27 janeiro 2013

"Strawberry Fields Forever"

O eu busca no outro algo de si, espera do outro uma combinação de caraterísticas que aprecia, aprova e que estejam em harmonia com aquilo que é, a tal familiaridade que conforta. O outro encerra em si a oportunidade que o eu tem para se desenvolver e ser.

A partilha com o outro é um recurso (emocional, psicológico, material), mas raramente é uma partilha despida de condições. Nas relações mais íntimas a situação piora, o eu relaciona-se com o outro mediante expectativas daquilo que espera do outro como condição para a sua felicidade. Em casos patológicos, instala-se a guerra quando o outro não corresponde ao que é esperado pelo eu intolerante (guerras religiosas, por exemplo). Por isso, são tão difíceis os relacionamentos, sejam amorosos, maternais, fraternais ou sociais.

E por isso, o sofrimento continua, numa roda viva de relacionamentos frustrados, de desapontamentos, porque o eu continua a esperar dos outros aquilo que espera ou julga justo receber e não aquilo que têm,   sabem, conseguem ou podem oferecer. A natureza dos seres humanos, que precisa de se relacionar, está acorrentada ao mundo da ilusão do ego, da idealização do outro, da expectativa. O eu acaba por esperar que o outro seja aquilo que o eu deseja e não aquilo que o outro realmente é.

Posto isto, resta que o eu aprenda a praticar o amor incondicional e só aí poderá ser feliz, porque será o eu na partilha com os outros, independente dos outros. A isso chama-se liberdade! E o eu só é feliz quando é livre!

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