- Corre, senão perdes o comboio!
- Estou quase pronta.
- Corre, despacha-te!
- Calma, já vou.
Chegaram à estação e o comboio acabara de sair.
- Sua estúpida, não te disse que ìas perder o comboio?
- Calma, daqui a 3 horas há outro, entretanto, podíamos ir
ao mercado comprar uma frutinha!
- Não vês que está tudo perdido por não teres ido naquele
comboio? Aquele era o único que te levava aonde desejavas ir, o próximo tem
outro destino.
- Não faz mal, já não me interessa o destino, interessa-me a
viagem.
- Estás louca, mas disseste que desejavas ir naquele comboio?
- Desejei. Mas já não importa, perdi-o.
- Não estou a perceber?
- Quando corria para
apanhar comboios que, julgava eu, me levavam ao destino do meu desejo, andava
sempre ansiosa e muitas vezes ficava desapontada ao chegar lá e não ser aquilo
que estava à espera. Agora vou apanhar qualquer um, não tem importância.
- Mas se não sabes para onde vais, a tua viagem fica sem
objectivo.
- Só quero viajar, a saborear uma frutinha e ir aonde o
comboio me quiser levar e em vez do desejo de chegar a um destino escolhido e do
risco da desilusão, terei a surpresa, a frescura da novidade e o entusiasmo da
descoberta de destinos desconhecidos. Afinal, nunca deixa de haver um objectivo,
o de viajar sem destino.
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