Um pai mais velho vivia com o seu jovem filho. Esse filho sonhava um dia vir a ter um cavalo. Sabia que a sua família não tinha condições para comprar um, mas o rapaz não perdia a esperança. Um belo dia, passa um circo com muitos cavalos e instala-se na vila. O rapaz ficou fascinado e comentou com o tratador – Um dia ainda vou ter um cavalo! O homem sorriu e perguntou-lhe: -queres ajudar-me? O rapaz ficou com o circo durante o tempo em que este permaneceu nas redondezas. Não se sabe dizer porquê, mas o tratador deixou um cavalo ao rapaz quando o circo se foi. Os vizinhos comentaram com o pai, - que sorte teve o seu filho! O velho impávido, como se aquilo não tivesse importância, disse displicente: - pode ser sorte, pode ser azar.
O rapaz vivia feliz com o seu cavalo, até que um dia o cavalo desaparece. O rapaz fica de rastos, a vizinhança acorre – que azar, ganhaste um cavalo e agora ele foi-se! O velho não tinha a mesma opinião, e mais uma vez acalmou os ânimos e disse: - pode ser sorte ou azar.
Numa manhã, o rapaz vai ao alpendre da casa e vê o seu cavalo acompanhado de uma égua. Não se pode descrever a sua alegria. A vizinhança veio em peso a aclamar: - que sorte, que sorte! O velho não aparentava qualquer excitação. As pessoas não percebiam, mas mais uma vez disse: - pode ser sorte ou azar.
O rapaz passava horas a cavalgar e crescia feliz até que um dia deu um tombo do cavalo e ficou paralítico das pernas. A sombra da fatalidade cobria o rosto dos vizinhos que vieram cabisbaixos a murmurar – que azar, que azar! Mas o velho acabou por repetir a mesma lenga lenga. As pessoas olhavam-no atónitas sem perceber.
Certo dia, instala-se uma guerra no império e todos os jovens daquela vila são convocados para servir o Imperador. Tragicamente, todos morreram em combate e só sobreviveu o rapaz paralítico que ficou a contemplar o seu casal de cavalos com um potro.
O velho sentia-se feliz por ter seu filho consigo. Mas a aldeia correu a afirmar, o seu filho teve muita sorte em não ter ido para a guerra!
A moral da história é que a sorte e o azar podem ser relativos.
Ou se calhar nem existem.
Não será um mito que um feiticeiro inventou para nos iludir?
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