Irritou-me profundamente quando, na maior manifestação
popular da história de Portugal, vi um jovem vestido de presidiário, aquele às
riscas com boné e tudo, com correntes e algemas e a cara do nosso actual Primeiro
Ministro. Não deveriam ser os outros presos? Aqueles que geriram mal o país, e
que também obtiveram vantagens económicas no exercício dos seus cargos políticos? O
que é que o actual Primeiro Ministro tem a ver com isso? O homem não é um mágico,
muito menos um Deus capaz de realizar milagres e transformar Portugal em 7
dias.
O povo português tem memória curta e vive iludido.
Talvez pela ignorância ou pelo total desprezo pela vida política e económica,
portanto, mal informado e não esclarecido. Dêem-lhe pão e circo!
Mas pior que a memória curta é ficarem com os
olhitos arregalados pelo brilho do ouro. Será herança da velha memória do
colonialismo? Mas “nem tudo que brilha é
ouro” e “as aparências enganam” e já não há colónias, e o povo ofuscado pelo brilho dos carros
prateados, deixou-se iludir pelas manhas do falso progresso. Assim foi ele
a rejubilar com os mestres da lábia, os tais falsos profetas.
Porque se fosses agerrido e determinado como o
touro ou como um galo, símbolo da tua nação, mesmo vaidoso e barulhento, lutarias
até à morte por um ideal, o da causa nacional - a conquista da democracia e de maior justiça social.
Mas não és... e por isso é que tens tido os
governos que mereces e agora estás na falência, consequência da perda de
dignidade!