"Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz."
Sei a verdade e sou feliz."
Alberto Caeiro
Sou o guardador de rebanhos do poema. Sou tão feliz e triste que até doi. A intensidade com que vivo as coisas às vezes pesa e, algumas vezes, dá-me vontade de ser um simples guardador de um rebanho de cabras, acompanhado por um cão amigo e a percorrer montes e vales a seguir a estrela, sem dinheiro, nem impostos e seguros. Se calhar seria igual...
Mas se não tivesse esta intensidade no pensar e sentir, o que me restaria da passagem por esta insólita, estúpida e caótica existência humana?
Mas se não tivesse esta intensidade no pensar e sentir, o que me restaria da passagem por esta insólita, estúpida e caótica existência humana?
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