26 dezembro 2015

Foca-te no positivo II

Deparo-me hoje com esta frase:
"It is better to light a candle than curse the darkness." - Eleanor Roosevelt

E fico aqui a pensar, com surpresa, numa frase que me saiu no outro dia após uma reflexão.

É sempre melhor enaltecer a luz que amaldiçoar as trevas.


Será que já tinha ouvido antes a frase da Senhora Eleanor e ficou gravada, mesmo não me lembrando, um resquício de uma memória colectiva ou criei mesmo uma frase parecida?

13 dezembro 2015

É engraçado termos que dormir


Cansaço, daquele de corpo que sabe bem, depois de um dia de trabalho produtivo e feliz, a imaginar o leito que me espera.
Era somente uma experiência nesta brincadeira da escrita, estava aqui a navegar nas brumas do ócio cibernético e apeteceu-me ver como funcionava um coração mole e uma mente um tanto adormecida…

Vou dormir, é melhor…

26 novembro 2015

Estupefacção

Estou aqui a pensar que é muito surreal aquela declaração da Máfia Italiana se apresentar como solução contra os radicais do Islão.
Nem Fellini se lembraria de tal coisa.

Foca-te no positivo

É sempre melhor enaltecer a luz que amaldiçoar as trevas.

14 novembro 2015

Amor em Mandarim é Ai

Somebody is waiting in the hallway
Somebody is falling down the stairs
Set someone free, break someone's heart
Stand up help us out

Ev'rything is divided
Nothing is complete
Ev'rything looks impressive
Do not be deceived

Bring me a doctor
I have a hole in my head

Making flippy floppy Talking Heads

Orações para os inimigos do amor

Ho'oponopono para aqueles que assassinam pessoas e violam a natureza.


12 novembro 2015

Não há mindfulness que aguente

Tenho andando tão bem, como se toda a desgraça do mundo não fosse grande para me afetar. 
Mas pronto, não sou de ferro, a tal da droga legal, a ritalina, deixou-me de coração partido. 
Os números são assustadores, tanta criança a tomar a droga, sim crianças, é que nem são adolescentes, que até tomam outras. Mas não, são os próprios pais que lhes dão. Aposto que esses mesmos pais fariam um drama se apanhassem um filho ou filha a fumar um charro, ou a ter relações sexuais.

Pois, mas a tal da ritalina é legal, é prescrita pelos Srs. Doutores, aqueles que são amigos da indústria farmacêutica, essa que controla o mundo, já não bastavam os idosos, os adultos stressados, deprimidos e com problemas de sono. Agora são as crianças. 
Ai, que isto está cada vez pior. 
Ai, que o aquecimento global nunca mais derrete as calotas dos polos e inunda esta praga toda. 
Bem, talvez um meteorito resolva de uma vez por todas este inferno, o inferno da vida humana. 
E o Paraíso a ser destruído...

31 outubro 2015

Não sou o que faço

Ser em vez de Fazer. Fazer implica o Ter e Ter não é Ser.

Fazer é útil para ter casa, comida e roupa lavada, mais nada. Mas há muitos que estão a Fazer para ter paz e felicidade. Não há nada que se fazendo traga paz e felicidade. Deve ser por isso que o mundo é louco, deve ser por isso que há guerras, depressão e entretenimento, porque as pessoas andam a Fazer tudo e mais alguma coisa em vez de Ser. Até usam o termo: Fazer amor, andam a fazer amor!? Como é que se faz amor? Para Ser não é preciso Fazer, fazer dinheiro, fazer amor, fazer para ter poder, ter sucesso, ter uma relação. É a vibração da posse, ter, ter, ter e julgam que poderão Ser se tiverem.

As pessoas não conseguem Ser porque andam muito ocupadas a Fazer para Ter, na ilusão que Tendo Serão.


20 outubro 2015

Os óculos

O meu QI não é alto

Dizem os entendidos que o QE é que é

Mas já reparei que poucos entendem o meu sentido de humor.

Pois é, o humor “sério” poucos captam e o meu humor palhaço é que faz rir.

Também gosto de fazer palhaçadas,

Mas gostava de encontrar mais que curtissem o meu humor com desenhos em vez de conceitos, muitas vezes irónico, a roçar no fatalismo, com parábolas de agressividade dissimulada e de uma acutilância desleixada, e que esse humor fosse mote para grandes gargalhadas.

Mas não, porque os desenhos nem sempre se manifestam aos olhos dos outros, a ironia é vista como sarcasmo, as parábolas como ataques pessoais, a acutilância como, sei lá como, e acaba-se em constrangimentos caricatos. Não deixa de ter a sua piada, mas pronto, é fraquito.

