O meu primo, 6 anos mais novo que eu, era um puto
de bom coração, um betinho que estudava num colégio inglês muito reputado, mas
com pouca “maturidade” musical. O melhor que ouvia era o Brian Adams, os Waterboys
e os James. Nunca mais me esqueço quando acabo de chegar do Brasil e ele
leva-me a um concerto dos Delfins, memória dolorosa...
Enfim, tinha que fazer algo, até porque passara a
partilhar o sótão e o gira discos com ele.
No primeiro Natal juntos, quando tinha acabado de
completar os seus 15 anos, ofereci-lhe o álbum “Animals” dos Pink Floyd, a
banda que ouvia desde os tempos que dançava na barriga da minha mãe e
minimamente reputada para melhor influenciar o rapaz. A banda ele conhecia,
como qualquer bom rapaz que se preze, mas o álbum não.
Deu-se então uma coisa mágica ou um feitiço, o
certo é que ele, sempre que acordava e quando chegava das aulas até ir dormir,
colocava o álbum on repeat. Cheguei a
ir desligar o aparelho com ele já adormecido.
Foram 2 anos a ouvir os “Animals” quase todos os
dias.
Ainda tenho o tal albúm em vinil que herdei
quando deixou as terras lusas, mas fiquei anos sem o voltar a ouvir até há
dias.
E então?
Viagens no tempo...E o meu primo continua um bom rapaz.
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