23 outubro 2011

A morte do desejo

O desejo é a fonte de todo o sofrimento. É uma das máximas do Budismo. Pensei sempre que esta postura era limitadora, pois eliminando o desejo tornaria a vivência insípida. De certa forma considerava esta filosofia um tanto covarde, como se estivessem a fugir da vida na sua plenitude. Sempre quis sentir o coração acelerado, ter emoções fortes. Os humanos comprovam que são viciados em realizar desejos e em emoções fortes, como estar loucamente apaixonado, muito “high” com drogas, álcool e festa, assistir a um jogo de futebol ou ver um filme de sexo explícito ou cheio de efeitos especiais, possuir status e honrarias, ter um carro veloz, saltar de pára-quedas ou enfrentar um touro, ser agente do FBI ou um soldado numa guerra, estas e muitas mais emoções fortes são uma constante desejável.

Mas começo a chegar à conclusão que não há emoção forte que supere a tranquilidade e a paz de espírito. O reverso dos desejos não satisfeitos, como a angústia, a frustração, a ansiedade, a insatisfação, a desilusão, o acidente, a dor não compensa. O tormento não compensa. Esta procura incessante não nos leva a lado nenhum.

Chego a uma etapa em que o que menos quero sentir são emoções fortes, quero viver cada dia como se fosse o último, não numa fobia em ser feliz agora e de acções inconsequentes, mas com a atitude de aceitação, sintonia com o fluxo do universo e confiança (isto já é um desejo). Será isto possível, abandonar o desejo? Será que deixarei de ser humano? Tornar-me-ei num ser transcendente, longe das agonias dos sofredores?

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