, os pobres criam ídolos. O medo é Deus. E os desertos alargam-se, os mares engolem as almas e as fugas nas noites intensificam-se. O sexo, num derradeiro grito de socorro, faz acelerar o coração vazio de amor. As drogas lícitas e ilícitas são as moletas de mais um dia a arrastarem-se na vida vã pejada de doença. A música já não é blues, é folia com nádegas de gel, tal desespero. Os modernos mataram Deus, suicídio colectivo para se livrarem da escravidão da religião. Nada resolveu. Continuam ocos, sem nexo, a temer a morte que só existe nas suas cabecitas finitas.  
Quis juntar-me a vós, fiquei doente, dobrei-me e sangrei dos joelhos, odiei-vos, provei o fel do sofrimento para conhecer a dualidade, mas estou de volta dessa viagem. 
Estou de volta a mim. Àquela alma alegre e linda.
Sim, eu sei, tenho que continuar por aqui com eles de minha roda. Não faz mal, eu aguento.

Afinal o cenógrafo esmerou-se.  

25 fevereiro 2016

Testamento

Com quase 100 anos, ao deitar-me, irei recordar momentos belos da vida e sorrir.
Farei a minha usual oração de agradecimento com o coração cheio de gratidão.
Depois morrerei enquanto durmo.



24 fevereiro 2016

Êxtase

Chegou uma espécie de Primavera ao meu coração, nascem lindas flores, os pássaros cantam, no céu brilha o sol e quando a chuva cai é refrescante e há arco-íris.
Nunca me senti assim na minha vida. Esta paz, esta independência das coisas de fora é coisa inusitada. Este silêncio interior é tão bom, não há conceitos que o possam descrever. Vem tudo de dentro, como um renascimento interior que transborda de mim.
Estou a registar neste meu diário que me acompanha desde a adolescência, olho para trás e aquele meu desassossego de alma e de coração pertencem a um passado longínquo. Os ditos problemas já deixam de o ser e passam a ser desafios de vida com utilidade e aceito-os com serenidade e vou resolvendo-os. Se há momentos em que a melancolia ou a dúvida me batem à porta, deixo-as entrar e converso com elas e elas acabam por se ir embora calmamente.
A dor do mundo já não me atormenta, envio muito amor a todos, principalmente às almas perdidas que praticam a maldade.
A raiva, o ressentimento, o desprezo e a revolta fizeram as malas e partiram.
A minha amada ironia está dormir algures e acorda em momentos divertidos.
No início pensava que era uma fase e tinha que a aproveitar enquanto durava, mas já nem me preocupo em perguntar porquê que assim me sinto, nem me preocupo se é uma fase ou quanto vai durar, fruo como um rio que corre alegre.

Ah, maravilha, maravilha…

10 fevereiro 2016

Romaria sem destino

E quando as luzes se apagarem, o meu corpo mole de cansaço deixar de sentir, o sonho a criar histórias sem nexo, viagens da mente sem regras, fui lá, fui lá ver, e estavas tu a correr com uma tocha, a iluminar as ruas medievais, os sinos da igreja chamaram os cães que te perseguem com bandeiras na boca. E eu observo a tua agonia, o teu medo, o teu ímpeto de revolta a perder-se no nevoeiro.
Mais um dia, mais um hábito, estou a deixar os vícios? Estou a ser novo ou a repetir copiosamente o fácil? Tão triste, tão contente, alegremente vivo esta vida sem sentido que tem tanto de sentido que não dá para não sentir.
E ver que sou cego, perro do coração e perdido no espaço, sim, porque vivo numa bola azul perdida no espaço. Rodeiam-me tantos como eu, tão feios e maus, tão belos e inspiradores como deuses, anjos sem asas. 
Que brasa, estou quente, não é febre, é o sol, é sangue a correr. E lá vou eu por estas veredas da vida, sem nada saber, ora fico surdo de tanto prazer, ora fico oco de tanta solidão, ora engole-me o mistério e fico a flutuar.

E quando as luzes não voltarem a acender-se, velarei pelos vivos ou viajarei no negrume da antimatéria?

06 fevereiro 2016

Sublime

"A Liberdade é o Direito a não ter de mentir"
Camus