29 agosto 2008

Desventuras de Amor

Música entra e toca, mexe na minha mistura oprimida. Então, estremeço.
Música embala, leva-me aos lugares mais íntimos de mim, dói-me o coração.
Música relembra tudo o que me esqueço e esqueci, estremeço, dói-me o estômago. …
Nunca mais chega a minha Primavera! Estou a hibernar… O violino soa triste, a apelar a algo.
Peito definhado de ansiar, o rosto afina-se e os lábios descaem-se nos cantos. Momento de estagnação, pântano, antro de bichos esquisitos do imaginário. A densidade da inércia… Fuga nestas fúteis palavras que desenho. A música ampara-me, cruel e piedosa. O meu ser chora de olhos secos.
Maio 1998
A lua nasce quente de Verão. O vento vai forte e frio. Dentro de mim um oco, um abandono da vontade de ir em frente e deixar-me morrer de dor infecunda, abrir ferida e lá permanecer, sem me mexer, no meio do sangue.
Junho 1998

Corações vazios e almas ocas e Manifesto Feminino

Corações vazios e almas ocas

É o culto do corpo que impera nos vossos corações, a vossa alma reflecte a sociedade de hoje. O conforto instituído composto por ar condicionado, belos trajes e bonitos restaurantes, carros e muita luxúria. Tudo gira à volta da matéria.
Defende-se a liberdade, a que temos direito a usar. Dizem que ser livre é ir para a cama com quem se tem vontade, é natural. Quantas vezes se quiser, é coisa boa.
Criticam-me, dizem que sou moralista por não querer experimentar as vivências luxuriantes. Comparam-me a dogmas e clichés, o religioso corriqueiro e opressor.

A cumplicidade, a intimidade sagrada, rica, rica porque tem o sentimento, a razão e o sexo, o prazer carnal que se eleva á expressão suprema da fusão.
Quero partilhar o meu corpo com um coração habitado pelo amor ou, no mínimo, pela esperança, e a alma luminosa de virtude e felicidade.
Não quero corpos estranhos com corações vazios e almas ocas.

1998


Manifesto feminino

A mulher moderna, fruto da cultura milenar da opressão. Suas ilusões, suas fantasias, ambições e enganos. O peso do seu valor no mercado de trabalho. O feminismo machista, a futilidade dos luxos da moda e da beleza, imagem de objecto sexual.
Como andam enganadas as mulheres que julgam que a sua emancipação passa pelo abandono da sua natureza (feminina, maternal, a doçura e a sensibilidade e até os dotes das artes domésticas) e passam a comportar-se de forma masculina. De certa forma, o extremismo do feminismo é tal funesto como o puro machismo.
A emancipação da mulher é, e só é, a luta pelo reconhecimento das características inerentes à natureza da mulher, é a procura do respeito e igualdade de direitos de duas naturezas que embora opostas, não podem ser inimigas, mas sim complementares.
A luta pela supremacia, gera a confusão de papeis, a mulher empurra o homem para baixo como antes o homem fazia com ela. Assim não há evolução, apenas uma luta de poder, com jogos de hostilidade e competição. Imaginem uma luta entre um homem e uma mulher dentro de água, onde é necessário empurrar um para baixo, para que outro, apoiado naquele que fica debaixo de água sem voz, sem ar, possa respirar á tona dágua. Não, não, não é nada disso.
A emancipação da mulher é a reconquista do seu valor, é o respeito e a valorização da sua natureza, é o complemento e a aliança com o homem. É como no acto sexual, onde os distintos órgãos sexuais encaixam e juntos promovem prazer e vida.
Por isso mulheres, não sejam machistas e continuem a lutar sim, mas para caminhar lado a lado dos homens e não para os ultrapassar, porque ao estarem á frente, acabam por ficar sozinhas, tão sós como se continuassem atrás.
1998

Citações “O poder da vontade baseia-se na aptidão para participar na felicidade” Sto Agostinho

“A minha grande ambição é conquistar o amor” – não sei de onde veio isto, mas gosto.

Agosto 1998