Sou um lunático observador dos movimentos dos mercados, das
regras económicas, dos discursos políticos demagogos, das maquinações da
burocracia dos governos compostos na sua maioria por advogados que criam leis convenientes,
engenheiros que engendram projectos megalómanos e por economistas que se
enganam nas contas, dos jogos de interesses duns senhores de negócios e das
centenas de opiniões dos vários doutores pensadores sobre estas matérias.
Como cidadão sem pátria, apartidário e cético em relação ao
paradigma da política económica parida pela cobiça, mesmo não detendo a
retórica dos letrados e a agilidade intelectual capaz de malabarismos
conceptuais, detenho um sentido lunático, sim da lua regente das águas, e observo
o circo e a palhaçada e farto-me de rir para não me envenenar com a tristeza, a
impotência e a raiva.
Este lunático percebe a profundidade do sistema económico
elaborado por almas órfãs e corrompidas pela matéria, em que as nações são
meras marionetas e o povo, público ofuscado pelos ídolos, a dançarem às regras
do um maquiavélico sistema, em que os príncipes filhos do Rei Ouro são os djs
que fazem bailar o mundo ao som dos instrumentos de metal.
É assim tão simples? Pois é, tão básico como isso. Mas todos
fingem que é tudo muito complicado para não se darem ao trabalho de assumir a
responsabilidade. Outros são mesmo ignorantes, pobres inocentes.
São os organismos monetários que comandam a economia do
mundo – os FMI, as Troikas, os Bancos Centrais, os ditos grupos económicos e afins da vida - acima da
Justiça, acima da soberania das nações, acima do ideal de Democracia, até um
dia em que todos os seus castelos com tijolos de ouro derreterem pela acção do
Fogo da clarividência e as belas adormecidas acordarem com um beijo mágico do
amor.
Às vezes desejo ser um ignorante, estar completamente
enganado, ser cego, adormecido e iludido e que mais valia viver numa caverna
platónica.
Mas vou deixando-me ficar aqui pela Lua fria e deserta a
assistir de longe a este espetáculo circense e só desço à Terra para matar
saudades da sua beleza e empreender algumas iniciativas que julgo poderem
contribuir para o bem-estar dos meus queridos irmãos humanos, pelo menos são
iniciativas feitas com amor, onde a entrega não está diretamente ligada ao
retorno financeiro.
A minha fama de socialista, neoliberal, idealista, sonhador,
arrogante e daquele que tem a mania que detém a verdade não me afeta, pelos
vistos depende do espelho de verdade de cada espectador.
Afinal, são tantas as
famas, em que é que ficamos?
Daí considerar-me um feliz louco leigo lunático e ser somente o amor à Vida e à Natureza, o sentido de missão e sentimento de solidariedade que me mantém em contacto com a Terra.
Daí considerar-me um feliz louco leigo lunático e ser somente o amor à Vida e à Natureza, o sentido de missão e sentimento de solidariedade que me mantém em contacto com a Terra.
O resto são “os mercados” a ditar as ordens do dia.
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