Ah, sim, os óculos, pois, esses vêm a propósito de eu estar a começar a precisar de usar uns para ver ao perto e a “piada” de quem tem óculos é mais inteligente, era uma piada para a malta dizer: PDI e por aí afora! E rir!

Pfff…

Espera aí, será que os óculos permitem ver o mundo de outra forma?


Pois sim, de outra forna, vê-se através das lupas. 

05 outubro 2015

"Minha alma é como um pastor"

"Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz

E corre um silêncio pela erva fora."

Alberto Caeiro

04 outubro 2015

Dizem que é mindfulness

Não sei se é da idade ou da experiência em superar crises e renascer cada vez mais forte, só sei que o sofrimento se tornou algo distante, algo que observo a passar pela minha porta, mas que não entra em minha casa. 
É estranho porque vejo o mundo imerso em sofrimento, confusão, solidão, ilusão e eu aqui a rejubilar. Ainda não percebi bem o que está a acontecer, se é uma fase, se construí um mundo à parte ou se é uma nova forma de ser. Não é que me tenha tornado insensível, mas os tormentos já não me atormentam, tudo parece mais fácil, tudo é mais tranquilo, tudo é mais belo. 
Acho um tanto estranho, sim, porque somos educados para sofrer, para ter medo, para ser triste, para ter ansiedades e depressões e eu cada vez me sinto melhor comigo e com enorme gratidão pelas vivências que tenho tido na minha vida. 
Bem, como não posso explicar o que se passa, vou usufruir porque é maravilhosamente bom. 

21 agosto 2015

Mortos-vivos

Morrer para depois ir para o paraíso!?
Já estás no paraíso, mas não te apercebes porque estás a dormir ou morto.

18 julho 2015

Exílio


 Movimentos idealistas baseados na ilusão da Democracia, como a fundação da Comunidade Europeia, não estão livres das regras do Poder do Dinheiro. Em linhas gerais, somente os iludidos, tantos aqueles que se consideram realistas como os mais idealistas acreditam que existe o poder soberano da Nações, dos órgãos de Justiça, a Democracia e a Liberdade e munem-se de Cartas de Direitos, Tratados e Constituições para sustentarem essa ilusão. E justificam os desequilíbrios económicos defendendo que a culpa é de umas insignificantes nações que vivem “acima das possibilidades” como Portugal e a Grécia, e as nações muito desenvolvidas e eficientes como a Alemanha e a França que são as que dominam, e ainda as mais “espertas” como a Inglaterra e a Noruega que parecem não participar nos jogos. Ficando-me pela Europa.

Sou um lunático observador dos movimentos dos mercados, das regras económicas, dos discursos políticos demagogos, das maquinações da burocracia dos governos compostos na sua maioria por advogados que criam leis convenientes, engenheiros que engendram projectos megalómanos e por economistas que se enganam nas contas, dos jogos de interesses duns senhores de negócios e das centenas de opiniões dos vários doutores pensadores sobre estas matérias.

Como cidadão sem pátria, apartidário e cético em relação ao paradigma da política económica parida pela cobiça, mesmo não detendo a retórica dos letrados e a agilidade intelectual capaz de malabarismos conceptuais, detenho um sentido lunático, sim da lua regente das águas, e observo o circo e a palhaçada e farto-me de rir para não me envenenar com a tristeza, a impotência e a raiva.

Este lunático percebe a profundidade do sistema económico elaborado por almas órfãs e corrompidas pela matéria, em que as nações são meras marionetas e o povo, público ofuscado pelos ídolos, a dançarem às regras do um maquiavélico sistema, em que os príncipes filhos do Rei Ouro são os djs que fazem bailar o mundo ao som dos instrumentos de metal.

É assim tão simples? Pois é, tão básico como isso. Mas todos fingem que é tudo muito complicado para não se darem ao trabalho de assumir a responsabilidade. Outros são mesmo ignorantes, pobres inocentes.

São os organismos monetários que comandam a economia do mundo – os FMI, as Troikas, os Bancos Centrais, os ditos grupos económicos e afins da vida - acima da Justiça, acima da soberania das nações, acima do ideal de Democracia, até um dia em que todos os seus castelos com tijolos de ouro derreterem pela acção do Fogo da clarividência e as belas adormecidas acordarem com um beijo mágico do amor.

Às vezes desejo ser um ignorante, estar completamente enganado, ser cego, adormecido e iludido e que mais valia viver numa caverna platónica.

