31 dezembro 2009

Amor-próprio

Finalmente posso dizer, de coração pleno, que me amo.

Pelas qualidades, por aceitar os meus defeitos, mas principalmente, por ter adquirido a capacidade de perdoar-me pelos meus erros.

30 dezembro 2009

Belo Timing Jeff

Gosto muito de música, talvez por ter nascido numa família de músicos, talvez por natureza. A música é para mim a banda sonora da minha vida. Já imaginaram um filme sem banda sonora? Imaginem então, uma vida sem música.

Assim como nos filmes, há músicas que condizem com o estado de espírito, ou a história do filme. E acabou de me acontecer algo que considero extraordinário.

No Natal de 2006 o meu primo ofereceu-me um cd do Jeff Buckley. Temos uma sintonia musical e muitos gostos em comum. Ele trazia-me sempre as novidades de Londres. Desta vez uma novidade antiga, música dos anos 90, a minha década de eleição, de um músico que não conhecia, que morreu jovem e que só agora, na década de 2000, eram lançados os seus trabalhos.

Fiquei um ano com o mesmo cd no carro, e cada nota, cada letra, cada acorde, há anos que não me apaixonava assim… o engraçado é que não vi um teledisco, ou capa de cd, ou artigo ou foto do Jeff Buckley até o Natal de 2007, quando ouvi uma das suas interpretações de uma música de Leonard Cohen – “Hallelujah” ( uma das poucas músicas que não gosto muito). Deu-se o momento em que o músico se personifica.

Durante 2008 continuei a ouvir o tal cd e no Natal de 2009, começo a fazer pesquisas no Youtube e encontro novas músicas. E uma que “condiz”, era mesmo a música que traduz o que sinto neste momento.

Haverá uma razão para isto? De ir á procura de Jeff Buckley em 2009? Neste preciso momento da minha vida? Porque se a tivesse ouvido antes, a tal música, não faria o sentido que faz agora. Neste momento em que aparece e parece que é feita para mim, estado de ser deste momento.

Isto é que é um perfeito timing!

29 dezembro 2009

Meu querido diário

Para que serve um diário?

Para muitas coisas, claro! Diário de bordo, de viagens, de virgens, de pessoas que não têm nada melhor para fazer, diário de frustrados que gostariam de ser escritores, de viúvas desesperadas, de adolescentes escondidas de Hitler…

Tantos usos e abusos.

Mas servem para quê? Um instrumento de reencontro com o eu num presente que será memória, num presente que estará presente no futuro? Um fio de história...

Será uma fuga para o interior, a fuga do relacionamento com o outro, o nosso inferno?.

Porque há esta necessidade de registar o que se passa na nossa vida, na viagem e bagagem?

A sério?!? É o Ego em acto de masturbação?

A masturbação até que não é má, mas falta sempre qualquer coisa.

27 dezembro 2009

"Isolation"

"Be clear every day, every evening


It calls here aloud from above

Carefully watched for a reason

Mistaking devotion and love

Surrendered to self-preservation

From others who care for themselves

But life as it touches perfection

Appears just like anything else



Isolation

Mother, I tried, please believe me

I'm doing the best that I can

I'm ashamed of the things

I've been put through

I'm ashamed of the person I am



Isolation

But if you could just see the beauty

These things I could never describe

Pleasures and wayward distraction

Is this my wonderful prize?

Isolation"

Joy Division

19 dezembro 2009

Aviso

Este blog, na sua generalidade, tem pouco interesse.

Não vai muito além de um exercício de reflexão do eu para mim.

Por isso, pense bem antes de investir o seu precioso tempo a lê-lo.

“Nothing else matters”

Já me importei com o facto de não me levarem a sério. Agora o que quero, é exactamente o contrário.

“Vamos à janela, felizes a cantar”

Gosto do Natal, é uma altura em que as pessoas fazem um esforço por serem melhores seres humanos e preocupam-se em agradar. Uma altura de reunião familiar. Mesmo que seja por um ou dois dias. Deveria haver mais Natais. E de preferência Natais em que dar e receber não se centrasse no consumismo obrigatório imposto pelo capitalismo da ganância. Que haja pelo menos 1 dia em que as pessoas possam praticar a bondade, o amor, a celebração. Que haja um dia para aqueles que desejem ter a oportunidade de serem virtuosos, pelo menos um dia para abandonar a hipocrisia, a mentira, a inveja, o medo e a crueldade normalmente praticada durante o resto do ano. Um dia para a rendenção, para aliviar o peso que sentem, que embora não queiram admitir que o sentem. Sim, tirem as máscaras pelos menos um dia, que seja Natal.

