26 novembro 2012

Fast or far?


“If you want to go fast, go alone. If you want to go far, go together...”

 African proverb

Every day is the right day II

Muitos defendem que o passado já passou e por isso já não importa, o futuro não chegou, por isso não interessa e que o que vale é o presente, o agora.

Esta abordagem da nossa passagem pelo tempo é um tanto redutora, para não dizer nociva, primeiro porque é impossível definir as fronteiras entre o passado, o presente e o futuro, mas principalmente, porque o presente é-o também com história e memória, sendo o passado fundamental para o processo de aprendizagem e componente concreta daquilo que somos hoje.
Por sua vez, o futuro, embora não chegado, convém ser integrado na construção do nosso eu, como componente de criatividade, visão e esperança na concretização de um ideal. A racionalidade planeia e a emoção aspira e por isso, no presente se vai construindo também o futuro, porque o futuro é aquela altura que irá chegar e portanto, temos que investir hoje para amanhã estarmos onde gostaríamos de estar e, de preferência, bem.

Para mim, viver no presente é vivênciar cada instante como se fosse o melhor ou, no mínimo, sentido e refletido, porque só assim, será a melhor vida que poderei viver.

23 novembro 2012

Please wake me

Cymbeline

Pink Floyd

Sem cérebro nem coração

“Quando nasceu, a geração a que pertenço encontrou o mundo desprovido de apoios para quem tivesse cérebro, e ao mesmo tempo coração. O trabalho destrutivo das gerações anteriores fizera que o mundo, para o qual nascemos, não tivesse segurança que nos dar na ordem religiosa, esteio que nos dar na ordem moral, tranquilidade que nos dar na ordem política. Nascemos já em plena angústia metafísica, em plena angústia moral, em pleno desassossego político. Ébrias das fórmulas externas, dos meros processos da razão e da ciência, as gerações que nos precederam aluíram todos os fundamentos da fé cristã, porque a sua crítica bíblica, subindo de crítica dos textos a crítica mitológica, reduziu os evangelhos e a anterior hierografia dos judeus a um amontoado incerto de mitos, de legendas e de mera literatura; e a sua crítica científica gradualmente apontou os erros, as ingenuidades selvagens da «ciência» primitiva dos evangelhos; ao mesmo tempo, a liberdade de discussão, que pôs em praça todos os problemas metafísicos, arrastou com eles os problemas religiosos onde fossem da metafísica. Ébria de uma coisa incerta, a que chamaram «positividade», essas gerações criticaram toda a moral, esquadrinharam todas as regras de viver, e de tal choque de doutrinas só ficou a certeza de nenhuma, e a dor de não haver essa certeza. Uma sociedade assim indisciplinada nos seus fundamentos culturais não podia, evidentemente, ser senão vítima, na política, dessa indisciplina; e assim foi que acordámos para um mundo ávido de novidades sociais, e com alegria ia à conquista de uma liberdade que não sabia o que era, de um progresso que nunca definira.

Mas o criticismo frustre dos nossos pais, se nos legou a impossibilidade de ser cristão, não nos legou o contentamento com que a tivéssemos; se nos legou a descrença nas fórmulas morais estabelecidas, não nos legou a indiferença à moral e às regras de viver humanamente; se deixou incerto o problema político, não deixou indiferente o nosso espírito a como esse problema se resolvesse. Nossos pais destruíram contentemente, porque viviam numa época que tinha ainda reflexos da solidez do passado. Era aquilo mesmo que eles destruíam que dava força à sociedade para que pudessem destruir sem sentir o edifício rachar-se. Nós herdámos a destruição e os seus resultados.

Na vida de hoje, o mundo só pertence aos estúpidos, aos insensíveis e aos agitados. O direito a viver e a triunfar conquista-se hoje quase pelos mesmos processos por que se conquista o internamento num manicómio: a incapacidade de pensar, a amoralidade, e a hiper-excitação.”

 
Fernando Pessoa - O Livro do Desassossego

21 novembro 2012

Bananas!

Os indignados acham que são injustiçados, umas vítimas do sistema (que eles alimentam) e que vivem numa grande crise? Queria vê-los nos anos 60 a viver com uma ditadura às costas, na eminência de serem chamados para as guerras do ultramar, a acordar com o galo nas manhãs de Inverno sem aquecimento, nem água quente canalizada e pegar na enxada com as mãos calejadas para cavar a terra cheia de geada e ao final do dia ter para comer uma sopa de couves, batatas e feijão e uma fatia de broa com uma sardinha miúda, à luz dum candeeiro a querosene.

Naquela altura pouco se podia fazer, mas agora? Tantas alternativas... tantas comodidades... e o melhor que sabem fazer é ir para a rua mostrar a sua indignação?

Que pena! As bananas são moles, mas costumam ser saborosas...

