O Vento soprava airoso e a Árvore
dançava e cantava com ele.
A Árvore repara na Terra abaixo
da sua copa frondosa e em tom provocativo pergunta-lhe:
- Então? Não dizes nada? Não
fazes nada? Não sabes dançar?
A Terra permanece calada e sem se
mover.
A Árvore pensa: Terra estúpida,
não sabe o que é vida! Cantar, dar flores e frutos é tão útil e lindo! Dançar
ao vento e ver as coisas aqui de cima, de todos os lados, tomar banho de Chuva
e comer raios de Sol! Ah! Como é bom ser árvore!
A Árvore continuava alegre da
vida a brincar com o Vento, a Chuva e o Sol.
Os seus frutos e folhas caíram em
cima da terra que permanecia imóvel e silenciosa.
- Esta Terra é tão taciturna –
diz a Árvore irritada em voz alta certo dia.
O Inverno chegou, o Vento ficava
mais frio e agressivo, o Sol mais escondido e os seus troncos estavam nus,
sentia-se um pouco só e pensou novamente na Terra.
- oh Terra que nada fazes e nada
dizes. És tão chata!
A Terra compadece-se do tormento
equivocado da Árvore e resolve responder-lhe:
- Querida árvore, cada qual é
como é, enquanto tu vês o mundo em diferentes perspetivas e eu só numa,
enquanto danças e cantas com o vento, eu estou aqui a receber os teus frutos e
folhas e a transforma-los em alimento, com uma pitada dos meus minerais para te
dar energia e força para dançares e cantares e para dares lindas flores e doces frutos. Estou aqui por ti, para acalentar e nutrir as tuas raízes e sementes a tornarem-se novas árvores. Estou aqui por mim, porque fico feliz por te ver
feliz a dançar e a cantar. Por adorar ver as estrelas por entre os teus braços
nus e porque és sempre linda!
A Árvore, muito surpreendida com
este relato e tomando consciência que as suas raízes estavam ligadas ao corpo
da Terra, aceita essa ligação, não porque se resigna à diferença do caráter da
Terra, mas porque soube que só podia ser Árvore graças a ela.
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