“Os banqueiros falharam por incompetência”
“- Qual é a sua reacção face à especulação contra os elos fracos da Zona Euro?
- É incrível: as dívidas externas e os défices públicos da Grécia, Portugal, Espanha e Itália são resultado da salvação dos bancos, cujas malfeitorias causaram a crise. E, agora, estas mesmas instituições fazem fortunas mordendo a mão dos seus salvadores!
Mas não devíamos admirar-nos! Não mudaram nem as regras nem as motivações destas instituições. Foi-lhes dado dinheiro barato para fazerem o que queriam, sem limitações, e eles utilizam-nos para maximizar os seus lucros, sem se preocuparem com os custos sociais induzidos.
- A avidez de Wall Street é a única causa da crise? Os reguladores não falharam?
- Escrevi Freefall: Free Markets and the Sinking of the global Economy para sublinhar a responsabilidade primordial dos banqueiros. Não só não fizerem o seu trabalho e destruíram a nossa economia, como fizeram a campanha de atribuir a culpa aos outros. Os banqueiros falharam por incompetência e avidez: puseram em prática um sistema de remunerações que incentiva a assumpção de riscos excessivos e as estratégias a curto prazo. É verdade que os reguladores não impediram os bancos de se portarem mal. Mas quando alguém rouba uma loja, acusamos o ladrão…não a polícia por não estar no local. E os economistas também tiveram um papel importante, ao legitimarem a ideologia da desregulamentação.”
Entrevista a Joseph Stiglitz
Prémio Nobel Economia 2001
in Visão nº888, 11 a 17 Março 2010
Agora contem-me uma novidade. Não é preciso ser Nobel da Economia para perceber o que se passa. Dahhh!
“Mas não devíamos admirar-nos”, diz ele. Devíamos sim! Devíamos mudar o mundo. Para que servem os economistas e os políticos? Sabemos o que se passa e permanecemos impávidos a viver as nossas vidinhas no sistema doente.
Não percebem que a mudança necessária é mais profunda? Uma mudança geral de paradigma.
O Paradigma do Bem Comum.
Fogo à Babilónia!
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