16 setembro 2017

Síndrome de Estocolmo


Dizem alguns que me conhecem que tenho Síndrome de Estocolmo.
Começou com a minha mãe, as imposições dela toldaram a minha liberdade, afastou-me da escola para servir a família.
O padrão repetiu-se com as relações de amizade e amorosas um tanto opressivas, terminando num casamento  tirano e violento, tanto a nível psicológico como físico.
Durante anos estive no limbo entre o ressentimento, a revolta, o sentimento de impotência, a vitimização por um lado e o sentido de missão em servir a família e o próximo e o espírito de liberdade por outro.
Depois destas experiências, descobri que sou livre, livre de escolher o sentido de missão e o espírito de liberdade. O que está à minha volta deixa de ter força,  já não me perturba, escolhi cultivar um carácter humilde e meigo,  o perdão, a solidariedade, a aceitação serena em relação ao que não posso mudar, a apoiar os mais fracos (pois quem oprime está oprimido) e a colher da experiência as coisas úteis, como o espírito de sacrifício, a vontade de estudar, a força de quem resiste às tempestades, a determinação em construir uma vida bela, como se de um oásis se tratasse no meio da miséria, doença e violência.
Claro que perdoo e amo a minha mãe
Claro que perdoo e amo o pai dos meus filhos
A alegria interior é tão mais bela que a mágoa raivosa e frustrada.
Não tenho Síndrome de Estocolmo, não sou uma vítima de maus tratos que compactua com o opressor.
Sou uma alma livre, risonha e linda,
mas muitos não me compreendem, são de opinião que devia contra-atacar, esfolar, prender.
Da última vez que uma prima médica me diagnosticou o tal síndrome, pensei: quiçá tenho é um Síndrome de Seychelles, uma espécie de disfunção que sente a vida mais bela do que de facto ela é.

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