17 abril 2010

Ah, mas são falsas!

O maior problema das relações são as expectativas, porque são falsas. O ser humano tem uma tendência para idealizar e esperar algo de alguém que não corresponde ao outro, à realidade. Emaranha-se naquilo que idealiza e nem sequer se dá ao trabalho de conhecer o outro. Pior, nem se dá ao trabalho de se conhecer, porque está muito ocupado em idealizar. Então nas relações amorosas ainda se torna pior, as pessoas têm a tendência em projectar os seus desejos, que por sua vez são baseados nas suas fraquezas ou necessidades, naqueles que julgam ser o/a tal. E desenvolvem enredos totalmente estapafúrdios e depois, partem a cara e mergulham na desilusão.
Estes factos demonstram o quão atrasados estão os seres humanos nas suas relações, principalmente nas amorosas.

No amor universal isso não acontece, porque o outro é simplesmente da forma que é, espontâneo e verdadeiro, e é aceite como é por aquele que o ama. E aquele que ama, não vai estar à espera de nada, portanto, não fica magoado, ou irado, quando o seu amado afinal não tem aquela qualidade que gostaria que tivesse ou não fez aquilo que estava à espera. Se o ama, é simplesmente porque o ama, sem razão, simplesmente porque sim. Não existe uma condição. Existe comunhão, empatia e amor incondicional. É um amor livre, livre de expectativas falsas.
É por isso que são raros os casais felizes, aqueles que são o que são ao lado um do outro, aqueles que têm a capacidade de perdoar os erros, as falhas, e nem tanto por isso, pois não importa, porque o que vale é estar-se bem ao lado daquele alguém, assim, sem razão. E se há aceitação, não há lugar para a discussão.

Mas ainda se sofre da herança cultural dos casamentos de conveniência e casa-se ainda, com a cabeça, em vez do coração e acabam com aquelas típicas frases, - e eu pensava que ele ia mudar; - e afinal ela não era aquilo que julgava ser. Ora, são frases indicadoras de amor condicional, amor baseado na expectativa. Depois quando não correspondem às expectativas, - ai como pude ser tão burra? – Como é que não vi que ela era assim? Não se trata de inteligência ou “visão”. Não se trata de esperar que o outro seja o que gostaríamos que fosse, porque se aquilo que é nos faz mal, se não há harmonia, então não é. Porque o que é, é o amor incondicional, aquele amor que poucos conhecem.

Mas como podem experimentar o amor incondicional, se a maioria está confinada na roda da expectativa, e andam de roda em roda, a rodar até à tontura total, tortura tal, que acabam por se fechar e perder a capacidade de amar por amar? E daí resultam relações ainda mais racionais, controladas, condicionadas.
Pobre mundo perdido, de meninos perdidos, de mentes expectantes, de corações partidos, de lares desfeitos.
A única boa expectativa é viver na esperança de levar uma vida sem expectativas falsas. O que não é nada fácil. Mas é possível.