07 junho 2010

A culpa é da Cândida?

“Não, não foi uma mulher, foi um fungo numa mulher o culpado pelo colapso de um momento mágico. Irónico. Sim. Tão irónico que dá vontade de rir da comédia trágica do fungo microscópico a matar a grandeza do encontro entre duas almas enamoradas”.

Esta ocorrência é mais um indicador de que a nossa percepção pessoal sobre os factos não passa de percepção. Ponto.

Não interessa a realidade, e aqui neste caso, ela é mesmo inútil, interessa a percepção que temos sobre o que pensamos ser real.
E como é da praxe, mais umas perguntas. Afinal, como é que podemos apurar a nossa percepção ao ponto de a aproximar o mais possível da realidade? Por si só, a percepção não chega lá.

Será a verdade? Sabemos nós alguma coisa sobre a verdade, todos temos as nossas verdades, que muitas vezes são as maiores mentiras jamais inventadas.

O sentir? Um nó no estômago? Pode ajudar, mas também não me parece. A intuição? Está a aquecer, o mal da intuição é que é tão subtil e veloz, que quando chega o pensamento deixa de ser intuição. Só se formos rápidos e crentes. Sim, crentes, quando acreditamos naquele primeiro sinal.

Então como lá chegar, à realidade, como conseguir saber o que realmente se passa? Mesmo que seja uma cândida - só vista a microscópio -.
Ah! Estou no caminho errado. São outros dons que nos levarão à “sabedoria”, à conformidade da percepção ao real.

Não posso deixar de admitir que a importância que damos às coisas pode ser baseada em falsas interpretações da realidade, ou desconhecimento dos factos atrás dos factos. Ou ainda, incapacidade para perceber o outro. Na ausência da coragem de se ser verdadeiro. Ou falta de destreza para seguir o ímpeto do coração.

Com estas considerações, começo a chegar à conclusão que tudo é tão relativo. Como um ser minúsculo que pode ser grande e uma grandeza reduzida ao minúsculo.
E nós aqui a tentar arranjar explicações para os factos, factos esses que podem ser interpretados de diferentes formas. Formas de ilusão.

Quando não conhecemos, deduzimos. E deduzimos sempre alguma coisa que nos convenha, convencemo-nos de algo que nos trará menos confusão ou dor. E quando queremos acreditar, tudo é possível. Independentemente da realidade.

Fica-se assim, aparvalhado com os resultados. Que mais se pode fazer? Rir? Não levar tudo tão a sério. Vistas bem as coisas, tudo poderia ser tão simples, mas nós, seres complexos, cheios de complexos, complicamos tudo. E assim, vamos indo iludidos que está tudo sobre controlo.


Mas afinal quem foi o engraçadinho que deu o nome de cândida a um fungo que gosta de se alojar em vaginas e pénis?

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