Tive fama de neo-liberal num meio de estudantes maioritariamente com ideais comunistas e socialistas, porque defendia e ainda defendo, um estado mínimo e uma economia livre. No entanto, percebo que essa experiência está longe de ser uma realidade, porque, e simplesmente, os humanos não estão educados para isso. A liberdade impõe maior responsabilidade. O desenvolvimento económico liberal exige ética e sentido de justiça. E embora quase todos saibam distinguir o “bem do mal”, mantém-se um sistema composto por práticas anti-sociais, anti-natureza e anti-economia livre. E os que têm algum poder para mudar, não estão interessados em mudar, porque lhes convém manter o controlo. Estado controlador, cheio de leis, economia despótica, o lucro da soberba como fim último, e mais leis para controlar a tendência para a corrupção da ética, porque no final, o dinheiro traz poder, e o poder traz a ilusão de segurança, nesta realidade violenta, e a “máquina” continua a sustentar este padrão de sistema “esquisito”. Com controlo, leis e mais leis, e a liberdade não passa de um sonho por realizar.
Mas digo, e muitos também o dizem, que para chegar a uma economia livre, o investimento prioritário de todos os governos deveria ser na educação, é um investimento a médio/longo prazo, um investimento nas gerações vindouras. Porque antes dos pinheiros de Leiria servirem para construir as naus que descobriram novos mundos, tiveram de os plantar e esperar no mínimo 20 anos. Na Educação terá de ser assim, um investimento para daqui a 50 anos. Mas como se investe na Educação? Num novo paradigma de educação, a educação para a paz e a justiça? Aí é que jaz a questão, é o que os sistemas político e económico, que estão de mãos dadas, estão muito bem montados para que tudo continue como está, e não dão voz aos “sábios” das nações.
No caso português, que é o exemplo que conheço melhor, é perfeitamente claro que quem tem poder de mudar não quer, nem por sombras. Assim é que se está bem. O que é que os outros (“confiança” internacional) iam dizer!
Mas o “povo” sente que o mundo tem que mudar. Exemplo disso, foi a corrente de esperança que se manifestou no apoio a um candidato à presidência do país mais poderoso do mundo. O slogan “YES, WE CAN!” teve um impacto retumbante nos corações de todos aqueles que acreditam na mudança. Foi um momento de inspiração. O “povo” quer mudar, e embora muitos não tenham a menor ideia de como mudar, sofrem menos do que aqueles que têm ideias e vontade de contribuir para a mudança. Como eu.
Uma boa economia liberal é uma economia baseada na ética e na justiça, todos nós sabemos. Mas por enquanto, a ética e a justiça, são conceitos quase abstractos que muito poucos têm a possibilidade de os pôr em prática.
O meu “consolo” é que estou a educar os meus filhos com base na minha prática, nos meus ideais de paz e justiça. Com isso, espero estar a contribuir para um futuro com uma economia livre e um estado mínimo. É o máximo que posso fazer por agora.
Assim como Da Vinci sonhou em poder voar e alguns séculos depois o seu sonho realizou-se, assim espero que daqui uns tempos, também este meu sonho se realize, juntamente com o sonho de John Lennon.
Ah! Mas a história do neo-liberal. Não, claro que não sou neo-liberal, disso estavam eles enganados e estarão aqueles que o considerarem. Embora tenha ideais político-económicos, não sou nada, mas se tiver que escolher uma caixinha seria, definitivamente, Humanista, no sentido pleno do termo.
E um Humanista não pode estar em paz a viver dentro de um sistema económico doente e muito menos neste modelo perfeito de sociedade imperfeita. O espelho da nossa ignorância.
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