Música entra e toca, mexe na minha mistura oprimida. Então, estremeço.
Música embala, leva-me aos lugares mais íntimos de mim, dói-me o coração.
Música relembra tudo o que me esqueço e esqueci, estremeço, dói-me o estômago. …
Nunca mais chega a minha Primavera! Estou a hibernar… O violino soa triste, a apelar a algo.
Peito definhado de ansiar, o rosto afina-se e os lábios descaem-se nos cantos. Momento de estagnação, pântano, antro de bichos esquisitos do imaginário. A densidade da inércia… Fuga nestas fúteis palavras que desenho. A música ampara-me, cruel e piedosa. O meu ser chora de olhos secos.
Maio 1998
A lua nasce quente de Verão. O vento vai forte e frio. Dentro de mim um oco, um abandono da vontade de ir em frente e deixar-me morrer de dor infecunda, abrir ferida e lá permanecer, sem me mexer, no meio do sangue.
Junho 1998
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