Os meus bisavós, avós, pais, tios, primos e amigos foram ou são emigrantes. Casei com um. Eu fui outro. Com esta herança só tenho vontade de voltar a partir.
Estou neste limbo há anos. Se fico ou se vou. Já fui e voltei. Mas agora já não sei se volto a ir ou se fico para que a terra que me pariu não fique estéril de gente com mente e coração, com consciência e integridade. Gente boa, como eu.
Por outro lado, o espírito aventureiro, o ímpeto da peregrinação está-me nos genes e no nome. Sinto-me do mundo.
Mas a minha terra, será sempre a minha terra, por pior que seja, há uma ligação que se sente nas entranhas, uma ligação histórica, cultural, conceptual, emocional, simbólica, espiritual.
Gostava de me abstrair, mas não consigo habituar-me à mediocridade entranhada nas rotinas inconscientes e obsoletas de muitas gentes do meu país. Temo a contaminação. Para mim tem que haver mais vontade, dedicação e mérito, mais ética e consciência colectiva. Preciso de ter oportunidade para realizar, todos os dias, a acção de contribuir, quanto mais não seja, simplesmente, pelo trabalho, reciclar o lixo ou fazer companhia a um idoso no comboio. Por outro lado, sem oportunidades, com a acção abafada pela estupidez, o provincianismo, a injustiça, o preconceito e a pobreza de espírito, fica difícil vingar.
O que posso fazer por ti, meu país?
País invadido pela peste da ganância e do deboche, onde as suas poucas riquezas naturais foram trocadas pelo progresso e agora estão ao Deus dará, onde os seus recursos humanos ou fogem, ou parasitam ou se conformam refugiando-se nas suas zonas de conforto.
Como posso continuar aqui e fazer por mim para ti, meu Portugal?
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