Ah! Como gostaria de estar no meio da multidão, a cantar, a gritar e rejubilar. É uma sensação maravilhosa cantar em uníssono, sentir a energia da multidão inebriada.
Já senti esta sensação durante concertos de música, mas só em concertos de música. Gostaria de a experimentar noutras ocasiões.
Com misto de inveja e desgosto, observei as movimentações de multidões pelas ruas de Portugal, uma para adorar o seu ídolo Benfica e outra para adorar o mais alto representante da Instituição Católica, o Papa.
Desgosto porque não percebo o objectivo de adorar um clube de futebol e continuarem a adorar uma instituição que pouco mais tem a partilhar. O que é que querem que diga? Dá-me um profundo desgosto. Sim, está bem, é importante esquecer por momentos a merda de vida que levam, é o seu momento glorioso de evasão e isso têm direito a gozar. A vida também passa por aí.
Inveja de ver o povo a unir-se. Querem coisa mais linda do que o povo unido por um objectivo, nem que seja por objectivos fúteis ou de “hábito”.
Gostaria de me juntar a uma multidão cheia de vida e cantar por motivos mais “altos”, unir-me à multidão por uma causa, algo que traga a esperança na mudança, algo que leve à rotura deste mundo que não gosto.
Sinto-me tolhido pelo sentimento de impotência perante a realidade que se apresenta, assim, vazia de conteúdo.
O que estarei eu aqui a fazer?
Para sofrer com o que os meus olhos sentem e o meu coração vê?
Mas qual é o objectivo de andar aí a sofrer? Não serve de nada, não passa de um exercício de miserabilidade.
Porquê que não tenho eu um ídolo?
Não seria mais fácil ter um ídolo?
Não, o estúpido do louco teve de ir logo escolher um sonho que a multidão não quer realizar.
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