Ode a Fernando Pessoa
Tão oco
Tão cheio
O teu ser estremecia de agonia
Onde foste com ela?
Ias e voltavas na tua forte fraqueza
Na tua fortaleza
Eras tão pequenino, tão insignificante
Com as angústias da tua passagem desassossegante
O teu frenético medo e a tua brilhante e inadaptável alma.
Espero-te agora grande
Não pelo que foste e nos deixaste
Mas pelo que brilhas no universo, pela eternidade
Teu lugar
Esplanada de Lisboa
Ócio…
Ócio dos bons
A tarde esvai-se
O vento frio voa
Perdem-se coisas malandras e confusas
O amarelo tenta reflectir
O cão passa, passas…
Pulgas
Vão, vêm, vai
Autocarro apinhado
Trabalho por vagas febris
Aqui, ócio
Só fresco
Divagar, devagar…
Lisboa, que me tens no teu regaço, deixa as estrelas invadirem a tua nostalgia!
Março 1996
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