Quando para lá emigrei, tinha 12 anos, recordo-me bem das festas monumentais do dia da criança, tal mobilização nacional. Raramente me esqueço desta data.
Lembro-me que uma das coisas que mais me surpreendeu quando cheguei ao Brasil, foi a quantidade de crianças. Em Portugal éramos já considerados uma família numerosa com 5 filhos vivos, no Brasil era coisa normal, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11.
Hoje deu-me uma certa nostalgia ver uma fotografia minha em criança, a brincar na areia com umas latas em que numa delas estava escrito Nestlé. Nestlé, a petição que assinei há dias, contra a privatização da água nos países mais frágeis socialmente.
Depois lembrei-me do sms de felicitações pelo meu aniversário da Unicef na semana passada, a agradecer pelas crianças que, espero eu, estou a apoiar.
Para intensificar as emoções recordo a conversa telefónica que tive ontem com uma grande amiga que me testemunha uma realidade tenebrosa na Suíça, instituições escolares a impor a administração de ritalina em crianças, neste caso, numa criança de 5 anos!!
Respiro, escrevo, fiz exercício, sinto o mundo a cair.
A minha criança interior treme um bocadinho.
Mas as memórias da minha infância são tão doces, tão ricas, tão soltas que acabo por sentir que há esperança para muitas crianças.
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