Não paro de me surpreender com a criatividade
humana.
Uns criam automóveis, outros sapatos e roupas,
outros criam vaginas.
Confesso que nunca pensei que pudesse chegar a
ser moda fazer cirurgias às vaginas.
Como é uma vagina bonita?
Rosa, castanha clara, castanha escura ou
vermelha?
Com lábios grossos, finos, longos ou curtos?
Com o clítoris escondido, pequeno, avantajado
ou a florir por entre os lábios...
Com pêlos, lisos, aos caracóis, loiros,
ruivos, sem pêlos, com pêlos em forma de coração?
Não sei.
Como é um pénis bonito?
Para mim, que sou mulher, um pénis bonito é um
pénis que me dê prazer, seja grande (não muito grande, por favor), pequeno, com pêlos,
sem pêlos, torto, mais fino ou mais grosso, com a cabeça grande ou pequena, roxa,
azul, rosa ou vermelha.
Será que a minha vagina é bonita?
Sei lá eu se é bonita, eu gosto dela, com pêlos
e sem pêlos, com a cicatriz que o sistema moderno do bisturi me fez durante os
meus partos.
Que estranho... mamas, rostos, barrigas,
nádegas e agora vaginas.
Que estranha moda, que estranho ideal, que
estranha criatividade.
Serei eu estranha por amar a minha vagina?
Serei eu estranha por estar a perder o
conteúdo das mamas e nádegas que declinam lentamente como um balão que vai
perdendo o ar e apreciar com ternura o meu corpo refletido no espelho?
Serei eu estranha por achar que as minhas
rugas são sinal de vida vivida a rir e a chorar?
Perfeição, boneca cheirosa, a rebolar sobre
saltos, delgada de bunda estufada, vagina rosa sem pêlos, eterna menina, menina
com medo, menina de beicinho a precisar de atenção.
A criatividade humana é ilimitada, uns criam
jardins, outros música, outros criam bonecas de carne e osso com vaginas bonitas.
Projeto "The Vulva Gallery"
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