19 novembro 2012

Flores, sexo e comida

No dia Internacional da Mulher, os homens costumam oferecer-lhes flores e um jantar especial na expectativa de receber uma feminina exibição erótica.
No dia Internacional do Homem não sei o que é costume, mas acredito que eles ficariam muito felizes com uma bela noite de aventuras libidinosas, seguida de uma ceia. E as flores que se lixem!

16 novembro 2012

Ai se eu tivesse um cavalo!

Clones de vivências não vividas. Sacadas por entre sombras. Resolutos estão. Por aí vagam os impunes. Mas nós, que sentimos com a cabeça, ai como doi. A intensidade deste viver mergulhado num molho de subjectividades condicionadas às paredes das prisões dos conceitos perversos e redutores.

Um pântano de resultados de impulsos de morte onde reinam os senhores do medo e do pecado.

Conjuntura, estrutura, reestruturação, fundação, refundação...

Prisioneiros, todos.

15 novembro 2012

Coelho! Não troques os passos!

Incomoda-me quando tenho razão sobre coisas más, eu que busco praticar a virtude preferia ter razão em relação a coisas boas.

Neste caso, recordo-me do dia em que o ainda candidato a Primeiro-Ministro, e depois de ter convocando novas eleições, apareceu no ecrã com a sua cara de sonso e a sua doce mulher ao lado. Deu-me um aperto terrível no estômago. Pensei - que erro estratégico brutal! Um homem com capacidade para se tornar num bom líder e antecipa o seu destino, que pena, que desperdício!

Foi ingénuo, pois claro está, deveria ter esperado que a Troika viesse negociar a dívida com os outros que a criaram.

E agora, que é de ti, homem! Quais as alternativas que te restam?

A meu ver tens dois caminhos, ou pegas em toda a coragem e força de vontade, que tens em potencial na tua essência, e desmantelas as redes dos compadrios e fechas as torneiras aos que usurpam o erário público, reestruturas o plano fiscal, laboral e económico, transferes sensatamente o estado social para os privados e comunidade civil, crias um plano nacional de investimento nos tesouros de Portugal (cérebros, agricultura, pescas, turismo e cultura) e estabeleces parcerias estratégicas (não vender os nossos recursos) com os países amigos (Brasil, Angola e China), ou pegas na tua pasta de Ministro e vais à tua vida, porque assim como estás, não podes continuar. Não há homem que aguente! Diz ao teu povo  que estás rodeado de homens, uns medíocres, outros gananciosos e outros que tantos com medo e que sozinho,  não tens capacidade para gerir este país.
 
Não te quero ver na travessa como coelho à caçador!
 

14 novembro 2012

Coisas boas de Portugal - 50 anos de grinaldas sonoras



"Caro Phil Mendrix,

Não tenho por hábito sequenciar e publicar palavras, nem tão pouco sou hábil no seu uso, no entanto achei por bem dedicar-te algumas.

Para grande satisfação minha, já tive a oportunidade e o previlégio de te acompanhar à bateria algumas vezes e gostava de te dar uma dose dupla de parabéns; pela cronologia do teu nascimento e sobretudo pela comemoração do teu quinquagésimo aniversário como músico de carreira. Gostei muito do espéctáculo no Ritz Club (nunca lá tinha estado) , da diversidade e da qualidade musical, do entertenimento, do burlesco, e da intervenção das palavras do Fernando Girão. Julgo que quem realmente ama este país e esta gente, entende perfeitamente o vernáculo das palavras que ele proferiu.
...

Fiquei fascinado ao ver a generosidade de um jovem como tu a tocar várias horas, quase que incessantemente. Só pode ser por amor à arte! As pessoas deste país que amam o que fazem e que realmente contribuem aos mais diversos niveis para o enriquecimento do mesmo, devem de ser exaltadas e bem tratadas e nós não somos muito bons nisso, daí também a razão da minha homenagem. Não conheço bem o teu percurso, mas julgo seres um daqueles que preza a coerência e faz falta gente coerente no seio desta amálgama indiferenciada cujos valores remetem para uma espécie de prostituição.

Bem hajas e que venham daí muitos anos de boa música a que já nos habituaste.

Parabéns!

Um abraço!"
 
José Seixo
 
Retirado do Facebook

12 novembro 2012

Lógica da batata

Se os portugueses trabalham mais horas que os alemães e alcançam menos resultados, logo, os portugueses não são tão eficientes como os alemães.

11 novembro 2012

Sobre os Sebastianistas


Meu Deus, minha Nossa Senhora de Fátima, meus Santo António e Santa Isabel, meus anjos, meus amigos sapientes, o que se passa com Portugal?

Será que Fernando Pessoa se enganou?

Ofuscação

"You remind me of you
when you shot through
and broke my window glass
it happened so fast
I have to confess
I was impressed, I was impressed
despite all the mess and the broken glass
I was impressed"

Andrew Bird

09 novembro 2012

"E o futuro não é mais como era antigamente"

"Eu quis o perigo e até sangrei sozinho
Entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do iní­cio ao fim.
E é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi."

Renato Russo