21 março 2012

O dinâmico serviço público português

Há um terreno baldio ao lado da minha casa que infelizmente é usado para deitar lixo e onde os cães das redondezas vão fazer as suas necessidades. Acontece que para além do mau aspecto, perigos e odores, vivemos num local cheio de crianças que costumam brincar na rua. Não é raro uma bola ir lá parar. Depois de ter limpo o terreno ene vezes, pedido aos donos para recolherem as fezes dos seus cães, continua tudo no mesmo ciclo vicioso do limpa e suja. O seu proprietário não vive em Portugal, por isso não se pode contar com ele.

Decidi contactar as autoridades, comecei pela Junta de Freguesia expondo a situação, encaminharam-me para a Câmara Municipal, expus novamente a situação, encaminharam-me para a Polícia Municipal, expus mais uma vez a mesma história, encaminharam-me para a Loja do Cidadão:

Sr.ª da Lj do cidadão - não é aqui, quem limpa os terrenos é a X empresa, tem que ligar para lá.

Eu – mas mesmo que essa empresa venha limpar o terreno a situação não fica resolvida, não seria melhor providenciarem uma placa, por exemplo? É que isto é uma questão de saúde e segurança pública.

Sr.ª - como não se trata de um espaço público, não cabe ao município zelar pela manutenção desse espaço privado.

Conclusão, o problema não será resolvido pelas entidades públicas. E para não parecer mal encaminham-me para uma empresa PPP para remediar. Acontece que, depois de solicitar a limpeza do terreno, essa empresa informa-me que não limpa espaços privados, só públicos.

Mais uma vez constata-se o dinamismo do serviço público e a sua ineficiência.

Nem sempre é claro definir o que é de responsabilidade civil ou de responsabilidade pública. O público imiscuir-se no privado, cobrando impostos, mas quando o privado necessita do retorno do público, aí já é outra história.

Terei eu, cidadão consciente e responsável, que fazer uma placa para o efeito e zelar pela limpeza de um terreno que não é meu para o bem comum das crianças da rua e dos seus pais.

Bem, pelo menos, dei dinheiro à operadora telefónica e trabalho a 4 colaboradores de entidades públicas e a outro da empresa PPP X, contribuindo assim, para o desenvolvimento da economia nacional.

Que sorte que a Nação tem em poder contar com o apoio de cidadãos tão exemplares como eu.

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