19 junho 2010

Carta de um soldado

“Querida Paulina, meu Amor,

Minha querida flor, nem posso acreditar que a guerra acabou. A guerra suja do Ultramar. Em breve estarei de volta ao reino, ao reino dos céus porque estás aí. Mal posso esperar por te abraçar quando te vir no cais a sorrir para mim. Meu amor. Cheguei a pensar que a memória de nós se ia perder no tempo. Tive medo. A guerra mete medo. Mas agora o medo morreu em África, eles começam nova vida e nós também. Minha amada linda, em breve estaremos juntos e junto de ti quererei ficar para sempre, mesmo que haja outras guerras.
Parto amanhã …/…e o amanhã seremos nós.”


Fonte: desconhecida

17 junho 2010

Vamos construir um palácio?

"Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito.
Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?"


Fernando Pessoa



Pensamentos há muitos, somos livres de criar ilusões;
Memórias não movem moinhos, apenas potenciam o sentir;
Sentimentos, muitos os há, somos seres sensoriais;
Palavras, leva-as o vento e quase nunca conseguem traduzir o que pensamos ou sentimos;
Acção, eis a questão, através dos actos é que vamos fazendo o caminho, através da acção sublimamos a ilusão e a emoção. E dispensam-se as palavras.
Não é a memória daquele abraço que nos vai trazer de volta o abraço. É a vontade de concretizar o abraço - a acção-  que nos levará àquele abraço novamente.

Portanto, se queremos realmente alguma coisa, temos que agir!

13 junho 2010

Land of Sunshine

Lembrei-me hoje dum grande concerto da minha vida em Alvalade por volta de 1992/3, Faith No More e Metallica ou Guns and Roses? Já não me lembro bem.
“Land of Sunshine” era uma das "minhas músicas" da altura, principalmente porque é um hino que se não fosse escrito, teria eu de o escrever.
Foi um regozijo canta-la a dançar ao calor de uma tarde de verão.

“You have a winning way, so keep it
Your future
You are an angel heading for a land of sunshine
And fortune us smiling upon you
Prepare for a series of comfortable miracles
From fasting to feasting
And life to you is a dashing, bold adventure

So sing and rejoice

And look for the dream that keeps coming back
Your future
Pat yourself on the back and give yourself a handshake
Cuz everything is not yet lost...
(does life seem worthwhile to you?)

HERE'S HOW TO ORDER!
Does life seem worthwhile to you?
Do others push you around?
Is age against you?

Sing and rejoice!

Does life seem worthwhile to you?
Does emotional music
Have quite an effect on you?
I-I can help - I can help you - I CAN HELP YOU HELP YOURSELF!
HERE'S HOW TO ORDER!
Varicose
Comatose
Senile”



Faith no More

09 junho 2010

Febre

Muitas vezes sinto-me um cão. Um cão que pressente o perigo e tem a missão para dar o sinal de alerta. Mas no mundo do dragão o meu latir é levado pelas labaredas. Sou um cão que perdeu a capacidade de comer fogo e de guardar o portão. Sou um cão burguês para acariciar e fazer companhia. Ser agradável e não usar as mandíbulas. O cão, outrora protector, agora o cão protegido. Sou um cão sem missão.

08 junho 2010

Viagens por minha terra

Andei sempre a olhar para fora, a sonhar, a dedicar-me aos outros. Nos últimos tempos iniciei uma viagem para dentro de mim. Sentia que não podia passar por esta vida sem me conhecer melhor. E estou em plena descoberta. Não é uma nova adolescência como pensava, porque as perguntas da adolescência eram perguntas em relação ao novo mundo que se apresentava. É uma nova aurora, sim, mas com perguntas relacionadas com o meu íntimo, a descoberta dos meus tesouros, a coragem para iluminar os recônditos mais escuros do meu ser. E a meio caminho da minha vida (se viver até aos 80) é que começo realmente a conhecer-me, a perceber certos padrões e medos. A deitar por água auto-sabotagens que me impediam de viver plenamente. A cortar as crenças limitadoras e reaccionárias, as minhas ervas daninhas. Por um lado uma limpeza, por outro, uma aventura. E quando descobri esta frase, fez todo o sentido.
"Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta."
Carl Jung

07 junho 2010

A culpa é da Cândida?

“Não, não foi uma mulher, foi um fungo numa mulher o culpado pelo colapso de um momento mágico. Irónico. Sim. Tão irónico que dá vontade de rir da comédia trágica do fungo microscópico a matar a grandeza do encontro entre duas almas enamoradas”.

Esta ocorrência é mais um indicador de que a nossa percepção pessoal sobre os factos não passa de percepção. Ponto.

Não interessa a realidade, e aqui neste caso, ela é mesmo inútil, interessa a percepção que temos sobre o que pensamos ser real.
E como é da praxe, mais umas perguntas. Afinal, como é que podemos apurar a nossa percepção ao ponto de a aproximar o mais possível da realidade? Por si só, a percepção não chega lá.

Será a verdade? Sabemos nós alguma coisa sobre a verdade, todos temos as nossas verdades, que muitas vezes são as maiores mentiras jamais inventadas.

O sentir? Um nó no estômago? Pode ajudar, mas também não me parece. A intuição? Está a aquecer, o mal da intuição é que é tão subtil e veloz, que quando chega o pensamento deixa de ser intuição. Só se formos rápidos e crentes. Sim, crentes, quando acreditamos naquele primeiro sinal.

Então como lá chegar, à realidade, como conseguir saber o que realmente se passa? Mesmo que seja uma cândida - só vista a microscópio -.
Ah! Estou no caminho errado. São outros dons que nos levarão à “sabedoria”, à conformidade da percepção ao real.

Não posso deixar de admitir que a importância que damos às coisas pode ser baseada em falsas interpretações da realidade, ou desconhecimento dos factos atrás dos factos. Ou ainda, incapacidade para perceber o outro. Na ausência da coragem de se ser verdadeiro. Ou falta de destreza para seguir o ímpeto do coração.

Com estas considerações, começo a chegar à conclusão que tudo é tão relativo. Como um ser minúsculo que pode ser grande e uma grandeza reduzida ao minúsculo.
E nós aqui a tentar arranjar explicações para os factos, factos esses que podem ser interpretados de diferentes formas. Formas de ilusão.

Quando não conhecemos, deduzimos. E deduzimos sempre alguma coisa que nos convenha, convencemo-nos de algo que nos trará menos confusão ou dor. E quando queremos acreditar, tudo é possível. Independentemente da realidade.

Fica-se assim, aparvalhado com os resultados. Que mais se pode fazer? Rir? Não levar tudo tão a sério. Vistas bem as coisas, tudo poderia ser tão simples, mas nós, seres complexos, cheios de complexos, complicamos tudo. E assim, vamos indo iludidos que está tudo sobre controlo.


Mas afinal quem foi o engraçadinho que deu o nome de cândida a um fungo que gosta de se alojar em vaginas e pénis?