03 junho 2014

Partes do tudo eterno

Pobres daqueles que não sentem ou, no mínimo, não se iludem que são eternos.

Passam por esta vida da matéria a viver na matéria, para e pela matéria. Até a felicidade é material, são felizes quando a vida lhes corre bem, quando têm estímulos externos para o serem. Mas quando se encontram sós sentem-se pequenos e perdidos, a seguir as sombras. Vivem numa agonia e inquietação porque acreditam que um dia tudo vai acabar, quando o corpo por onde viajam perder a forma para dar lugar a outras formas de vida. Pensam que não há mais nada para além da matéria. Pobres coitados...

Andam tão preocupados com um quotidiano seguro, com os feitos da história humana, com as tricas políticas que jogam com a vida de milhões de cidadãos condicionados, com o divertimento, com outros afazeres de acumulação material, que se esquecem de ser mais que um corpo que come e se satisfaz, que se reproduz, que viaja e satisfaz, que compra isto e aquilo, que transforma a terra numa casa, uma pele de animal em casaco, que dá uma foda bem gostosa, que persegue o reconhecimento social, a fama, os vestidos e os relógios especiais e se satisfaz. E os carros? Belas máquinas, não? Verdadeiros brinquedos. Pois, mas isso é somente uma parcela do tudo. É só prazer do corpo de sensações, da razão estética e dogmática, da imaginação e da ilusão. Mas é somente uma parcela engraçada desta experiência divina, a experiência dos seres humanos.

Tudo é tão mais do que o que se vê com os olhos e a razão. Tudo é tão mais do que se sente com o coração.
Como tudo isto funciona é mistério, e o que seria a vida sem mistérios, sem surpresas e descobertas através da eternidade? Não gostam do mistério? Não gostam de descobrir? De aventuras nas estrelas?

A matéria (o corpo) é apenas um veículo que está a passar por aqui. Um recetáculo da energia que anima o universo. Um pedaço de energia que quis ser um ser único. Ter uma identidade que tem consciência de que é um ser.

Que maravilha é viver a eternidade neste corpo de água, ossos e cabelos.


Pena que tenho que levar com os materialistas e pena porque me compadeço. 

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