Por quase todo o lado, aparecem estas questões: música preferida, filme preferido, livro preferido. Como se isso fosse possível! Se é possível para alguns, parabéns! Eu não consigo ser tão minimalista. Para mim são muitas músicas, muitos filmes, muitos livros.
Mas mesmo assim, dei-me ao “trabalho” de fazer a selecção dos preferidos, primeiro os filmes. Depois os álbuns, porque são mais fáceis.
Agora os livros.
Depois de uma pré-adolescência a ler “Os cinco”, “O Astrix”, o “Tintin” e o “Tio Patinhas e Cia”, o primeiro livro a sério que li foi o “O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry. Li-o mais umas 4 /5 vezes desde então. Já o ofereci a diversas pessoas. E irei continuar a oferece-lo e a lê-lo, com certeza. É um livro especial.
Ia eu na marginal de Cascais na direcção de Lisboa, e em Carcavelos, saídos da praia, estava um casal a pedir boleia. Parei e mandei-os entrar. Ele era Italiano e tinha vindo para Portugal para estudar um heterónimo de Fernando Pessoa e começou a citar um verso do “O Guardador de Rebanhos” de Alberto Caeiro. Citava-o com tal amor que os arrepios foram inevitáveis. Como adoro! Em adolescente, lembro-me de fugir para o campo e lê-lo, relê-lo vezes sem conta. Foi o meu primeiro amor literário aos 15 anos. E um amor que continua até os dias de hoje.
Os meus pais tinham um livro de poemas de Bertolt Brecht, de que não me lembro do nome, mas lembro-me de lê-lo diversas vezes. Não sei por anda esse livro, nunca mais o vi.
“A Bíblia” de vários. A Bíblia. Primeiro pela curiosidade, depois por interesse, costumo ler a Bíblia, é um livro interessante de um ponto de vista histórico-filosófico-metafísico. Volta e meia, leio-a. Vezes sem conta, escolho o Livro dos Salmos e acabo sempre por ler o 23.
Independentemente da falta de técnica literária, gostei muito da mensagem do livro “O Alquimista” de Paulo Coelho. Foi graças a esse livro que passei a ter uma perspectiva diferente sobre os sonhos.
Fiquei tão triste com a terrível adaptação do livro “A Casa dos Espíritos” de Isabel Allende para o cinema, e ainda por cima, com um elenco de ouro e gravado em Portugal. Não traduz o livro, nem por sombras. Um livro com uma estética literária belíssima. Gosto muito dos escritores Latino-americanos. Pablo Neruda, Jorge Amado, Gabriel Garcia Marques, Mário de Andrade, Érico Veríssimo.
Um livro que marcou foi “A Insustentável Leveza de Ser” de Kundera. Foi um dos poucos livros que me provocou reacções físicas intensas. E um bom livro é aquele que consegue provocar emoções, boas ou más, que se manifestem também fisicamente.
“O Perfume” de Patrick Suskind também mexeu com os meus sentidos. Eu que tenho o olfacto apurado, comecei a dar por mim a dissecar cheiros e a sentir a cidade mais intensamente. E isso não era tão bom assim, porque os odores da cidade, mistura de petróleo, fritos, odores dos esgotos, cantos do mijo, tabaco, perfumes baratos, e afins, podem causar sério mal-estar. Estive à beira da loucura.
Pelo contrário, “Os Nove Amanhãs” de Isaac Azimov, provocou-me uma torrente de emoções fortes e boas, este livro está muita bom, tão bom, que agora nem consigo tecer nenhum comentário à altura.
“Bichos” de Miguel Torga. Este é o livro pelo qual sinto maior ternura, é de uma singeleza que dói…
Eu, fã de Jesus, quando li o “O Evangelho segundo Jesus Cristo” de José Saramago, achei que finalmente alguém tinha tido a coragem de salvar Jesus da cruz, de uma forma muito arrojada! Fabuloso. Abaixo com o Império Católico Apostólico Romano!
“Assim falou Zaratustra” de Nietzsche, é também afoito. Imaginar a Humanidade Super-Homem!
Estava eu na Faculdade e um professor de Sociologia pediu para escolhermos um livro e explicar o porquê da escolha à luz das análises sociológicas em estudo. É claro que escolhi o “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. Quando fui fazer a apresentação do trabalho sobre o livro, o professor ficou tal entusiasmado com a minha escolha, que quase nem precisei de falar, ele encarregou-se disso e ainda por cima deu-me 18 valores. Mas este livro é incrível, como é que um escritor do princípio dum século previu um mundo que é praticamente o mundo de hoje, 1 século depois? Uma caricatura da sociedade moderna muito bem sacada!
Acabei de ler o “Lobo da Estepe” de Hermann Hesse, era mesmo este livro que precisava de ler neste momento. Era mesmo.
O próximo que irei ler será: “Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll. Conheço a história através do filme animado, e agora estreou outro filme “real” em 3D. Mas o livro deve ser melhor, com certeza.
Este exercício de assinalar os meus preferidos é algo que fica em aberto, inacabado, a estas listas vão juntar-se outros livros, outros discos e filmes.
No fundo, ainda não percebi muito bem porque o faço? Qual o objectivo?
Será a necessidade de fazer estes balanços a influência das plataformas de networking social? Será resultado da dita crise da entrada na meia-idade?
Humm, desculpas esfarrapadas.
É típico do ser humano fazer colecções, para desanuviar...
Afinal, também sou um.
3 comentários:
Olá,
Acho que vou aproveitar algumas das tuas boas sugestões literárias, nomeadamente o Herman Hesse, autor de quem nunca li nada, mas de quem ando curiosa há já algum tempo.
Agora, quanto ao facto de dizeres que nos conhecemos, eu realmente, estou perdida, não vejo quem sejas, desculpa. Também não percebo como sabes quem sou???
Não estarás a fazer confusão?
De qualquer forma isso não é importante, o mais importante é que vamos partilhando estas coisas que nos vão na alma e nas idéias.
Um abraço
Não fiques perdida, não podes imaginar quem sou. quero fazer-te uma surpresa. sei que vais gostar, nem imaginas :-) gosto de ti. Fica bem.
Bem... Já vi que queres aguçar a minha curiosidade!
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