26 fevereiro 2010

Romeiro, quem és tu?

Aquele que anda por montes e vales a seguir a estrela, sou eu mesmo, independentemente do género, da idade, da profissão, da raça. Se não sou eu na plenitude, pelo menos é uma parte de mim, talvez a mais escondida, talvez aquela que gostaria de ser ouvida ou partilhada e que doutra forma não poderia ser, por acharem que sabem quem sou. Ou aqueles que mal me conhecem pensariam que afinal não sou o que parecia ser.

E por isso, muitas vezes, nem sou, porque ser é perigoso, então represento papéis daquilo que espero que esperam de mim. Represento as minhas outras facetas mais aceitáveis socialmente. As que me ensinaram a representar. E represento-as tantas vezes que acabam por se tornar facetas tão vincadas, que muitas vezes acredito que se calhar, até sou aquilo que represento ser.

Mas eu, Romeiro, sem grande preocupação em ser aceite socialmente, sou eu que quero ser como realmente sinto que sou, como uma fagulha que busca o fogo para voltar à terra e tornar-se pinheiro novamente.

Pinheiro manso.

9 comentários:

liberdadenacidade disse...

olá, não sei quem és tu, mas sei que gosto do teu blog. Aderiste aqui há dias ao meu blog: liberdade na cidade, mas agora passou para: tanythings.blogspot.com, gostava que continuasses a ser meu seguidor.

Romeiro disse...

Obrigado, também gostei do teu blog.
Tu conheces-me, mas se calhar pensavas que sabias quem eu era e agora revelo uma faceta que não conhecias. ou se calhar gostas deste blog, porque falo de coisas que já falamos, de músicas que já ouvimos, de um espaço comum no nosso ser.
Quando nos voltarmos a encontrar in loco, mostro-te o Romeiro que já conheces há mais de 10 anos.

Anónimo disse...

Pensei duas vezes antes de invadir o seu espaço, mas este post pareceu-me TAO "nosso"... o que fazemos da vida para sermos aceites e até amados! Um verdadeiro desfilar de máscaras, como se de um carnaval se tratasse esta nossa existência!... Pobres seres humanos que se dizem inteligentes!... Que bom haver pessoas corajosas! Parabéns e um grande bjnho

Nuno Lebreiro disse...

somos o que somos por detrás da superfície mas também somos as máscaras que escolhemos ;)

Romeiro disse...

Quando escrevi sobre quem sou, não pensei propriamente em máscaras. Estava a tentar conhecer-me melhor. Estava a explorar a dimensão do meu ser. Falei de diferentes facetas, representação de papéis e não pensei nas máscaras que vocês comentam (embora há quem as use), porque máscara soa-me a falso. E a verdade é que não quero mentir.
Mas se representar papéis for considerado usar máscaras, então uso-as, mas sempre de olhos a descoberto.

Anónimo disse...

Ainda não muito versado no manuseio desta ferramenta, dei-me inadvertidamente perante textos que me deixaram perplexo, crendo-os meus. Porquê? Porque muitos outros Romeiros - reais o fictícios, parentes ou não pouco monta - terão escrito ou pensado o mesmo. Um exemplo de um Romeiro de um outro tempo e lugar, mudado não diferente:
"Correndo e sofrendo pela noite calada/
Vai o peregrino pela berma da estrada./
Correndo sem rumo e sem norte certo/
Corre com a lembrança dum passado triste/
Corre com a angústia de um futuro incerto./
Correndo e sofrendo, qual cavaleiro errante/
Que só encontra alívio enquanto caminhante./
Correndo e sofrendo, corre em busca de algo/
Que um dia lhe permita chegar a porto salvo.

Romeiro disse...

Bem-vindo Anónimo.
Agradeço o seu comentário que não posso deixar de considerar interessante, embora seja um belo poema que me tenha oferecido, no fundo, não percebo bem a relação que esse Romeiro angustiado, triste e sem rumo tem com o Romeiro que segue a estrela, a estrela no sentido simbólico da alegria do caminho, mesmo com dores, mesmo por vales da morte e desertos de amor.
O único ponto em comum é que somos ambos Romeiros.
O que me diz?

Anónimo disse...

Digo, Romeiro, que este outro peregrino - qual poeta fingidor - não era então nem é agora tão diferente quanto aquele que segue a estrela - homem, mulher? Não sei, sei que esse outro Romeiro do Blogue tem alma de gente com a qual me identifiquei.O então cavaleiro errante aprendiz de filósofo, ainda menino e moço, no dia do aniversário no meio da selva africana e em pleno teatro de guerra - uma e outro então bem reais - porventura inspirado no Santo Antero (o de Quental, naturalmente)denota alguma angústia e tristeza que não o inibem ainda assim de desejar chegar um dia a porto salvo ou seguro...que hoje sabe só alcançará no dia em que partir desta para a outra,de onde ninguém regressou, pese embora alguns dizerem o contrário.
Por isso... ainda:
"Cavalheiro, maior, idade bastante para ter juízo/
Também cavaleiro/
Por vezes errante/
Qual D.Qijote, sem rocinante/
Sempre peregrino/
Ora em quatro rodas por montes e vales/
Ora como do asfalto viajante/
Em Harley tonitroante."
.....
Que meio a sério meio a brincar recenemente escreveu:

"Ferido uma vez mais com golpe certeiro/
O coração do cavaleiro/
Por não mítica Dulcineia/
Volta à carga e galope/
Sancho Pança, D.Quixote/
Sem mula, nem Rocinante/
Que aproveitando o mote/
Esgrime nesta peleja, as armas que sabe usar/
Palavras e versos com um toque de poesia/
e salpicos de ironia/"...
(continua se ocasião se propiciar)

Romeiro disse...

Obrigado, peregrino. Nada mais tenho a acrescentar. Continuemos a Romaria...e que continuem também os poemas!