30 novembro 2018

Os tempos



Quando era adolescente tinha que esperar uma semana para poder ver os telediscos na televisão, e com sorte ver o vídeo mais desejado.
Ouvia os programas de rádio e esperava pacientemente por aquela música.
Gravava cassetes torcendo para que o locutor da rádio não cortasse a música antes de acabar.
Hoje está tudo a um clique de um dedo.
Que impacto terá esta facilidade no desenvolvimento da paciência, na adrelina da antecipação, na alegria da conquista do difícil, na presenverança dos adolescentes de hoje?
Não sei, se calhar nenhum, só os tempos dirão.

28 outubro 2018

Intolerância?


Porque sofro?
Não deveria estar a sofrer.
Se sofrer é desequilíbrio, o que estou eu a não conseguir equilibrar?
Será sencionalismo, e o coiso não é nenhuma ameaça?
Se estou aqui longe, porque me choco com as pessoas que prezo?
Porque não aceito as suas escolhas?
Serei intolerante?
Nas vésperas da eminente vitória de um coiso
Um ser que é estranho, que me incomoda.
O Brasil que moldou a minha adolescência
Um Brasil mudado, agressivo, perdido
Porque sinto tanta dor?

23 setembro 2018

"Orgulho e preconceito"

Observo
E esgueiro-me das caixas
Observo as lutas feministas, as extremistas que competem com os homens, que os tratam de forma desconfiada e por isso não conseguem construir relações confiáveis e duradouras.

E os paradoxos? Tantos, tantos equívocos. Tanta ilusão! Tanta arrogância à mistura com ignorância.
Este assunto é pertinente, pois as sociedades estão em mudança, bem que lenta, mas sempre a mudar.
E umas coisas mudam mal. Ou as melhorias são ofuscadas pelos malefícos. No fundo, nada muda, o peso não deixa ser plena a concretização do ideal de liberdade.
Veja-se:
A mulher mudou as suas práticas, conquistou assentos nas faculdades e postos de trabalho.
Mas na prática o que realmente aconteceu? Acumular tarefas, trabalho + família.
E cuidar do marido e dos filhos é já um grande trabalhão, quiçá o maior e mais importante da vida humana, pois é no berço do amor, do leite e do suporte, ninho onde nasce um ser emocionamelmente forte. Sem família, longe de casa, com leite em pó servido em tetas de borracha, em filinhas a recitar o ABC onde se vai encontrar calor humano? Até os avós e tios e os padrinhos deixaram de andar por perto.
E as mudanças dos homens? Quiçá eles nem se importavam com nada, desde que pudessem continuar a ter sexo em fartura e a semear os seus legados para conquistarem novas terras e novos mercados! Os homens a multiplicarem-se em tarefas familiares e de trabalho? Poucos, principalmente nos países latinos, hindus, budistas e árabes.
É tão engraçado quando as feministas ficam encantadas com um homem que cozinha mesmo muito bem, vais às compras, dá banho aos bebés e passa a roupa a ferro, mas se porventura esse mesmo homem for do tipo controlador, digamos, à moda antiga, ficam todas eriçadas.
Interessante observar, não, não é assim tão interessante quando a sociedade penaliza mulheres que não trabalham, e essa penalização vem principalmente de outras mulheres.
Ficar dependente de um homem, Deus me livre!
Mas esquecem-se que somos todos dependentes uns dos outros, não no sentido de prisão, mas no de cooperação.
Sou uma mulher feminina e de espírito livre, mesmo quando trancada a sete chaves, posso trabalhar ou não, posso ter filhos ou não, posso começar uma carreira aos 30 ou aos 50 anos, posso casar-me e ter o azar de escolher mal, mas resisto, resisto a fazer guerra com os homens. Há homens bons, assim como há mulheres estúpidas como mulas.
O que prezo é o respeito e a liberdade. Respeito é aceitar o outro como ele é e ter o mesmo em retorno, liberdade de escolher livremente se tenho um canudo, se voto, se estou confinada às lides da casa para criar 6 filhos ou se ando a viajar o mundo de mochila às costas a tirar fotografias. Escolher livremente pode ser levar em conta um bom conselho de um amigo ou companheiro de vida quando não se tem ideia melhor.
Cada um é como é, uns gostam de acção, outros de campo, uns de rock, outros de vodka.
É isso, observo e depois vou refletindo sobre o que observo.
E sentindo.
Tantas famílias destruídas, tanta dor, melhorou?
Penso que pouco, a mulher continua a ser sobrecarregada, de trabalhos, de dores, antes por imposição dos homens, hoje por auto-imposição, imposição dos homens e de outras mulheres. A pressão actualmente é muito maior.
Umas vezes sinto-me mesmo triste por tudo isto.
Já tive fama de lésbica porque admiro as mulheres.
Seres tão belos, tão complexos, tão ricos.
Seres que carregam sementes e nutrem com leite novos seres.
Seres intuitivos e imaginativos.
Seres de regaço amplo onde descansam bebés, plantas, jovens, animais e velhos.
Quem me dera ter nascido homem para poder experimentar-te, fecundar-te e proteger.
Por isso observo, e sofro devagarinho, umas vezes intensamente.
Mas continuo a esgueirar-me das caixas.

19 julho 2018

Pedra azul povoada por pedrinhas desejosas


Tu desejas a paz, mas se não acreditas que é possível, não adianta desejar, não acontece, pois o mundo da matéria é estéril. O que move a vida é a energia.
Os teus pensamentos, energia criadora, criam a tua realidade, 
se acreditas que a vida é difícil, estás a moldar as tuas acções e a construir a tua vida assim,  difícil.
Tu és aquilo que acreditas ser, tu és também o que sentes.
Se acreditas que não és capaz, assim será
Se acreditas e sentes firmeza no teu coração, será
Se desejas, mas se o sentir e o acreditar não estão alinhados e firmes, nada acontece.
O desejo sem a energia do coração e do inconsciente em alinhamento é uma quimera, 
como uma fome que nunca é saciada.
O teu problema é o peso da matéria, vês tudo como se fosse matéria.
Como se fosses um pedaço de matéria. 
Sim, tens milhares de átomos, mas o teu corpo é mais “vazio” que cheio.
Esse vazio é a energia que anima o teu corpo
e o universo.
Mas tu desejas possuir, possuir coisas pesadas
És escavo da gravidade
És escravo dos sentidos que desejam ver, tocar, cheirar, ouvir, saborear e possuir.
E sem saber que és mais que desejo
Vives em sofrimento
Sem saber que és também
Energia do verbo
Energia das estrelas
Energia do amor

13 janeiro 2018

Do Inferninho com muito Amor


Há pessoas que não gostam de pessoas
Há pessoas que preferem os animais às pessoas
Há pessoas que infernizam a vida das pessoas
Guerra, mentira, leis, competição
Eu gosto das pessoas
Um misto de compaixão e paixão
Abraço as suas fragilidades
Abraço as suas virtudes
Os dois lados unidos, partes do todo
Escuridão, luminosidade
Magnetismo, electricidade
E aceito as redomas da ilusão
Crio a minha

E aceito.