É costume dizer-se que uma mulher forte é uma
guerreira. Uma guerreira que anda sempre na luta. Ora, o facto de não querer
andar em guerra, embora tenha algum mau génio, não faz de mim uma pessoa mais
fraca por me recusar ser guerreira. Não sou guerreira, não quero guerra, não
quero andar ao ataque nem na defensiva. Igualmente não luto pela paz, porque
para se ter paz tem que deixar de haver luta, guerra, confronto, conflito. Não
se luta pela paz, não se conquista a paz através da guerra. A paz é para ser vivida sempre que
possível, é para ser praticada todos os dias e em paz.
E o facto de me recusar ser guerreira não quer
dizer que não seja forte, sou forte como uma pedra dura que vai aguentando a pressão,
a erosão. Ás vezes reajo agressivamente, mas não passam de rompantes de
génio, tipo relâmpago seguido de trovão, que depois da chuva dá lugar ao sol.
Sou forte como uma cabra com cascos e cornos rijos
que galga montanhas e arrisca a vida nas alturas, mas singela e tímida, que
nada mais quer senão uma erva verde e a paz do silêncio da montanha,
entrecortado pelo vento.
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