Não gosto de carne. Só a consigo comer
disfarçada de temperos e combinada com outros alimentos que lhe escondam o
sabor. Talvez por ter ficado mais 20 anos sem a consumir.
Mas realmente o que não gosto é de comer
animais tristes, escravos, doentes, com dor e medo.
Ás vezes como carne de cabra velha que viveu
livre a comer ervas, ou de um veado livre e belo caçado por uma bala súbita, ou
de um robalo pescado à linha, ou de um grande frango malcheiroso criado ao ar
livre.
A vida é sagrada.
Quando se mata e come um animal é um acto sagrado
de gratidão pela partilha de energia.
Assim como é quando se comem tomates, maçãs, trigo,
alface e algas.
Assim como também é quando se planta e corta
uma árvore.
O ar e a água são sagrados, assim como o relâmpago
e o vulcão.
Mas quase todos os animais humanos ignoram o
sagrado, o paraíso. Esqueceram-se? Ou ainda não acordaram?
Por isso consumo cada vez menos animais
criados e mortos por humanos ignorantes.
Por isso tenho um jardim com plantas comestíveis
e uns contactos de produção biológica, para
evitar consumir plantas escravizadas, intoxicadas e tristes.
Por isso também evito consumir as químicas dos
humanos porcos, feios e maus, como pastas de dentes com flúor, salsishas
enlatadas, analgésicos e refrigerantes.
Até os musculados salmãos são enjaulados e
drogados com calmantes para não enlouquecerem por não poderem completar o ciclo
sagrado de subir o rio, alimentar os ursos, deixar os seus ovos em lugar seguro
para depois morrer, certamente com sentimento de missão cumprida.
Parte do meu corpo sagrado está intoxicado de dor
e de químicos.
Mas a maior parte do sagrado de mim está a
vibrar com o pulsar da vida, mesmo sendo um animal humano intoxicado a viver num paraíso assombrado pela maldade e a morte.
Será que o bacalhau também é “curado” com sal
marinho refinado?
Chiça! Vou ter que deixar de comer bacalhau?
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