Mas vou deixando-me ficar aqui pela Lua fria e deserta a assistir de longe a este espetáculo circense e só desço à Terra para matar saudades da sua beleza e empreender algumas iniciativas que julgo poderem contribuir para o bem-estar dos meus queridos irmãos humanos, pelo menos são iniciativas feitas com amor, onde a entrega não está diretamente ligada ao retorno financeiro.

A minha fama de socialista, neoliberal, idealista, sonhador, arrogante e daquele que tem a mania que detém a verdade não me afeta, pelos vistos depende do espelho de verdade de cada espectador. 
Afinal, são tantas as famas, em que é que ficamos?
Daí considerar-me um feliz louco leigo lunático e ser somente o amor à Vida e à Natureza, o sentido de missão e sentimento de solidariedade que me mantém em contacto com a Terra.


O resto são “os mercados” a ditar as ordens do dia.

07 julho 2015

Austeridade não, obrigado!


Desde que verifiquei que a política tem uma estreita relação com o poder e como querer ter poder é coisa dos fracos, deixei de me preocupar com as questões de política. Limito-me a observar de longe, para não desligar do mundo, as frivolidades daqueles que lutaram para chegar ao poder, na sua maioria através da malícia e artimanha ou da retórica teórica tão à moda sofista, com pouco sentido prático e genuína intenção de servir os interesses maiores da justiça e da ética.  

Mas esta questão da Grécia deixou-me a pensar, por várias razões.

A primeira razão é sobre a política económica de austeridade. Não tenho nenhum doutoramento em política nem em economia (embora haja um nobel da economia que partilha da mesma opinião da minha ou eu da dele) mas tenho a experiência de vida de quem foi saqueado, sobreviveu e criou novas oportunidades num país vergado às demandas das regras dos credores. Mas não esqueço o que senti na pele! E não posso deixar de constatar que o país onde nasci está enfraquecido, triste e pobre. E também sei que com muitas, muitas, muitas dificuldades se levantará. E não desejo mais austeridade ao próximo, seja ele a Grécia ou outro país mais frágil da comunidade.

A segunda foi o Não da Grécia ao pacto de austeridade que considero um grito de esperança numa política comunitária mais equilibrada. A “atitude” da Grécia pode ser uma oportunidade para fazer reformas estruturais no modelo económico europeu. Pois o modelo atual vê-se que está a esmagar as nações mais frágeis. Não é eficaz nem justo. A Imperialista Alemanha industrializada e moralista e a Rainha França da agricultura e egocêntrica não são as donas da Europa, mas comportam-se como tal, pois são as suas economias e os seus líderes que parecem gerir os órgãos competentes da Europa, como o Banco Central. Afinal quem tem dinheiro manda e a miséria é coisa que nunca experimentaram, por isso não podem avaliar o seu peso, consequências e mazelas, pois só pode saber aquele que a sentiu e não aquele que a pensa.

Outra razão é sobre a diversidade. Cada país tem os seus talentos, as suas capacidades e recursos e a União não pode nivelar essas diferentes características nacionais. Temos uma moeda única, um propósito único de paz, mas somos diferentes e são essas diferenças essenciais para criar riqueza na diversidade sem um ter que esmagar o outro. A ilusão de igualdade não é saudável.

Outra é sobre o que uns andam para aí a dizer, que a Grécia tem que sair do Euro grupo, eu nem tenho palavras para descrever o que penso sobre isto, só posso abreviar que isso seria uma prova que a Comunidade Europeia falhou e nós, Portugal, iríamos ficar Gregos se isso acontecesse. 

E poderia estar aqui a divagar, mas o certo é que tenho que ir dormir pois amanhã é dia de trabalho e acordar para mais um dia a dar graças por o ter.

Votos de juizinho aos Senhores Doutores, aos Senhores da teoria e das folhas de cálculo, que desçam dos seus pedestais da ilusão do poder e ponham as suas cabecinhas pensadoras a criar medidas realísticas e justas.


*Título inspirado na frase “Nuclear não, obrigado!” 
*mas bem poderia ter sido "Austero era o Salazar"

06 junho 2015

Afinal sou rebelde!


“O êxtase é rebelde. Não é revolucionário. O revolucionário quer uma nova estrutura – construída com base em desejos e utopias, mas que não deixa de ser uma estrutura. Quer estar no poder. Quer ser o opressor e não o oprimido; quer ser o explorador e não o explorado; quer ser o governante e o não o governado.
O rebelde não quer nem governar nem ser governado. O rebelde quer que não existam mais governos no mundo. O rebelde é anarquista. O rebelde confia na Natureza e não nas estruturas criadas pelo homem. Ele acredita que, se deixarmos que a Natureza siga o seu rumo, tudo será belo. E é verdade!
O Universo, em toda a sua vastidão, não precisa de um Governo. Os animais, os pássaros, as árvores, tudo no Universo funciona sem ser governado. Porque é que o homem precisa de governos? Alguma coisa deve ter corrido mal.”


