22 novembro 2008

Liberdade, que já cá cantas!

Ter liberdade é viver sem medo
É viver livre do medo
Sem medo de decidir
Sem medo de errar
Sem medo de sofrer
Ser-se livre é acreditar que vale a pena
A liberdade é a possibilidade de escolher
Escolher sem pressões, sem a aprovação condicional dos outros
É assumir a responsabilidade
Todas as consequências
E se “escolhermos mal”, algo que nos faça sofrer,
Não será mal escolhido, porque também no sofrimento
Há uma vaga libertadora
A chama da aprendizagem!
Ser livre é aceitar o devir
É gerir pacificamente as relações humanas
É usufruir das oportunidades da mudança
E viver na esperança
Estou eu aqui a dizer alguma novidade?

11 novembro 2008

Súplica

“Não adiem a nova primavera
Olhem que ramos tristes, os meus braços!
Trinta invernos a fio, e só dez anos
De rosas de inocência e de perfume!
Lume! Lume é que a vida quer nos ímpetos gelados!
Homens a arder de sonho e de alegria,
Em vez de candelabros de agonia,
Apagados.”

Miguel Torga 1950

09 novembro 2008

Poema sem técnica para uma amiga

Amo-te dez vezes ao quadrado.
E eu que vivo nos anos dois mil
Ter este amor e não o viver
Até parece condição do século passado

Praga, praga desta certeza que não tem fim
Um amor ao sabor de uma vaga
Que te leva para longe mim

Queria eu perder a esperança e não dar atenção
Mas o coração
Segue soberbo em direcção ao tormento
Que desalento…

Carradas, carradas de nuvens
Não há razão que aguente
Porque o meu encontro contigo
Não está na cabeça, mas no ventre

05 novembro 2008

"YES, We Can!"

"What a day, what an incredible day to remember! Whether you're a Democrat, a Republican, an Independent, White, Black, Latino, Native American, Straight, Gay, Christian, Muslim, Jew, a mix of everything or something else, you will probably agree with me: November 4th 2008 was an extraordinary day which will certainly be remembered for a long time. One day, there will be people telling their kids and grand-kids: "I was there and I saw it with my own eyes: November 4, 2008 was the day Barrack Obama became President of the United States of America! Being in France at the moment (I lived in America for seven years), I watched CNN all night, I waited until 5am Paris time for the polls to close on the West Coast to hear the result; then I listened to Senator John McCain's remarkable speech at the Biltmore Hotel in Phoenix, AZ and then of course, I waited impatiently to listen to President OBAMA's speech in Chicago! A wonderful piece of American History in my humble opinion, what a momentum!! What a day... what a day for America and her people, what a day to remember... We all perfectly know that President OBAMA will face daunting challenges, with two wars and the economy in shambles; let's pray for the very best of course and that he will be able to deliver all or most of his promises. Now is the time to transcend all the differences that are dividing us and are throwing the world out of balance, be it difference of opinions, beliefs, faith ... now is the time to focus on everything we have in common, our dream of a better world, a world with more justice, more happiness for the largest possible number of people around the world. Let's unite and work together hand in hand, now is the time... As the founder and chairman of the International Network of Social Entrepreneurs (INSE), I am offering, with my excellent partners Kenn Parks (founder and president of Our One Planet) and Iain MacKenzie (founder and chairman of Results InSight) to collaborate and help President Obama and his administration to get America back on her feet and the world in better order; together, yes we can. O1P/INSE's primary mission is to increase Global Social Responsibility (GSR) worldwide and inspire the largest possible number of entrepreneurs to become social entrepreneurs. Social entrepreneurship has got nothing to do with Socialism, it's actually the opposite: we want the poor to get richer, only rich people can help poor people. We are strong proponents of the capitalist model with the concept of free enterprise which thus far and in spite of the recent turmoil has proven to be the best economic model; however, we are promoting a capitalist model which is more mature, a model where the bottom line is no longer the only thing that matters, we are in favor of globally adopting the concept of "triple bottom-line": People, Planet, Profits -- some people call it "Capitalism with a Conscience", other people call it "Spiritual Capitalism" Whatever you call it, it's the next stage in our evolutionary process and a remedy to all the global issues threatening us and the planet: extreme poverty, destruction of the environment, lack of education. We are contributing to making the world a better place, now and for generations to come; as Kenn says: "we are bringing Love where hate exists, Hope where there is despair, Peace where there is strife, Sustenance where there is hunger, Health where there is disease, Tolerance where there is ignorance, Knowledge where there is lack of education, Respect where there is division and Passion where there is apathy!" Our ultimate objective is to promote a culture of peace and tolerance on Earth where the beauty and diversity of humanity is celebrated everyday instead of being feared. May God Bless America and the American People and all the people around the world that are working toward the edification of a better world now and for generations to come. We are ONE! One family, the Human family... Together, YES we can! And we will... With love, passion, compassion, admiration and gratitude" Christophe Poizat CEO of Our One Planet / INSE Founder & Chairman http://inse.collectivex.com

