“É bem conhecido de todos nós que não há Afrodite sem Amor. Se houvesse, portanto, uma só Afrodite teríamos também um só Amor. Mas o facto é que há duas e, como tal, necessariamente dois Amores… Uma, a mais antiga e que não teve mãe, é filha do céu – e eis a Afrodite que designamos também de celeste; a outra, a mais recente, é filha de Zeus e de Dione – e eis a Afrodite a que chamamos popular…
…nenhum acto, considerado em si e por si mesmo, é belo ou vil… - beber, cantar, conversar…- nenhuma delas tem por si mesmas qualquer beleza. O que determina essa qualidade num acto é o seu modo de realização: se o realizamos de forma bela e digna, ele resulta belo; em caso contrário, vil. Assim acontece quando amamos: nem toda a espécie de amor é bela e digna de elogios, mas aquela que nos incita a amar com nobreza…
… E por indigno entendemos justamente esse amante popular, que prefere o amor do corpo ao amor da alma, e não guarda constância porque o objecto a que se prende não é também constante: logo ao passar a flor da juventude, objecto da sua paixão, «evola-se e desaparece»… Pelo contrário, aquele que ama alguém pela beleza do seu carácter, esse permanece fiel pela vida fora, porque se funde com o que é constante.”
Platão, O Banquete
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