30 agosto 2016

Deve ter sido da “Casa dos Espíritos” que voltei a ler

Há os que emigram e nunca mais voltam
Há os que emigram e voltam à terra.
Pensei nisso quando constatei que voltei à terra.
Da infância
O cheiro único desta terra molhada
A marginal com o mar a galgar
A casa abandonada da esquina depois do farol
O Bugio

Não sei bem a que propósito estava aqui a pensar nisso.

24 agosto 2016

Síndrome de quê?!


O tempo passa, a vida passa, os dias vão passando
Os anos contam, o corpo muda, o corpo pesa
O desassossego da adolescência já se foi
A energia dos vintes declina e a ansiedade é menos assustadora
A determinação e o ímpeto construtor dos trintas já não fazem sentido
Doces quarentas…
Embora o corpo pese, tenha que dormir mais,
É tudo mais leve, é tudo mais lento
Parece que o tempo é mais lento,
E depois, quando me dou conta, tudo se passou tão rapidamente à minha volta
Sinto uma espécie de vazio, um andar à deriva
Sei para onde vou, mas parece que me vou deixando ir,
É como se conhecesse as correntes e fosse levado pela inércia
Sem esforço para continuar a navegar
Os meus pensamentos ainda fazem barulho, já nem lhes ligo tanto, às vezes não lhes presto qualquer atenção, esqueço-me do que andaram para ali a falar e inventar.
Ando a prestar atenção ao meu inconsciente calado, mas movediço e presente.
Ando a perder-me dos pensamentos
E a “sentir” a intuição
Ás vezes estranho.
Pouco mando cá para fora, parece que faço pouco, por dentro e por fora, embora tenha uma vida produtiva e próspera.
Claro que se investisse o ímpeto construtor dos trinta, trabalharia mais horas e ganharia mais dinheiro.
Não foi planeado, mas estou a ver e a fazer as coisas de uma forma diferente, nestes tempos do meu tempo que se funde com o tempo da sociedade e o tempo eterno.
Ai este hábito humano de tentar catalogar as coisas da vida, que fase será esta? Essa coisa das coisas de cada idade, tal institucionalização das nossas vivências através dos tempos.
Chega de síndromes, por favor!
Enfim, só deixar para ficar registado.

Afinal sou eu, o Romeiro que viaja na companhia de um diário onde grava momentos da viagem, como de fotografias se tratassem.