Já deveria ter lido Osho mais cedo. Este reconhecimento, esta confirmação daquilo que já sentia sabe tão bem… 

18 maio 2015

Terra dos Sonhos

"De repente percebemos que o Sonho é de facto alcançável. Mas na Terra. No real que antes era um muro. E não fora dele. E quando entendemos que a felicidade, afinal, nunca fugiu. Nós é que fugimos dela. Porque não há nada mais feliz do que estar-se bem com quem se é e com o que se tem. Não querer ser diferente nem ter mais."

Quando li este artigo senti que não estou só, aaah, que maravilha, estamos mesmo a entrar na era de Aquário!

Mais? Aqui

11 maio 2015

O poeta e a poema

"- Porque choras, pai? – perguntou a Dora.
- Não choro, filha, estou a dar de beber a um peixe que existe dentro de mim….
Dora colou-me os braços à volta do pescoço.
- Pai, és um poeta! – murmurou num sorriso.
-E tu um poema, respondi."


João Morgado in Diário dos Infiéis

24 abril 2015

The path less traveled


É tão mais fácil representar um papel que investir no autoconhecimento sem medo de SER.
É tão mais fácil a mediocridade, a lei do menor esforço, a maldade e usar a inteligência para a destruição. É tão mais simples copiar, criticar, mentir e roubar. É tão mais importante ter poder para evitar a sensação de desamparo. É tão mais prático tomar uma substância para aliviar os sintomas. 
É tão menos preocupante não acreditar em nada.

Difícil é Ser-se virtuoso e aceitar o nosso Eu. Difícil, é sentir no coração o amor a Deus, que é o mesmo que dizer: amar todas as coisas da Terra e arredores, inclusive a nós próprios. Custa tanto evitar emoções de medo e não alimentar crenças baseadas na incerteza que querem ter certeza. Cansa tanto pensar… É chato evitar destruir a saúde do corpo cebola. 
É tão árduo usar a inteligência criativa e a humildade e seguir o caminho de uma vida virtuosa.

Por isso quase toda a humanidade escolheu o caminho mais fácil…


Eu escolhi o outro caminho. 

20 abril 2015

A decadência de mais um Império

"Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade
A caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
  
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera

Ninguém te pode ajudar"

Jorge Palma

04 março 2015

A lenda da Árvore e da Terra


O Vento soprava airoso e a Árvore dançava e cantava com ele.
A Árvore repara na Terra abaixo da sua copa frondosa e em tom provocativo pergunta-lhe:
- Então? Não dizes nada? Não fazes nada? Não sabes dançar?
A Terra permanece calada e sem se mover.
A Árvore pensa: Terra estúpida, não sabe o que é vida! Cantar, dar flores e frutos é tão útil e lindo! Dançar ao vento e ver as coisas aqui de cima, de todos os lados, tomar banho de Chuva e comer raios de Sol! Ah! Como é bom ser árvore!
A Árvore continuava alegre da vida a brincar com o Vento, a Chuva e o Sol.
Os seus frutos e folhas caíram em cima da terra que permanecia imóvel e silenciosa.
- Esta Terra é tão taciturna – diz a Árvore irritada em voz alta certo dia.
O Inverno chegou, o Vento ficava mais frio e agressivo, o Sol mais escondido e os seus troncos estavam nus, sentia-se um pouco só e pensou novamente na Terra.
- oh Terra que nada fazes e nada dizes. És tão chata!
A Terra compadece-se do tormento equivocado da Árvore e resolve responder-lhe:
- Querida árvore, cada qual é como é, enquanto tu vês o mundo em diferentes perspetivas e eu só numa, enquanto danças e cantas com o vento, eu estou aqui a receber os teus frutos e folhas e a transforma-los em alimento, com uma pitada dos meus minerais para te dar energia e força para dançares e cantares e para dares lindas flores e doces frutos. Estou aqui por ti, para acalentar e nutrir as tuas raízes e sementes a tornarem-se novas árvores. Estou aqui por mim, porque fico feliz por te ver feliz a dançar e a cantar. Por adorar ver as estrelas por entre os teus braços nus e porque és sempre linda!

