Mas, por obra de sei lá do quê, algo veio
perturbar o meu percurso, algo que fugiu ao controlo, algo inesperado, quiçá
aquilo que me faltava vivenciar. E tudo foi abaixo, 38 anos de trabalho realizado
com determinação deitados por terra. E a minha ingenuidade e inexperiência
em matéria de mistérios do amor, aquela coisa mágica que a minha racionalidade
sonhadora, sim racionalidade sonhadora, nunca antes havia experimentado, o impacto da
emoção que turva o raciocínio, atirou-me para um limbo tenebroso. O que vou
fazer agora? Aqui não estou, e para lá não vou porque não há nada. Permaneço neste impasse, na estagnação,
sem vontade de avançar, de fazer, de realizar. E por mais que me esforce para idealizar
um novo caminho, nada acontece, é como se estivesse estéril, como se tivesse
perdido a capacidade de criar, de sonhar.
Deixo-me ficar no nada, entre o que foi e o que
poderá ser e se o sol me secar ao ponto de me tornar comida para abutres, que
assim seja, é sempre mais útil e digno que viver sem rumo.
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