26 fevereiro 2010

Romeiro, quem és tu?

Aquele que anda por montes e vales a seguir a estrela, sou eu mesmo, independentemente do género, da idade, da profissão, da raça. Se não sou eu na plenitude, pelo menos é uma parte de mim, talvez a mais escondida, talvez aquela que gostaria de ser ouvida ou partilhada e que doutra forma não poderia ser, por acharem que sabem quem sou. Ou aqueles que mal me conhecem pensariam que afinal não sou o que parecia ser.

E por isso, muitas vezes, nem sou, porque ser é perigoso, então represento papéis daquilo que espero que esperam de mim. Represento as minhas outras facetas mais aceitáveis socialmente. As que me ensinaram a representar. E represento-as tantas vezes que acabam por se tornar facetas tão vincadas, que muitas vezes acredito que se calhar, até sou aquilo que represento ser.

Mas eu, Romeiro, sem grande preocupação em ser aceite socialmente, sou eu que quero ser como realmente sinto que sou, como uma fagulha que busca o fogo para voltar à terra e tornar-se pinheiro novamente.

Pinheiro manso.

“Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és”

Os provérbios populares são um acúmulo de sabedoria, baseada nas relações humanas e fixados pela regra. E são realmente sábios. Mas em toda a regra há excepção. Principalmente nos dias de hoje, em que temos a oportunidade de representar diferentes papéis e possibilidade de relacionamento com uma diversificada variedade de estilos de pessoas. Bem, estou a questionar este provérbio, porque pode não ser tão linear assim. Pelo menos “ando” com pessoas de diferentes estilos e com distintos gostos. Muitos dos meus amigos não conhecem outros amigos meus, nem nunca ouviram falar. São pessoas tão diferentes que nem arriscaria a “mistura-los”. Mas afinal, quem sou eu? Será que eu tenho um pouco de cada um? Será que estes diferentes tipos de pessoas com quem ando têm algo em comum? Ou terei eu múltiplas facetas? Multicolor. Agrada-me. Mas se sou um ser assim tão multifacetado, posso saber quem realmente sou?

Será que se pode ir mais longe com este provérbio? “diz-me que música ouves, que filmes vês, que livros lês, dir-te-ei quem és”. Vou pensar nisso noutra altura, já tenho material suficiente para me por a pensar nos próximos dias.

24 fevereiro 2010

Os 12 Fab de Culto

“Cure for Pain” Morphine

"The Koln Concert" Keith Jarret

“Nigth and Day” Joe Jackson

“The Boatman's Call” Nick Cave and the Bad Seeds

“The Ideal Crash!” Deus

“Closer” Joy Division

“Highway to Hell” AC/DC

“Hot Rats” Frank Zappa

“To bring you my love” PJ Harvey

“Into the Labyrinth” Dead Can Dance

“Let Love Rule” Lenny Kravitz

“Fragile” Yes



*

“Nada é impossível de mudar”

“Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar”.


“Jamais Te Amei Tanto”

“Jamais te amei tanto, ma soeur
Como ao te deixar naquele pôr-do-sol
O bosque me engoliu, o bosque azul, ma soeur
Sobre o qual sempre ficavam as estrelas pálidas
No Oeste.
Eu ri bem pouco, não ri, ma soeur
Eu que brincava ao encontro do destino negro -
Enquanto os rostos atrás de mim lentamente
Iam desaparecendo no anoitecer do bosque azul.
Tudo foi belo nessa tarde única, ma soeur
Jamais igual, antes ou depois -
É verdade que me ficaram apenas os pássaros
Que à noite sentem fome no negro céu.”


Bertold Brecht

20 fevereiro 2010

"Metamorfose Ambulante"

"Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Quero dizer agora o oposto do que eu disse antes
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou "estrela" amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um actor

Chato chegar a um objectivo num instante
Quero viver nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Sobre o que é o amor....

Vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Vivo a viver a vida no segundo e no instante
Prefiro ser essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo."

Raul Seixas

14 fevereiro 2010

Sobre o Tempo do Tigre de Metal

O tempo é o tempo que o tempo tem, os seres humanos é que têm formas diferentes de o medir, de o sentir, perceber. Os calendários variam. O Gregoriano, o Muçulmano, o Egípcio, o Chinês, o Maia. Mas qual é que está certo? Certo no sentido de interpretação mais aproximada dos fenómenos do nosso universo.


O tempo como medida parece-me a mim, muito redutor, muito mecânico. O tempo medido a partir do nascimento de profetas parece-me presunçoso, então, resta o tempo do universo, o tempo marcado por encontros energéticos interplanetários. Estes encontros representam mudanças de ciclos energéticos, resultantes da relação astro-físico-química, criando tempos determinados. Das minhas modestas análises sobre o tempo, o tempo terreno e o tempo infinito, tendo a perceber melhor este fenómeno através dos conhecimentos dos povos ancestrais, que embora não “evoluídos na técnica científica positivista”, eram bons conhecedores dos fenómenos da natureza.

Então o tempo não é o mesmo tempo que se costuma medir. É outro tempo. Um tempo que sinto mas não sei definir.
Parece que hoje é tempo de mudança, traduzido em números ocidentais do Gregório, hoje, dia 14 de Fevereiro de 2010 é o dia em que os Orientais comemoram a mudança de mais um ciclo, dentro do ciclo infinito do tempo.

Feliz Ano Novo!

12 fevereiro 2010

Esmeralda

“Ele estava á janela a pensar que tinha que tomar um rumo. Decidir qual o caminho a seguir. Há meses que matutava para encontrar uma forma de se libertar da incerteza, apostar em algo concreto, acreditar e ir. Ir em frente, sem hesitação.


Tinha elegido 3 possíveis rumos. 3 Projectos de vida.

Mergulhar nas profundezas do mundo. Envolver-se em projectos de Empreendedorismo Social nos países do 3º mundo. Era este o projecto preferido. Mas também tinha um senão, levar a família atrás? Porque não? Importa saber se eles querem/podem ir.

O rumo mais difícil, mas não impossível, e por isso elegeu-o, era seguir uma carreira diplomática. Poderia praticar o bem (relações internacionais de paz, justiça social) discretamente e com as “costas quentes”. Até porque nem seria tão perigoso para a família. Mas, não tinha “estudos” para isso…

Desistir de tentar salvar o mundo e tornar-se num lobo dos montes. Ir viver para o Alentejo, ter um trabalho simples, nada de políticas, plantar couves, cebolas, salsa, cenouras, alfaces, morangos e ter laranjeiras, oliveiras e marmeleiros. Ficar com a família numa vida modesta. Mas pensava: “Ficaria o peso de consciência por não ter feito mais nada para além de mim?”

Vai á janela, com um sentir vazio, tão vazio que não há lugar para a ansiedade. Continua na corda bamba, em cima do muro, com a sensação de ser sem sentido, sem rumo.”