17 outubro 2012

Sem beira nem eira

Embora não haja total controlo sobre a nossa vida, porque ela está condicionada por diversos factores (internos e externos), temos a oportunidade, uns mais, outros menos, de desenhar o nosso caminho, de transformar os sonhos em realidade, de moldar o nosso destino. E eu ia tão bem, e mesmo com momentos maus, fiz o que gostaria de ter feito, conquistei quase tudo o que havia idealizado, galgei montanhas, sangrei, mas sempre com um rumo definido e com o peito cheio de satisfação.

Mas, por obra de sei lá do quê, algo veio perturbar o meu percurso, algo que fugiu ao controlo, algo inesperado, quiçá aquilo que me faltava vivenciar. E tudo foi abaixo, 38 anos de trabalho realizado com determinação deitados por terra. E a minha ingenuidade e inexperiência em matéria de mistérios do amor, aquela coisa mágica que a minha racionalidade sonhadora, sim racionalidade sonhadora,  nunca antes havia experimentado, o impacto da emoção que turva o raciocínio, atirou-me para um limbo tenebroso. O que vou fazer agora? Aqui não estou, e para lá não vou porque não há nada. Permaneço neste impasse, na estagnação, sem vontade de avançar, de fazer, de realizar. E por mais que me esforce para idealizar um novo caminho, nada acontece, é como se estivesse estéril, como se tivesse perdido a capacidade de criar, de sonhar.

Deixo-me ficar no nada, entre o que foi e o que poderá ser e se o sol me secar ao ponto de me tornar comida para abutres, que assim seja, é sempre mais útil e digno que viver sem rumo.

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