I
Em Portugal já é difícil arranjar um trabalho, quanto mais um part-time. Por isso é que sou de opinião de que os vínculos laborais deveriam ser diferentes dos actuais para facilitar a mobilidade dos recursos humanos e a dinamização da economia nestes tempos de queda.
Por exemplo, se se criassem dois turnos mais pequenos de trabalho, em vez de um longo, haveria mais pessoas a trabalhar, maior produção e, consequentemente, mais consumo. Em vez disso, milhares estão sem nada para fazer (muitos a receber subsídios de desemprego) e outros milhares sobrecarregados em diversas dimensões das suas vidas, nomeadamente, e a mais importante, a falta de tempo e dedicação à família.
II
Em Portugal existem dois tipos de mães, aquelas que trabalham e por isso, afectam a sua relação com os filhos simplesmente por não terem tempo para lhes dedicar e aquelas que optam por estar perto dos filhos, muitas vezes sacrificando a carreira profissional, e são mal vistas em sociedade. Ambas situações frustrantes, por um lado, as mães que só vêem os filhos em média 2h/dia durante a semana e aos fins-de-semana nem sempre os vêem, ou porque são divorciadas e vão ter com o pai, ou porque estão tão cansadas que os deixam com os avós. Por outro lado, aquelas que têm o privilégio de acompanhar de perto o crescimento dos filhos são muitas vezes estigmatizadas, muitos e muitas considerando-as preguiçosas, incapazes de produzir riqueza ou inúteis.
III
Sempre considerei a família o pilar da sociedade e o pilar da minha vida. E entristece-me que em Portugal a família seja instituição em decadência e por isso, é bem provável que o bacalhau deixe de ser um animal com risco de extinção, porque quem parece que vai desaparecer primeiro são aqueles que mais o comem.
Sem comentários:
Enviar um comentário