27 novembro 2011

Já não se canta o fado de corpo e alma

No dia 24 de Novembro de 2011, dia de Greve Geral, acordei cedo, trabalhei 4h e às 14h fui para o Marquês de Pombal juntar-me ao povo que sou. Como observador activo fui testemunhar a história de Portugal. A luta dos trabalhadores, estudantes e indignados por um sistema mais justo.
Que história triste, tanto zombie, tanta estupidez e ignorância. Não houve união, os grevistas não se juntaram aos estudantes, indignados e a um punhado de apoiantes bem-intencionados (“categoria” em que me incluía).

Foi um movimento enfraquecido pelos interesses individuais e não potenciado por objectivos colectivos, a prova disso, os trabalhadores de diferentes categorias fraccionaram-se por grupos, todos movidos, simplesmente, pelos seus interesses pessoais. Nem têm a mínima consciência de que é através do colectivo que nos podemos desenvolver e florir como seres individuais, não ao contrário.

Falava-se muito de Liberdade, os líricos relembram sempre a Revolução dos Cravos.

Liberdade, ahahahahahhahah, que otários, sabem lá o que isso é? Pensam que vivem numa democracia, coitados, são escravos das leis do Estado, das leis do capitalismo, da sua ignorância e preguiça, e as únicas oportunidades de materializar o seu poder, exercer os seus direitos consagrados na Instituição, o direito ao voto e o direito à manifestação pública, são usados em vão ou completamente desperdiçados. Quando é hora de votar estão na praia, quando é hora para se manifestar, não se organizam com espírito de união ou aproveitam o mote da greve para não ir trabalhar e curtir mais um feriadito para ir almoçar fora (o restaurante do meu amigo à beira mar estava a abarrotar).

Para um povo medíocre, um governo medíocre, estão feitos um para o outro. Um povo sem consciência do colectivo, sem noção da responsabilidade que a liberdade acarreta, é um povo fraco. Um povo sem cultura de mérito, disciplina, empenho e sentido de união, é um povo sem força. Um povo em águas de bacalhau.

Emoções marcantes; passar os sinais vermelhos na avenida da Liberdade e uma dor no peito provocada pela desilusão.

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