23 setembro 2018

"Orgulho e preconceito"

Observo
E esgueiro-me das caixas
Observo as lutas feministas, as extremistas que competem com os homens, que os tratam de forma desconfiada e por isso não conseguem construir relações confiáveis e duradouras.

E os paradoxos? Tantos, tantos equívocos. Tanta ilusão! Tanta arrogância à mistura com ignorância.
Este assunto é pertinente, pois as sociedades estão em mudança, bem que lenta, mas sempre a mudar.
E umas coisas mudam mal. Ou as melhorias são ofuscadas pelos malefícos. No fundo, nada muda, o peso não deixa ser plena a concretização do ideal de liberdade.
Veja-se:
A mulher mudou as suas práticas, conquistou assentos nas faculdades e postos de trabalho.
Mas na prática o que realmente aconteceu? Acumular tarefas, trabalho + família.
E cuidar do marido e dos filhos é já um grande trabalhão, quiçá o maior e mais importante da vida humana, pois é no berço do amor, do leite e do suporte, ninho onde nasce um ser emocionamelmente forte. Sem família, longe de casa, com leite em pó servido em tetas de borracha, em filinhas a recitar o ABC onde se vai encontrar calor humano? Até os avós e tios e os padrinhos deixaram de andar por perto.
E as mudanças dos homens? Quiçá eles nem se importavam com nada, desde que pudessem continuar a ter sexo em fartura e a semear os seus legados para conquistarem novas terras e novos mercados! Os homens a multiplicarem-se em tarefas familiares e de trabalho? Poucos, principalmente nos países latinos, hindus, budistas e árabes.
É tão engraçado quando as feministas ficam encantadas com um homem que cozinha mesmo muito bem, vais às compras, dá banho aos bebés e passa a roupa a ferro, mas se porventura esse mesmo homem for do tipo controlador, digamos, à moda antiga, ficam todas eriçadas.
Interessante observar, não, não é assim tão interessante quando a sociedade penaliza mulheres que não trabalham, e essa penalização vem principalmente de outras mulheres.
Ficar dependente de um homem, Deus me livre!
Mas esquecem-se que somos todos dependentes uns dos outros, não no sentido de prisão, mas no de cooperação.
Sou uma mulher feminina e de espírito livre, mesmo quando trancada a sete chaves, posso trabalhar ou não, posso ter filhos ou não, posso começar uma carreira aos 30 ou aos 50 anos, posso casar-me e ter o azar de escolher mal, mas resisto, resisto a fazer guerra com os homens. Há homens bons, assim como há mulheres estúpidas como mulas.
O que prezo é o respeito e a liberdade. Respeito é aceitar o outro como ele é e ter o mesmo em retorno, liberdade de escolher livremente se tenho um canudo, se voto, se estou confinada às lides da casa para criar 6 filhos ou se ando a viajar o mundo de mochila às costas a tirar fotografias. Escolher livremente pode ser levar em conta um bom conselho de um amigo ou companheiro de vida quando não se tem ideia melhor.
Cada um é como é, uns gostam de acção, outros de campo, uns de rock, outros de vodka.
É isso, observo e depois vou refletindo sobre o que observo.
E sentindo.
Tantas famílias destruídas, tanta dor, melhorou?
Penso que pouco, a mulher continua a ser sobrecarregada, de trabalhos, de dores, antes por imposição dos homens, hoje por auto-imposição, imposição dos homens e de outras mulheres. A pressão actualmente é muito maior.
Umas vezes sinto-me mesmo triste por tudo isto.
Já tive fama de lésbica porque admiro as mulheres.
Seres tão belos, tão complexos, tão ricos.
Seres que carregam sementes e nutrem com leite novos seres.
Seres intuitivos e imaginativos.
Seres de regaço amplo onde descansam bebés, plantas, jovens, animais e velhos.
Quem me dera ter nascido homem para poder experimentar-te, fecundar-te e proteger.
Por isso observo, e sofro devagarinho, umas vezes intensamente.
Mas continuo a esgueirar-me das caixas.