23 março 2017

Presa e predador


Tenho em mim um lobo paciente que observa o rebanho, capaz de o atacar e leva-lo a morte certa.
Tenho em mim um corço, que foge para o penhasco e fica entre a vida e a morte nas nuvens, para fugir dos lobos.
Por saber como é ter medo dos lobos, das mandíbulas que rasgam a carótida, evito ser o lobo que também sou, por isso, sou lobo solitário e esfomeado, para deixar viver o belo corço sem medo que também sou.
Sou lobo contido, que busca ser amigável e meigo.
Deixo de ser presa de mim mesmo.
Deixo de ser predador de mim mesmo.

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