Como é comovente o sofrimento humano. Como é confusa a
mente. Os sonhadores definham e contorcem-se, os desesperados agarram-se às
verdades, os pobres criam ídolos. O medo é Deus. E os desertos alargam-se, os mares engolem as
almas e as fugas nas noites intensificam-se. O sexo, num derradeiro grito de
socorro, faz acelerar o coração vazio de amor. As drogas lícitas e ilícitas são
as moletas de mais um dia a arrastarem-se na vida vã pejada de doença. A música
já não é blues, é folia com nádegas de gel, tal desespero. Os modernos mataram
Deus, suicídio colectivo para se livrarem da escravidão da religião. Nada
resolveu. Continuam ocos, sem nexo, a temer a morte que só existe nas suas
cabecitas finitas.
Quis juntar-me a vós, fiquei doente, dobrei-me e sangrei
dos joelhos, odiei-vos, provei o fel do sofrimento para conhecer a dualidade, mas estou de
volta dessa viagem.
Estou de volta a mim. Àquela alma alegre e linda.
Sim, eu sei, tenho que continuar por aqui com eles de minha roda.
Não faz mal, eu aguento.
Afinal o cenógrafo esmerou-se.
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