A Árvore, muito surpreendida com este relato e tomando consciência que as suas raízes estavam ligadas ao corpo da Terra, aceita essa ligação, não porque se resigna à diferença do caráter da Terra, mas porque soube que só podia ser Árvore graças a ela. 

28 fevereiro 2015

R.I.P.

As minhas avós morreram.
Tiveram longas vidas.
A Mêmê, Lia, a avó paterna nasceu em Lisboa em 1919, filha de famílias dos arredores de Coimbra foi para Paris aos 3 anos de idade. O seu pai era joalheiro e fazia peças para Lalic e outros clientes prestigiados. Na idade escolar foi para um colégio de freiras onde não gostava de dormir. Tornou-se a melhor aluna para poder ir dormir a casa dos pais. Queria estudar medicina.
Uns anos depois, em 1927 nascia em Nova Lisboa, hoje Uambo, a minha avó materna, a Vóvónita, Anita, filha de um emigrante português com uma pobre mulatinha. Como era um homem de bem, foi buscar a filha com 2 anos e enviou-a para a capital do Império viver com os padrinhos abastados a fim de receber a melhor educação. Adorava os padrinhos e vice-versa, patinava com mestria e foi campeã de ténis.
Andavam bem as duas nas suas vidas de estudantes exemplares quando se deu a 2ª guerra mundial. Hitler invade Paris e a Mêmê e a sua mãe apanharam o último comboio que saia de França após a ocupação. Ficou exilada em Portugal, interrompeu os estudos porque não falava português.
O pai da Vóvonita entretanto tinha já casado e com a vida estruturada manda vir a sua filha de 15 anos de volta para Nova Lisboa. Foi o primeiro grande desgosto dela, mal conhecia o pai…
Mas como o universo é generoso, os ventos trouxeram-lhes os seus amores (para sempre) e casaram.
O marido da Mêmê foi construir as fábricas de cimento da Matola em Moçambique durante a década de 50 e foi lá que o meu pai passou a infância. No início de 60 voltam para Portugal indo viver em Oeiras.
A guerra das colónias começou, a Vóvónita cansada das aventuras libidinosas do meu avô, volta à capital em 1962 para criar os seus 5 filhos sozinha, na Parede.
Foi aí, por volta de 1968 que os meus pais se conheceram.
A Mêmê viveu o seu grande amor, 50 anos de vida partilhada com muita alegria e cumplicidade. Viajou pelo mundo, era culta e uma mulher distinta. Uma mãe próxima, avó e bisavó interessada. Uma idosa inspiradora que cantava Edith Piaf nas festas, que tinha mais amigos jovens e que conduziu até aos 90 anos.
A Vóvónita decidiu voltar para Angola em 1970, mas com a guerra mudou-se para o Rio de Janeiro em 1974 e acabou no interior de Minas Gerais. Foi uma empresária de sucesso com clientes em todo o país. Mas nunca mais amou ninguém, embora separados, a família sabe que os avôs nunca deixaram de se amar, continuaram casados durante 50 anos e terem a desculpa para não se comprometerem. Uma mulher elegante, bela "guerreira" e educada. Uma idosa conselheira e viajante, andava sempre a visitar a família e amigos entre estados do Brasil, o Arizona e Portugal.
Por causa da união dos meus pais tornaram-se amigas, não por obrigação ou conveniência, mas porque se admiravam, talvez de tão diferentes que eram uma da outra. Tinham em comum a boa educação, um grande amor e as palavras cruzadas. Acabaram ambas velhinhas a viver com os seus filhos “preferidos” e rodeadas de cuidados, amor e atenção. E morreram no mesmo ano e mês com dois dias de diferença.
E eu perdi as minhas adoradas avós, assim, de acentada, mas aceito com serenidade porque tive relações muito especiais com ambas, contribuíram para moldar a minha peculiar personalidade e fizeram-me muito feliz.
E estava na hora de partirem para outras paragens.

E eu ainda por cá vou ficando, com as minhas memórias, gratidão e amor eterno.

27 fevereiro 2015

Romeiro

É sempre assim, tudo muito intenso. 
Umas vezes penso que é bom, o que seria de uma vida sem grandes aventuras? 
Outras, penso que é demais para o meu coração, como posso aguentar tanta emoção, tantas experiências marcantes? Porque tenho que viver assim tão intensamente? 
Ou é o destino que me dá estes desafios e abanões para não adormecer ou apodrecer nas entranhas da vida vã?

22 janeiro 2015

"To be or not to be"

“We have to dare to be ourselves, however frightening or strange that self may prove to be.”

 May Sarton (1912-1995)