Estamos vivos, e temos que viver. A minha vida é pautada pela experiência e a emoção que nasce dessa experiência. Muito mais isso que a razão, a teoria, o abstracto. Pelo facto de viver intensamente as emoções que Deus me deu, tenho uma tendência a racionalizar para compreender melhor. Mas o que sinto é tão grande que não se adequa a explicações racionais. Não há imagens, não há palavras. Por isso, muitas vezes sinto-me “out of this picture”, longe da racionalidade dos meus irmãos. Tenho ainda que amadurecer a destreza de gerir a minha grande emoção com a raquítica razão circundante e a minha humilde razão. Se a preguiça der tréguas, talvez busque esse saber. Por agora, a emoção é quem toma conta do meu ser. Os prazeres da carne ainda são os meus preferidos, comer, beber, nadar, beijar, ouvir música e dançar, ter orgasmos, sentir o vento nos cabelos, ver o pôr-do-sol… e também os menos bons de sentir, a ansiedade, a raiva, as lágrimas, o medo, a dor.
E disse-me uma vez um médico, - “fumar não mata, tristeza é que mata”!
De certo que as emoções guiam os seres humanos, se observarmos bem a sociedade, é toda ela emocional (mesmo aqueles que tentam encontrar na racionalidade um refúgio, com as suas teorias, crenças e leis), a racionalidade é só o esqueleto, o resto é o batimento do coração, o sangue nas veias, os órgãos a vibrar, o sopro da vida a bombar. Somos a manifestação emocional do corpo divino. Ele quer sentir a experiência de viver, não ser Verbo somente.
Mas há uma pergunta que nunca me sai da cabeça - Se é assim tão bom viver, sentir, se Deus nos deu esta benção, porque é que tantos andam doentes, sós e vazios? Qual é o objectivo?
E eu, a levar com eles…sem escudo, nem armadura.