(Inspirado neste post )
Que a felicidade encontra-se no caminho e não somente no destino e que a satisfação está em jogar e não somente nos resultados, estou de acordo. Na minha perspectiva, escolher acreditar que temos o poder de escolher a felicidade neste jogo (instável, perigoso e, supostamente, de carácter finito) que é a vida, é uma escolha sensata.No entanto, e considerando a vida um jogo, não nasci para ficar no banco dos reservas sem me esforçar só porque a morte há-de vir. Não considero loucura jogar com afinco e perseverança e que qualquer esforço seja inútil e muito menos que seja a salvação aceitar que se está condenado. A vida não é uma sentença de morte. Se assim fosse, mais valia nem nascer.
Que a felicidade seja somente fruto da nossa escolha, também não é assim tão linear. Há circunstâncias da vida em que não há lugar para a escolha, restando a aceitação daquilo que não escolhemos e, eis a virtude, escolher continuar feliz e com fé, mesmo quando as coisas não correm de forma planeada, ou quando perdemos uma etapa do jogo.
Portanto, arrisco considerar que a felicidade reside na noção de processo (e aqui estamos de acordo) que combina a aceitação daquilo que não podemos escolher, a escolha em tornar esta passagem digna de ser vivida e a tranquilidade de que um dia vamos ter oportunidade de descansar quando a morte nos vier buscar.
Porque afinal, jogar com afinco dá lesões e cansa… e a morte, é o prémio merecido pelo brio e esforços empreendidos durante a vida.
4 comentários:
Com todo o respeito, talvez por falta de clareza, não percebeste o ponto do post em que te inspiras: jogar o jogo com afinco e resolução é, precisamente o que advogas e o que o post advoga ("compreender as duas coisas simultaneamente", ali se diz). Não vejo a divergência de opinião.
Penso que a falta de clareza vem do meu lado, porque não consegui demonstrar que o que contestei foi, essencialmente, esta passagem:
“…loucura porque inútil - nada sobreviverá sempre, logo, em última instância, perdemos sempre; salvação porque é a única escolha que permite a felicidade - não pode ser feliz aquele que não aceita que está condenado.”
Jogar a vida com afinco é loucura, porque a morte acaba sempre por vir, e por isso inútil? Perdemos sempre? Salvação é aceitar estar-se condenado? Foi isto que percebi e não gosto.
Mesmo assim, depois destas afirmações um tanto tristes (de tristeza mesmo), conseguiste demonstrar um raio de fé ao acreditar que ainda se pode ser feliz durante o caminho.
E aqui estamos completamente de acordo.
A utilidade pressupõe um fim, ora se o fim não persiste, porque tudo é transitório, e o único "final" que existe é a morte, num sentido abrangente, nunca há verdadeira utilidade. Esta é a condenação de que se fala. Um condenado à morte (todos os seres vivos) corre para quê? Sem sentido não é a loucura que sobra?, diria Nietzsche. Aquilo que, de facto, sobra é o usufruto, ou seja: gozar o processo que é precisamente o que o post diz. Estás a criticar aquilo que o post não diz, advogando precisamente o que o post advoga.
A utilidade tem um fim, o fim de viver o transitório como se fosse algo valoroso. Momentos mágicos e trágicos que constoem a história dos Humanos. Só porque a morte nos espera serena, não quer dizer que seja em vão ou inútil a nossa "obra". As pirâmides estão de pé! A loucura é viver como se fosse a coisa mais útil e com o fim maior, a intensa loucura de fazer parte deste...Plano? Mistério? Aventura? Mesmo que no fim se prove não haver verdadeira utilidade.
Mas não interessam os pressupostos, porque afinal acabamos por advogar o mesmo.
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