04 novembro 2008

O desencanto

Crónica “O contador de histórias” por João Aguiar “…um Abominável Homem das Neves. Que chora duas grossas lágrimas. …antes disso tenho que explicar que estou a escrever em plena crise financeira mundial, because Estados Unidos e capitalismo selvagem correlativo. …Ora bem, sucede que esta crise, extremamente irritante para não dizer mais, me leva a outras reflexões … esta crise, muito antes de ser financeira e económica, é mental e ética. Muito certamente, ela não teria acontecido se na sociedade contemporânea houvesse valores éticos e o pensamento dominante fosse outro. Retenham, por favor, esta ideia para avançarmos na direcção do nosso simpático e abominável homem das neves. O Yeti é, aqui, um símbolo. E chora porque o pessoal deixou de acreditar nele. Ao longo de gerações, tiveram-no como um animal simiesco e monstruoso, habitante dos recantos gelados dos Himalaias… Com tanto mistério em seu redor, acabou por tornar-se um abominável simpático. Porém, as expedições científicas e o turismo de grandes alturas, para além de encherem as encostas nevadas com latas de coca-cola, cerveja e outros detritos vários, trouxeram a descrença. Nenhum dado minimamente fiável foi encontrado até à data. Para um Yeti que seja consciente e responsável, esta cessação de existência justifica, naturalmente, todas as lágrimas… O pior é que não só: o abominável não é a única vítima. Hoje, nada é sagrado… …Um autor francês, Marcel Gauchet, publicou recentemente um livro de reflexão histórica chamado Le désenchantement du monde. ….aqui, vou ficar-me pelo título, que contém uma ambiguidade: “désenchantement” pode significar “desencantamento”, no sentido de quebra de feitiço (o sentido que o autor lhe dá), mas também pode significar desencanto, no sentido de desilusão, de perda. Portanto, em vez de falar de desencantamento do mundo – que para Gauchet, é a libertação, a emancipação do homem em relação à natureza e às suas próprias superstições – eu falo, aqui, de desencanto do mundo. …e um tal desencanto é perigoso, porque nos afasta de tudo quanto seja sagrado, ou melhor, neste caso: de tudo quanto seja digno de respeito. O nosso próximo, o ambiente, a paisagem, o planeta. No momento presente, repito, nada é sagrado. Menos que tudo, a honra – e por isso a crise, porque os manipuladores da economia não se preocupam com a honestidade nem com o mal que possam fazer aos outros; menos que tudo, o ambiente a paisagem, o património. Menos que tudo – tudo. Porque “tudo” só serve para levar ao lucro, não importa a que preço. Mesmo ao preço da fome, da doença, do sangue, e até, por que não, do desaparecimento da vida na Terra. ….A ver se não ficamos totalmente yetificados.” “Super Interessante” Novembro 2008.