Natal de paz e de esperança.



24 Dezembro 1996
É Natal! Sinto um alvoroço de alegria. Tenho vontade de sair pelas ruas a desejar Boas Festas a toda a gente. Seria muito bom se as pessoas conseguissem estar mais felizes para transmitir amor ao próximo, criando assim, uma corrente de aliança na busca da felicidade.

O dia está nublado, ventoso, chuvoso, lindo! Porque estou feliz e tudo está lindo! A beleza do mundo está ao nosso alcance. A Felicidade são os olhos para as coisas belas que nos rodeiam!…

…já é noite, noite de Natal, a lua está cheia, estiou.

14 dezembro 2009

O concerto ou a amiga?

Como é costume nesta época natalícia, as avenida e praças de Lisboa estávam decoradas com milhares de luzinhas e o frio húmido penetrava nos poros da minha pele, enquanto fazia a caminhada desde a meio da Av. da Liberdade , passando pelos Restauradores, Rossio, Chiado até ao Teatro S. Luís.

Ía ter com o meu pai, o artista com 62, e a minha avó, a mãe do artista com 90 anos, depois do concerto do S. Luís acabar, á meia-noite. Grandas Malucos! E com que artistas estávam o meu pai e a minha avó? Para quem não conheçe, são uma banda de culto aqui das redondezas da “horta” alfacinha, que de verde até tem pouco. Esta banda, com cerca de 20 anos é o ex-líbris das palavras feias e do deboche pitoresco, típico de ondas de cabaré jocoso. Mas desta vez mais estilizado, com uma teatralização soberba e num teatro a sério. E acima de tudo, com um elenco de grandes artistas.

Mas perdi o concerto, memorável segundo o público que lá esteve. É que entretanto, tive um apelo de uma amiga; sentia-se só e triste e fui ter com ela. A minha avó estava tão entusiasmada com o sucesso do seu filho que não conseguia perceber ? - porque perderam o concerto? Dizias á tua amiga para vir também! E seria a melhor proposta, sem dúvida, mas a minha amiga tem uma filha de 14 meses e ninguém para tomar conta dela naquela noite.

O que fariam, se tivessem no meu lugar? Não me interessa o que fariam. Eu fiquei com a minha amiga, sem pestanejar. Principalmente quando são eles, os amigos, a pedir o nosso carinho. Se os amamos, não os vamos abandonar, não é?

Amanhã haverá mais concertos...e quiçá, no próximo ela terá alguém a tomar conta da bebé linda e estará comigo, mais feliz?

Até que a morte nos separe

Os amigos, os que são realmente amigos, são aqueles que conseguem ser mais verdadeiros connosco. Melhor que os pais e os filhos. Esses espelhos de nós pertencem á dimensão do amor incondicional. Os espelhos dos amantes é dúbio, pode ser como uma faca de dois gumes. Ora espelhos de verdade sensatos, ora deturpados pela loucura da paixão. Não me alongo mais com esta dos espelhos, o que queria dizer é que dou valor ao que os meus amigos dizem acerca de mim. Pelos menos penso sobre o que me tentam dizer.
Há uns tempos atrás uma amiga de longa data, disse-me com ar grave:

- Perdeste a tua criança!

Era um espelho de verdade assustadoramente verdadeiro, tinha mesmo perdido a minha criança. Desde então procuro reencontra-la. São já 3 anos de busca. Não há muito tempo parece que a vi, mas perdi-lhe o rastro.

O mundo exige e insiste que cresça e que me torne num adulto sério.

Quero ter rugas bem vincadas e continuar a surpreender-me com o por-do-sol, quero estar com artroses e ir às silvas saborear amoras, que fiquem presas as graínhas na dentadura, e recordar os momentos de quando era criança e as apanhava com as mãos e os braços riscados. Quero enterrar os mais velhos e ter quase um ataque cardíaco de alegria pelo nascimento de um neto.

Não, não quero ser adulto sério, muito importante e chato.

Criança, vem cá meu amor, vamos brincar, não me deixes, não te vás, vem ficar aqui comigo, até partirmos para a próxima viagem.