22 abril 2011

“O mar enrola na areia”

Não interessa se pensam de forma diferente, porque isso não muda nada. Ele é céptico, mas porque tem medo de acreditar, não por ser cínico e frio. Ele tem dúvidas espirituais. Sente-se só. Ela tem dúvidas mundanas, mas é crente, acredita no amor e em Deus. Não nesse Deus que ensinaram a acreditar. Ela não tem um Deus, ela é parte de Deus. E por isso nunca se sente só.

Mas a lei da atracção não vê estas coisas de crenças e formas de estar, sentir e pensar a vida. É uma lei atómica, um elo de ligação entre seres diferentes como a água e a terra. Tudo deixa de importar, as dúvidas mundanas, as dúvidas espirituais.

A costa acolhe a onda ruidosa no seu regaço, sempre.

13 abril 2011

Pain in the ass

Estamos vivos, e temos que viver. A minha vida é pautada pela experiência e a emoção que nasce dessa experiência. Muito mais isso que a razão, a teoria, o abstracto. Pelo facto de viver intensamente as emoções que Deus me deu, tenho uma tendência a racionalizar para compreender melhor. Mas o que sinto é tão grande que não se adequa a explicações racionais. Não há imagens, não há palavras. Por isso, muitas vezes sinto-me “out of this picture”, longe da racionalidade dos meus irmãos. Tenho ainda que amadurecer a destreza de gerir a minha grande emoção com a raquítica razão circundante e a minha humilde razão. Se a preguiça der tréguas, talvez busque esse saber. Por agora, a emoção é quem toma conta do meu ser. Os prazeres da carne ainda são os meus preferidos, comer, beber, nadar, beijar, ouvir música e dançar, ter orgasmos, sentir o vento nos cabelos, ver o pôr-do-sol… e também os menos bons de sentir, a ansiedade, a raiva, as lágrimas, o medo, a dor.

E disse-me uma vez um médico, - “fumar não mata, tristeza é que mata”!

De certo que as emoções guiam os seres humanos, se observarmos bem a sociedade, é toda ela emocional (mesmo aqueles que tentam encontrar na racionalidade um refúgio, com as suas teorias, crenças e leis), a racionalidade é só o esqueleto, o resto é o batimento do coração, o sangue nas veias, os órgãos a vibrar, o sopro da vida a bombar. Somos a manifestação emocional do corpo divino. Ele quer sentir a experiência de viver, não ser Verbo somente.

Mas há uma pergunta que nunca me sai da cabeça - Se é assim tão bom viver, sentir, se Deus nos deu esta benção, porque é que tantos andam doentes, sós e vazios? Qual é o objectivo?

E eu, a levar com eles…sem escudo, nem armadura.

04 abril 2011

Vozes do além

De que me serve a intuição, se quando chega a razão não consegue interpretá-la e já é tarde demais?

De que me servem os sonhos, os que sinto ao acordar que vão acontecer e que geralmente se tornam realidade, e não saber como e quando acontecerão?

Será que ainda tenho que desenvolver mais qualquer coisa ou viverei sempre neste inquietante saber cego?

02 abril 2011

Falo fá-la fabular

“Tenho um amor por alguém. Esse alguém, não é ninguém, porque não existe em nós. O amor que tenho, só existe em mim. Será que poderei partilhar este amor comigo? Não faz muito sentido, é como masturbar-me. Um amor que não se pode partilhar, é um amor estéril.”

Mulher que pensava em experimentar um vibrador, mesmo sabendo que seria impossível vir a ama-lo.

Comportamentos desviantes

Custa admitir, mas recentemente descobri que tenho uma mania e uma obsessão.

A mania de endireitar quadros seja onde for, nos restaurantes, nos escritórios, em casa dos amigos, dos clientes e familiares. Com quadros tortos, o horizonte declina.

A obsessão é em relação à música, quando gosto de uma, ouço-a vezes sem conta… gosto. A música é uma dádiva maravilhosa que os deuses e a natureza deram ao Homem. A ligação consciente, emocional, espiritual, instintiva, intuitiva dos humanos com o Universo, nosso berço.

Ok, não deixa de ser uma obsessão ouvir repetidamente determinada música.

A sorte é que existem boas razões (ou sou eu a desculpar-me?) por detrás destes distúrbios, a mania da busca do equilíbrio e obsessão em permanecer na viagem com as esferas do Universo.

Paradoxal, comportamentos desviantes motivados por ideais, se não nobres, com algum valor, pelos menos para mim. É, talvez seja a desculpa de todos os seres que têm manias e obsessões, acreditam sempre, que existe uma saída nobre para a sua depravação.